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                    Com 
                    isso, nós fixamos os fruticultores no campo, agregamos 
                    valor e os preparamos para o mercado. 
                    Uma maneira encontrada para melhorar as condições 
                    dos produtores foi através do GlobalGap, um certificado 
                    internacional que garante a procedência da fruta. Ou 
                    seja, um consumidor estrangeiro tem segurança do produto 
                    que está comprando, se este for certificado com o selo. 
                    O projeto pretende atender 320 produtores de diversas culturas, 
                    como o caqui, o abacaxi e a uva até o final de 2009. 
                    Uma das regiões já atendidas é a de Pilar 
                    do Sul, próximo a Sorocaba, a 102 quilômetros 
                    de São Paulo, capital. Fruticultores, unidos pela Associação 
                    Paulista de Produtores de Caqui (APPC), são beneficiados 
                    pelo projeto e estão conseguindo exportar a fruta para 
                    a Europa. Carlos Akira Morioka possui 3.000 pés de 
                    caqui do tipo foyu (uma variedade mais consistente, parecida 
                    com a maçã) e conseguiu seguir as orientações 
                    do Sebrae-SP para conquista da certificação. 
                    Em 1992 eu comecei a produção de caqui, 
                    conta Akira. Em 2000, eu e outros produtores sentimos 
                    a necessidade de formar uma associação para 
                    aperfeiçoar as práticas e melhorar as condições 
                    de venda. Em 2004, nós vimos que precisávamos 
                    de algo a mais, e isso era o GlobalGap. Diante da necessidade, 
                    os produtores buscaram ajuda de uma consultoria para tentar 
                    a certificação. Quando já estavam em 
                    fase final, mas ainda não tinham todos os requisitos, 
                    o Projeto Fruta Paulista surgiu. 
                    Não vou dizer que começamos do zero, mas 
                    quando o projeto começou, explica Cláudio 
                    Shoiti Ito, produtor e diretor da área de exportação 
                    da APPC, nós tivemos de fazer cursos, oferecidos 
                    pelo Sebrae, de capacitação, de higiene e limpeza, 
                    do uso de EPI [equipamento de proteção individual], 
                    entre outros que são necessários para conseguirmos 
                    o certificado. 
                    Hoje, as fazendas certificadas possuem banheiros na lavoura, 
                    pias para os funcionários lavarem as mãos antes 
                    da colheita, locais apropriados para armazenagem de produtos 
                    químicos e também para manuseio deles. Além 
                    disso, os funcionários recebem treinamentos e orientação 
                    a respeito das boas práticas agrícolas. 
                    A exportação de parte da produção 
                    diminui a concorrência interna dos produtores e eleva 
                    o preço da venda. Nós víamos que 
                    tinham muitos pés de caqui na região, 
                    declara Carlos Akira, e achamos que se não tivéssemos 
                    como escoar essa produção, acabaríamos 
                    com uma forte concorrência entre nós mesmos. 
                    Com certeza os pequenos produtores encontram dificuldades 
                    em realizar todas as mudanças já que o investimento 
                    inicial precisa ser feito. Toda essa mudança 
                    realmente é onerosa. Trazer água potável 
                    até a lavoura não é barato, mas todos 
                    os custos compensam, afirma Shoiti. Hoje nosso 
                    produto tem mais confiança para o consumidor lá 
                    fora, tem mais qualidade, nossos funcionários são 
                    mais capacitados e estamos muito mais organizados em todos 
                    os sentidos. 
                    Sobre a dificuldade dos funcionários em aderirem às 
                    mudanças, os produtores foram enfáticos em dizer 
                    que os empregados ficaram satisfeitos. Eles viram que 
                    a mudança era para melhor, e o quê é para 
                    melhor, todos querem. Então eles gostaram das alterações 
                    que foram propostas nos cursos, comenta Akira. 
                    O produtor diz que a responsabilidade aumenta com a certificação. 
                    Caso a fruta apresente algum problema lá na Europa, 
                    é possível saber de qual produtor ela veio, 
                    quando foi colhida e de qual fileira de pés. Só 
                    não dá pra saber de qual pé foi colhido, 
                    mas tudo isso mostra que as pessoas podem confiar no nosso 
                    trabalho, enfatiza Akira. 
                  Exportação 
                  Outro 
                    produtor que também faz parte da associação 
                    e que está exportando é Paulo Shigueru Toyoda. 
                    Ele possui cinco mil pés de caqui foyu e mais 1.500 
                    de rama forte (variedade mais popular, a qual a consistência 
                    é mole). Com a produção certificada, 
                    Toyoda exporta grande parte, tendo uma preocupação 
                    especial com os frutos. Além das redes protetoras para 
                    que o granizo não destrua a produção, 
                    ele envolve os frutos com papéis para proteger de pássaros 
                    e insetos, além de manter o caqui mais úmido. 
                    Pretendo exportar ainda mais do que exporto hoje, porque 
                    o preço se mantém durante a safra e se paga 
                    muito bem, mas ano a ano vamos aumentando isso, acredita 
                    Toyoda. 
                    Um problema que os agricultores enfrentam é a ausência 
                    de produtos químicos licenciados pelos países 
                    compradores. Há produtos licenciados que não 
                    são vendidos no Brasil, então temos que usar 
                    produtos autorizados por esses países para outras culturas, 
                    para atendermos a necessidade do comparador, explica 
                    Shoiti. 
                    Apesar de ter mais trabalho, o produtor obtém diversos 
                    benefícios com a venda ao mercado europeu. A 
                    exportação é muito boa porque o preço 
                    é o mesmo durante toda a safra. Nós já 
                    sabemos quanto vamos receber por nossas frutas, coisa que 
                    no mercado interno é totalmente o contrário, 
                    já que um dia pode estar com o preço alto e 
                    no outro com preço baixo. Além disso, no exterior 
                    se paga a mesma coisa por frutos grandes e pequenos, já 
                    no Brasil o pagamento é melhor por frutos grandes, 
                    afirma Shoiti. 
                    Além da certificação, o Sebrae contribuiu 
                    com os produtores levando-os a feiras internacionais de frutas. 
                    Em uma delas, Shoiti, o representante de exportação 
                    da APPC, foi à Alemanha a fim de divulgar a fruta, 
                    e deu certo. Nós conseguimos muitos contatos 
                    na feira, apesar dos problemas com a chegada das frutas, que 
                    ocorreu no último dia de exposição, 
                    lembra. 
                    Atualmente, nove produtores estão certificados na região, 
                    mas outros 14 estão aguardando o resultado para receberem 
                    o GlobalGap. O Sebrae realmente está tocando 
                    o projeto para que cada vez os produtores tenham mais condições 
                    de produzir e participar do mercado com qualidade, explica 
                    o coordenador regional do Sebrae de Sorocaba, Eduardo Flud. 
                  O 
                    desenvolvimento da produção 
                   
                    A exportação é muito importante para 
                    a fruticultura e para o Brasil já que 40% dos empregos 
                    no agronegócio são requisitados na produção 
                    de frutas. Em 2008, foram exportadas 888 mil toneladas de 
                    frutas frescas, equivalente a US$ 724 milhões. Os valores 
                    altos referentes à pequena quantidade mostra a importância 
                    do mercado externo. A Inglaterra paga muito bem, mas 
                    o produtor não pode ser só produtor, tem de 
                    ser um empresário já que tem tanta papelada 
                    e burocracia, explica Cláudio Shoiti. 
                    Akira relembra um dos fatores essenciais para que os produtores 
                    atinjam o mercado externo. Agora, sem estarmos juntos 
                    em uma associação não seria possível 
                    exportar, nem conseguir a certificação, 
                    declara Akiri. Shoiti complementa: Juntos nós 
                    temos volume para a exportação, senão, 
                    nós estaríamos vendendo para exportadores e 
                    não direto para os países consumidores. 
                       
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