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                    Na propriedade, Fazenda São Carlos, a produção 
                    de banana Nanica é desenvolvida há mais de 60 
                    anos. 
                    Hoje, são 70 hectares de bananeiras, o que significam 
                    cerca de 150 mil pés, estimando a presença de 
                    220 pés por hectare. Nos últimos oito anos, 
                    Jéferson começou a tomar conta do negócio 
                    e afirma que tinha alguns pés em área de morro, 
                    mas que com o passar dos anos percebeu que não valia 
                    a pena e trocou por palmito pupunha. Calculo que gastávamos 
                    cerca de 40% a mais, contando com adubação a 
                    mais para a região. Além disso, os funcionários 
                    acabam cansando muito e mesmo assim os cachos não eram 
                    tão bons quanto os do terreno plano. Com isso, no momento 
                    de venda eu tinha de abaixar o preço para ter mercado 
                    e acabava desvalorizando os bons cachos, porque o preço 
                    nivelava por baixo, explica Magario. 
                    Mas nesses 60 anos de plantação, a principal 
                    mudança ocorreu no desbaste, que é a poda das 
                    bananeiras. Ao redor de cada pé, nascem outros quatro 
                    ou cinco. Imaginava-se que quanto mais pés, melhor, 
                    já que teriam mais cachos. Mas com o tempo os produtores 
                    observaram que as bananeiras concorriam entre elas para absorver 
                    os nutrientes e caso deixasse apenas uma, os cachos e as bananas 
                    seriam maiores. Antes os bananais eram bem mais densados 
                    (repletos de pés), além da quantidade de cachos, 
                    muitos produtores imaginavam que também teriam mais 
                    matéria orgânica no solo, após a poda. 
                    Mas o tempo mostrou que a falta de luz solar também 
                    atrapalhava o desenvolvimento, então hoje nós 
                    trabalhamos com apenas um pé, afirma Magário. 
                    O engenheiro agrônomo, Agnaldo José de Oliveira, 
                    trabalha na região e afirma que muitos produtores continuam 
                    privilegiando a quantidade do que a qualidade. É 
                    difícil mudar a mentalidade de quem produz banana a 
                    vida inteira de uma maneira. Mas, hoje nós podemos 
                    dar certeza que utilizando a desbasta é realmente mais 
                    rentável. Hoje, nós deixamos cerca de 2,3 metros 
                    de distância entre um pé e outro. É claro 
                    que quanto mais anos se passam, é mais difícil 
                    de deixar o bananal ajeitado, mas é importante que 
                    se tenha essa diferença entre os pés, 
                    explica. 
                    Tomar conta do bananal é fundamental para obter boa 
                    produtividade. Os solos dos bananais são compostos 
                    de muita matéria orgânica, já que todas 
                    as folhas são deixadas ali mesmo e se tornam alimento 
                    para o solo. A única coisa que sai do bananal 
                    é a fruta, o resto vira adubo, uma matéria orgânica 
                    muito boa. A tendência é o solo ficar cada vez 
                    melhor, afirma o produtor Jéferson Magário. 
                    Ao colher o cacho, o produtor pode cortar a parte mais alta 
                    da planta deixando apenas cerca de 1,5 metro (m) da bananeira. 
                    Com isso, essa planta acaba alimentando a que está 
                    ao lado, com toda a água que possui e que com os dias 
                    acaba descendo até a raiz da planta vizinha. Depois 
                    de 15 dias, o ideal é cortar o mais baixo possível 
                    e deixar o toco ali mesmo para se tornar matéria orgânica 
                    para o solo. 
                  As 
                    pragas do bananal 
                  Um 
                    dos maiores problemas em relação às pragas, 
                    enfrentado atualmente no Brasil, é a Sigatoka Negra. 
                    A doença chegou no País em 1998, na Amazônia, 
                    e veio parar aqui no Vale do Ribeira, em 2004. É a 
                    pior praga que temos hoje. Ela ataca as folhas, e como o pé 
                    da bananeira é predominantemente folha, perde-se toda 
                    a estrutura da planta, explica o agrônomo. Oliveira 
                    afirma que a praga queima as folhas e com isso perde-se a 
                    condição de fotossíntese, não 
                    conseguindo transformar a água e os nutrientes do solo 
                    para engordar o cacho. 
                    A praga é um fungo e uma das maiores dificuldades é 
                    que a bananeira precisa das mesmas condições 
                    que o fungo para se desenvolver, calor e umidade, o que dificulta 
                    o controle da praga. Atualmente, os produtores utilizam a 
                    pulverização aérea na região para 
                    controlar a infestação. A última 
                    ferramenta é a química, que é usada quando 
                    a gente detecta que a doença vai estragar a produção. 
                    E isso é feito de forma aérea, a pulverização 
                    aérea utiliza um volume muito reduzido de calda e dá 
                    para colocar o defensivo muito bem na planta, explica 
                    Oliveira. 
                    Segundo o agrônomo, são realizadas de seis a 
                    10 aplicações por ano para controlar a praga 
                    no Brasil. Em países exportadores da fruta, como 
                    a Costa Rica, Honduras e Equador, chega-se a fazer até 
                    60 aplicações. E nós, que fazemos 10% 
                    disso, muitas vezes somos questionados sobre nosso produto, 
                    afirma o engenheiro agrônomo. 
                    Outra praga, inclusive muito parecida com a Sigatoka Negra, 
                    é a Sigatoka Amarela. Essa doença é 
                    antiga, sempre atingiu os bananais, mas nunca causou grandes 
                    prejuízos. Em comparação, a Amarela é 
                    um fusquinha e a Negra é uma Ferrari, argumenta 
                    Oliveira, comparando o avanço entre os fungos. 
                    Uma terceira praga que causa grandes estragos no bananal é 
                    a Broca, que atua no rizoma da planta (área localizada 
                    entre o caule a raiz da bananeira), onde perfura a região 
                    e a planta acaba perdendo a capacidade de fornecer nutrientes 
                    para o cacho, diminuindo assim a produtividade da planta. 
                    A Broca nada mais é que um besouro que bota o ovo na 
                    base do rizoma, e desse ovo eclode uma lagarta que se desenvolve 
                    e ao final vira o besouro novamente. Para controlar a praga, 
                    são feitas armadilhas. Coloca-se o inseticida em uma 
                    bananeira recém-cortada e por cima deixa um pseudocaule. 
                    O besouro irá se alojar entre o caule e o pseudocaule 
                    e ali mesmo acabará morrendo. 
                    Outro problema recorrente são os nematóides, 
                    que atacam as raízes. Eles são vermes microscópios 
                    e causam danos à elas. Como as bases das plantas são 
                    atacadas, elas perdem toda a sustentação e podem 
                    cair, até porque o cacho pesa cerca de 50 quilos (kg) 
                    e fica pendurado por quase seis meses, comenta Oliveira. 
                     
                    Fazenda Tiatâ 
                   
                    Outro produtor também de Sete Barras é Marc 
                    Pierre Medaets, que há 30 anos cultiva a fruta. Com 
                    230 mil pés plantados em 100 hectares, o produtor implantou 
                    na Fazenda Tiatâ, o sistema com cabos na propriedade. 
                    Com isso, as bananas não precisam ser carregadas por 
                    longos caminhos e assim não são machucadas. 
                    A intenção do cabo é diminuir o 
                    manuseio dos cachos, enquanto o pessoal carrega a fruta até 
                    o caminhão. Além disso, tínhamos de ter 
                    estradas para os caminhões passarem por dentro do bananal, 
                    e hoje temos apenas um local para limpar e encaixotar a fruta, 
                    afirma Medaets. 
                    O sistema de cabo na propriedade também foi decorrente 
                    do aumento da qualidade da fruta. Mudou a exigência 
                    do mercado em relação à qualidade e isso 
                    influencia no custo de produtividade. Todos os funcionários 
                    têm curso de manuseio de produtos, tem EPI (equipamento 
                    de proteção individual), lugar próprio 
                    para armazenar defensivos e as embalagens, explica Marc 
                    Medaets. Além disso, os funcionários moram na 
                    propriedade e têm carteira assinada, o que contribui 
                    para melhorar a condição dos trabalhadores e, 
                    consequentemente, a produtividade da fazenda. 
                  Fora 
                    da lavoura 
                    Além dos problemas na lavoura, os produtores sofrem 
                    em outras áreas. Sempre comercializamos banana 
                    por caixa e aí o comerciante ia aumentando o tamanho 
                    da caixa para poder levar mais fruta. De 21 kg de fruta chegou 
                    a 35 kg. E não contente, passou a colocar o alongador, 
                    com a desculpa de proteger a fruta. Aí não tem 
                    fim. E o produtor, quando vai comprar qualquer produto, compra 
                    por quilo ou unidade, explica o agrônomo Agnaldo 
                    Oliveira. 
                    No estado de São Paulo, o governador José Serra 
                    sancionou a lei 13.174 que obriga a comercialização 
                    da banana por peso, o que deverá alterar drasticamente 
                    a condição de venda dos produtores. Nós 
                    ainda continuamos vendendo por caixa, mas estamos aguardando 
                    a regulamentação da lei e de como será 
                    cobrada a multa para que a banana seja vendida por kg. Assim, 
                    cada caixa terá 21 kg cada, no máximo 22 kg 
                    e vai beneficiar e muito a nós, os produtores, 
                    afirma Marc Meadaets. 
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