PERCEVEJO - CONTROLE BIOLÓGICO DE PERCEVEJOS NA SOJA
rev 104 - outubro 2006

A Embrapa está desenvolvendo pesquisas com semioquímicos (feromônios) para controle e monitoramento de percevejos que atuam como pragas na cultura da soja no Brasil. As pesquisas estão sendo conduzidas em parceria com a empresa privada Biocontrole - Métodos de Controle de Pragas Ltda. e vão resultar no desenvolvimento do primeiro produto biológico a base de semioquímicos para o controle do percevejo marrom da soja no Brasil. Miguel Borges, coordenador das pesquisas, acredita que o produto chegue ao mercado ainda este ano.

Segundo o pesquisador, os semioquímicos ocupam hoje cerca de 30% do mercado de biopesticidas no mundo, perdendo apenas para os inseticidas bacterianos e os botânicos.

No Brasil, o mercado de semioquímicos está em franca expansão, com mais de 15 produtos registrados e outros em fase de registro.

Os feromônios são os mais importantes elementos da comunicação entre os insetos. São substâncias químicas de cheiro peculiar, presentes em cada espécie, que atuam como meios de comunicação. Na natureza, os feromônios são responsáveis pela atração de indivíduos da mesma espécie para acasalamento, demarcação de território e outros tipos de comportamento. Os cientistas reproduzem, em laboratório, as condições observadas na natureza para monitorar o comportamento dos insetos-praga e interromper a sua reprodução.

Miguel coloca que no momento os estudos estão mais direcionados para o percevejo marrom da soja (Euchistus heros), mas o objetivo é estendê-los para todo o complexo de percevejos-praga da soja, que inclui também: o percevejo verde (Nezara viridula) ou maria fedida, como é popularmente conhecido, e o percevejo pequeno (Piezodorus guildinii), além das espécies "Thyanta perditor", "Acrosternum impicticorne", "Acrosternum ubicum" e "Dichelops melacanthus" ou barriga verde.

Esses insetos estão entre as piores pragas dessa cultura no Brasil hoje, por se alimentarem diretamente nos grãos, causando sérios prejuízos no rendimento e na qualidade das sementes. Dentre os principais danos, destacam-se: sementes com baixo vigor, menor teor de óleo, além do fato de que os percevejos facilitam a entrada de fungos, que podem causar outras doenças nas plantas.

Adicionalmente aos danos causados na cultura da soja, as mudanças ambientais e comportamentais induzidas pelas modernas práticas agrícolas têm preocupado produtores de algodão, pois durante a colheita da soja é observada uma grande migração dos percevejos para a cultura do algodão, danificando as maçãs do algodoeiro e reduzindo a produção. Essa migração tem ocorrido também para a cultura do milho, especialmente das espécies "N. viridula" e "Dichelops sp.", causando perdas em plantas de milho com até 25 dias de plantio.

O controle biológico das pragas da soja é uma prioridade, segundo Borges, já que essa cultura é de extrema importância para o Brasil, que hoje é o segundo maior produtor mundial, com uma produção de cerca de 60 milhões de toneladas. Mas, futuramente, os estudos com feromônios serão estendidos também para outras culturas agrícolas. Já foram iniciados estudos, em parceria com a Embrapa Acre, para utilização dessas substâncias no controle da broca do cupuaçu em um programa de agricultura familiar denominado RECA (Projeto de Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado).

Estudos estão sendo conduzidos, também, em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão para utilização dessas substâncias no controle do percevejo do colmo do arroz, "Tibraca limbativentris".


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