CAMPOLINA - UM CAVALO A TODA PROVA!
rev 104 - outubro 2006

A XXVI Semana Nacional do Cavalo Campolina agitou o Parque da Gameleira, em Belo Horizonte, Minas Gerais. O evento aconteceu no período de 4 a 9 de setembro e contou com julgamentos, provas de marcha, funcionais e leilões.

De acordo com o Presidente da Associação, Francisco Azevedo, a edição 2006 da Semana Nacional superou as expectativas. “É o meu último ano no mandato perante a Associação e posso dizer que os criadores entenderam a função do nosso cavalo que é o andamento. Demos um show de marcha na Gameleira. Quem gosta de marcha e não veio, perdeu”, afirma. Segundo ele, foram inscritos 525 animais, 127 expositores e 40 cavalos para o Leilão Ouro. “A nossa expectativa era de apenas 400 animais no Parque”, confessa. “O Leilão de Sela contou com 15 eqüinos de altíssima qualidade”, conclui.

Tanto o Leilão de Sela quanto o Leilão Ouro tiveram vendas significativas e comprovaram que o mercado de cavalo no Brasil só tende a aumentar. “O setor está em grande expansão e o mercado está bem aquecido com vendas para todos os estados”, comenta o promotor do Leilão de Ouro Hibipeba, Roberto Siqueira. O leilão movimentou aproximadamente R$ 1,5 milhões e contou com 34 lotes que obtiveram média de R$ 45 mil. “Foram mais de 15 leilões realizados até hoje, todos com sensacional liquidez”, conta.

De acordo com o diretor da Associação do Cavalo Campolina e organizador do Leilão de Sela, Janor Santana, o sucesso do leilão se deve ao porte e a qualidade dos animais. “O nível dos cavalos aumentou. Faltou cavalo para o público que queria comprar”, diz.

Além de comprovar a evolução da raça, o evento encheu os olhos de diversos admiradores e criadores. “Na minha opinião esta foi a melhor Semana Nacional. Não só mostrou a excelência genética da raça, mas também, uma qualidade melhor de andamento do animal”, elogia o criador de São Paulo, Luis Augusto Amaral. Segundo ele, pôde-se constatar uma evolução no que diz respeito ao adestramento dos animais. “As provas novas também auxiliaram a valorizar ainda mais o cavalo”, completa.

Assim como Amaral, outros criadores mostraram-se satisfeitos com o evento. Foi o caso do criador de Belo Horizonte, Eustáquio Maia. “Estamos satisfeitos com o trabalho dos técnicos. Observamos um grande salto da raça tanto no andamento quanto na morfologia”, ressalta. Para o criador do Rio de Janeiro, Cláudio Cunha, a Semana Nacional não deixou nada a desejar. “Estou contente com o evento. Creio que o número de animais irá aumentar significativamente ano que vem”, estima. Além do troféu de melhor criador e expositor de pelagem pampa, Cunha ganhou também, com um animal de sua propriedade, a categoria “Grande Campeã Adulta Pampa”.

A invasão do Campolina – Para uns o Campolina é o cavalo do futuro; outros o consideram como “um animal de boa pisada”. Todavia, o fato é que o mercado campolinista está se expandindo a passos largos. No interior de Pernambuco, onde, por conta da vaquejada, o Quarto de Milha abocanha uma generosa fatia do mercado nordestino, o Campolina surge como uma nova alternativa. “O interior pernambucano descobriu a cavalgada. O Campolina, então, disparou na frente das demais raças por ser o animal mais adequado a este tipo de esporte”, confessa o criador de Pernambuco, Ademar Rimeira. Segundo ele, o nordeste poderá, em breve, ser um dos maiores produtores e centros de criação da raça no Brasil. “Estamos levando animais para o Ceará e abrindo o mercado na Paraíba”, conta.

Na Bahia, o Campolina também marca presença forte. De acordo com o Presidente da Associação Baiana de Cavalo Campolina, Claudemiro Santana, a Bahia faz um trabalho de melhoramento genético há aproximadamente 50 anos. “Os investidores vêem nesta raça o futuro da eqüinocultura no país. Além do mais, o Campolina é um cavalo belíssimo que não perdeu, ao longo do tempo, a qualidade do seu andamento marchado”, diz.

As regras do jogo – Equilibrar beleza e funcionalidade é regra primordial para se ter um cavalo de qualidade. Tais quesitos foram observados na prova de “Melhor Cabeça”. De acordo com um dos juizes do evento, Alessandro Moreira Procópio, diretor do CETERC (Centro de Treinamentos e Estudos da Raça Campolina), um dos pontos avaliados nesta categoria é o formato da cabeça do animal. “Tem que ser em forma de trapézio. A fronte deve ser ampla e plana”, afirma. Segundo ele, observa-se junto a isso a simetria e a harmonia da cabeça em relação ao corpo. “Desta forma, avaliamos o equilíbrio do cavalo”, complementa.

Segundo Procópio, olhos bem abertos e posicionados ampliam a visão do animal e, portanto, “melhora o desempenho de sua função: seja para marchar, passar algum obstáculo, subir morro ou atravessar córregos”, adiciona. Para o juiz da raça, João Pessoa de Souza, há outro detalhe que também é importante na hora da avaliação. “Uma narina mais estreita significa que o animal vai respirar menos e se cansar mais rápido”, explica.

Em primeiro lugar, na categoria de Melhor Cabeça Fêmea Jovem, ficou a potra Querida do Haras Chiribiribinha, de Duas Barras, Rio de Janeiro. Na modalidade de Melhor Cabeça Macho Jovem ficou Sagrado do Campo, do Haras do Campo, RJ. Já o Xá Azul, de Baixa Grande, Bahia, abraçou o título de Melhor Cabeça Macho Sênior. “A preparação para o evento foi intensa, mas valeu a pena. Eu e toda minha família somos amantes da raça Campolina”, conta um dos proprietários do Xá Azul, Mateus Liberato. A Fazenda Dallas em Cachoeiras, RJ, ficou com o prêmio de Melhor Cabeça Fêmea Sênior cuja vencedora foi a égua Ocala da Conceição.

Quem se deu bem na prova de Progênie de Pai foi o cavalo Lanceiro da Conceição, da Fazenda Conceição (RJ). Já na Progênie de Mãe, Lua do Haras Oratório, Macaé, RJ, levou a melhor. “Ela já é tricampeã na modalidade. Agora vamos procurar conquistar o quarto título ano que vem”, diz o proprietário Plínio Siqueira.

Além das modalidades já citadas, houve o Grande Campeonato da Raça Campolina. Quem sentiu novamente o gostinho da vitória foi o proprietário Luis Antônio Tavares, da Fazenda Conceição (RJ). “O investimento é muito grande em trabalho, planejamento, dinheiro e dedicação”, afirma o proprietário de Sadam da Conceição – grande campeão Macho Jovem. Do Haras Top, em Nova Friburgo, RJ, veio a potra Hierarquia Top – a grande campeã na categoria Fêmea Jovem. O troféu de grande campeã da raça adulta fêmea foi a Luz do Oratório, do Haras Oratório, RJ. Já Querosene da Conceição, da Fazenda Conceição, RJ, ficou com o título de grande campeão da raça adulta macho.

Na modalidade “O Grande Marchador” quem conquistou o título foi a égua Madona do Cerradão, de Ouro Preto, MG. “Foi uma preparação feita com muita seriedade e dedicação”, comenta o expositor da grande marchadora, Gabriel Luciano Correa de Souza. De acordo com o juiz Paulo Roberto Ribeiro, para vencer a prova de marcha o animal precisa ter mais do que um andar marchado. “Avaliamos a comodidade, o estilo, o rendimento, a resistência e a regularidade em pista desses animais”, diz. A comodidade é um fator de extrema importância já que 40% do peso do julgamento recai sobre ela.

Na marcha, segundo ele, o cavalo não pode perder o contato com o solo. “Não há momento de elevação como no trote e, sim, tríplice apoio”, conta. O porte e o estilo do Campolina também são elementos que contam pontos expressivos. “Tudo isso dá beleza e nobreza ao cavalo”, conclui.


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