PECUÁRIA - UM MANUAL PARA BOAS PRÁTICAS DE MANEJO
rev 103 - setembro 2006

A Fort Dodge, em parceria com a Unesp lançaram um Guia de Boas Práticas no Manejo, a fim de orientar desde trabalhadores de campo até fazendeiros na atividade pecuária. “A Fort Dodge já trabalhava com o profissional do campo na área de sanidade através do Programa PROCURe, e, como a Unesp também estava realizando um trabalho de validação das boas práticas de manejo, resolvemos nos juntar”, explica o gerente de produtos da empresa, Cleber Silva.

O manual promete orientar tanto os trabalhadores do campo quanto os fazendeiros e “possui uma linguagem simples, direta e objetiva”, diz o professor de etologia e bem-estar animal da Unesp de Jaboticabal, Mateus Paranhos da Costa.

Baseado em estudos que visam entender o comportamento dos animais em relação ao homem e ao ambiente, o guia ensina técnicas de manejo para que haja maior qualidade no sistema de criação. “Quando conhecemos a natureza do animal, o manejo torna-se menos agressivo. Com isso, é possível diminuir o estresse animal”, explica Paranhos.

O primeiro volume do manual (de um total de 10) fala sobre o manejo de bezerros ao nascimento. De acordo com a pesquisadora do programa de pós-graduação em genética e melhoramento animal da Unesp, Anita Schmidek, o problema de mortalidade dos bezerros acontecia nas primeiras semanas de vida e estava associado a uma resposta imune ineficiente. “Eram bezerros com problemas de diarréia e pneumonia”, revela.

Segundo a pesquisadora, foram aproximadamente 10 anos de estudos e pesquisas antes da publicação do guia. Para Mateus Paranhos, a condição para o bezerro adquirir imunidade está relacionada à agilidade com que o animal consegue dar a primeira mamada. “Com o colostro da mãe, ele se protege contra agentes externos”, afirma. Segundo ele, “mais importante do que ter um bezerro pesado, é ter um bezerro”. Os estudos foram fundamentados em visitas de pesquisadores da Unesp e da Fort Dodge às fazendas. Testemunhos de trabalhadores do campo e pesquisas científicas encorparam o projeto do guia.

Através das pesquisas foi possível detectar as principais causas de óbitos. Observou-se que os motivos estavam atrelados a problemas genéticos dos bezerros, imunização inadequada, mamada mal feita ou insuficiente, acidentes (buracos, cercas, cobras, etc), temperatura do ambiente, intervenção humana e predadores. “Agentes como cães e urubus podem atrasar a primeira mamada e até matar o animal”, alerta Paranhos. Segundo ele, fatores como bezerros fracos, vacas inexperientes, tetas grandes e a umidade do ar também podem atrasar a primeira mamada.

De acordo com Anita Schmidek, muitos pecuaristas, apesar de conscientes, ignoram a real importância de um bom manejo. “Muitas vezes as pessoas nem sabem quantos bezerros nasceram ou morreram. Há casos em que as informações são coletadas erroneamente ou, então, os homens do campo botam a culpa em animais como a cobra. Deste jeito fica difícil encontrar qual é o ponto crítico do problema”, comenta. A fim de evitar casos de morte, Ana diz que é essencial que os profissionais do campo registrem problemas como dificuldade de parto, baixa habilidade materna, tetos grandes e falhas na primeira mamada. “É sempre bom ter um materneiro, uma pessoa que goste de cuidar de bezerros e anote todos os problemas que acontecem desde o nascimento até a desmama”, aconselha.

O futuro do guia

O segundo volume será sobre a vacinação. O lançamento está previsto para o final de setembro. O de desmama será o terceiro e deve ser publicado até o final deste ano”, adianta Paranhos. Segundo ele, assuntos como manejo no curral e no confinamento já estão cotados para as publicações futuras. “Pretendemos, em um prazo de 2 anos, completar os 10 volumes propostos”, estima.

De acordo com Celso Silva, o material será distribuído gratuitamente e estará disponível nos sites da Unesp e da Fort Dodge. “O interessado deverá se cadastrar e, a partir daí, receberá um e-book (livro eletrônico) em formato PDF”, avisa. O gerente de produtos da Fort Dodge afirma também que alguns exemplares estarão disponíveis na editora FUNEP (Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Extensão da Unesp). A primeira tiragem será de aproximadamente 2.000 exemplares. “Queremos direcionar o material para quem realmente irá utilizá-lo”, enfatiza.


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