BOI VERDE - TERMINAR A PASTO PARA O MERCADO INTERNACIONAL
rev 102 - agosto 2006

O baixo teor de gordura e a riqueza da carne estreitam o relacionamento deste bovino com o mercado mundial. E por exigir pouco investimento e oferecer melhor qualidade de vida, chama, respectivamente, a atenção de produtores e do homem moderno. Segundo o sócio do Grupo Nelore Mocho Noroeste, SP, Bruno Mário Toldi, as bandeiras da saúde e do bem estar mostram-se, cada vez mais, presentes na vida das pessoas.

“Uma grande preocupação de uns tempos pra cá é de que todos os produtos, não só a carne, sejam o mais natural possível”, diz. De acordo com ele, o Boi Verde caminha ao lado deste propósito. “A carne é mais saudável e, por não se usar ração com subprodutos de origem animal, evita-se doenças como a vaca louca”, ressalta.

O potencial de exportação aumenta ao passo que esta espécie de carne é vista com bons olhos pelo consumidor. Segundo o sócio do Grupo Noroeste, o Brasil é o maior exportador do mundo. “De uns 3 anos para cá passamos a Austrália e os Estados Unidos”, conta. Ele ainda diz que a Austrália era o maior exportador mundial exportando 95% de sua produção. “O Brasil passou a ser o primeiro exportando apenas 20%”, completa.

Com a tecnologia, o avanço da pecuária nos últimos anos foi impressionante. O que antes demorava 4 anos, hoje é possível terminar um garrote em 24 meses. “O objetivo do pecuarista, atualmente, é que o seu produto fique pronto o mais rápido possível para que se inicie um novo ciclo”, explica Toldi. Para ele, produzir um bovino em 2 anos somente a base de pastagem é um ótimo negócio. “As pastagens tecnificadas ou rotacionadas permitem que se termine um boi mais rápido. Isso é excepcional”, diz.

Terra e pastagem são elementos básicos que permitem a criação do Boi Verde, contudo, a falta de recursos e a baixa tecnologia afetam o resultado final. “Um produtor pequeno, provavelmente, não vai poder investir em um sistema rotacionado nem em adubação de pastagens”, fala Toldi. Todavia, é possível afirmar que, mesmo com poucos recursos, o homem do campo pode sim ter um pequeno pasto e criar menos cabeças com um resultado mais demorado.

Momento crítico

A estiagem abate os campos e pode comprometer um rebanho caso não haja estratégias para reverter a situação. O Boi Verde, por se alimentar 90% de capim, sofre com a seca e corre o risco de perder peso e padronização.

Na Unidade Demonstrativa do Grupo Nelore Mocho Noroeste Tortuga, em Coroados, SP, é necessário trabalhar com alta tecnologia de pastagem para produzir o Boi de Capim. “Os espaços são todos rotacionados”, afirma Bruno Toldi. Segundo ele, quando a época da seca chega é necessário fazer uma suplementação com produtos que foram produzidos na propriedade. “Usamos silagem de capim, sorgo e milho cuja produção é feita na época das águas”, conta. Normalmente adiciona-se uma pequena quantidade de protéico, como farelos de milho e soja, nas silagens. “Fazemos isso para as categorias mais exigentes. Os demais bois são tratados apenas com o volumoso”, diz.

Para Toldi o tratamento contra a seca começa no final de Junho e vai, por vezes, até início de outubro. Quando as chuvas retornam, o capim recupera o valor nutritivo e o boi verde volta a se alimentar naturalmente.

O gado pode ficar em pasto rotacionado. Em terras mais caras, é possível, dentro deste sistema, manter e, até mesmo expandir, o número de cabeças em uma área menor. No entanto, a lotação aperta e na seca, a suplementação é essencial.

De olho aberto

Há duas fases de extrema importância na criação dos bovinos: a desmama e a estação de monta. “A desmama é uma fase que requer muita atenção. É a fase da recria”, alerta Toldi. Segundo ele, é nesta etapa que os bezerros saem da condição natural de aleitamento e passam a enfrentar as condições rústicas do campo. “Os bezerros precisam de uma boa mineralização e de um capim de qualidade”, afirma.

Na fase de recria, muitos produtores reservam as melhores pastagens da fazenda a fim de evitar o efeito boi-sanfona. “Deixamos as pastagens mais tenras para os bezerros para que eles não voltem para trás e emagreçam”, explica. O gado novo, após a desmama, deve ganhar no mínimo 200 gramas/dia. Depois do processo de engorda, há o acabamento do animal para o abate.

A estação de monta é uma etapa importante para o pecuarista. É através dela que o rebanho se renova e uma nova ‘safra’ surge. “Esta fase permite que as vacas sejam inseminadas dentro de um período de 90 a 120 dias”, conta Toldi. De acordo com ele, este método permite que todos os nascimentos e as mudanças de categoria aconteçam na mesma época. “Isso facilita muito o manejo de uma propriedade”, comenta.

Na estiagem, as vacas devem se preparar para a estação de monta. “Elas comem um mineral adequado aliado a boas pastagens”, diz. Este procedimento aumenta o índice de fertilidade do animal.


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