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PASTO ADUBADO: PASTO FARTO MELHORA PRODUÇÃO
rev 101 - julho 2006

Em projetos de produção pecuária tanto de corte como de leite que têm nas pastagens a principal fonte de alimentação do rebanho, as perdas de nutrientes por decorrência da exploração intensiva do solo são demasiadamente grandes. Sendo assim, a reposição desses nutrientes é uma necessidade para garantir a produção de massa-seca, fator determinante na produtividade do rebanho.

As pastagens tropicais apresentam ótimas respostas à fertilização, conforme mostram os trabalhos realizados pela EMBRAPA- Pecuária Sudeste. Por conta desses resultados o uso de fertilização está gradativamente se intensificando nas fazendas, principalmente, aquelas que mantém altas taxas de ocupação animal, acima de 2,5 UA/ha/ano (média da época seca e da época chuvosa).

De acordo com a pesquisadora Patrícia Perondi Anchão Oliveira, responsável pela área de forragicultura da Embrapa Pecuária Sudeste as pastagens necessitam do fornecimento equilibrado de macro e micronutrientes para se desenvolverem. Dentre os nutrientes, o nitrogênio é o que elas usam em maior quantidade e atualmente sua deficiência é apontada como a causa inicial do processo de degradação das pastagens. E não basta aplicar o nitrogênio ao solo. Para que haja seu máximo aproveitamento e consequente sucesso de um programa de fertilização de pastagens há necessidade de se fornecer todos os nutrientes em deficiência na dose e forma adequada. O que torna imprescindível à coleta da amostra de solo, a análise química do mesmo e a ajuda de um profissional especializado para recomendar a adubação e correção do solo das pastagens.

Sua reposição, entretanto, pode ser feita de diferentes formas. Desde fertilizantes orgânicos até o uso de fertilizantes minerais, caso da uréia, do sulfato de amônio e do nitrato de amônio, que podem ser aplicados diretamente sobre a pastagem. Estudos realizados em áreas de capim Tanzânia, onde se usou a adubação nitrogenada, mostrou um crescimento na produção animal para patamares de até 1000 Kg/ha/ano de carcaça.

A forma de aplicação depende do tipo de rebanho e da extensão do projeto. Nas fazendas de pecuária de corte que usam piquetes de dimensões maiores é necessário o uso de máquinas para se fazer aplicação a lanço. Em propriedades de menor tamanho e/ou em fazendas de produção leiteira a aplicação é feita, normalmente, no sistema manual porque os piquetes são menores.

A quantidade de fertilizante nitrogenado usado vai depender de vários fatores, como a fertilidade inicial do solo, principalmente em relação ao teor de matéria-orgânica, a quantidade de animais que irão se alimentar daquele pasto, a espécie forrageira e as condições climáticas. Desta forma, as doses podem variar de 100 a 800 kg/ha/ano de nitrogênio em função dos fatores biológicos citados anteriormente. Entretanto, vale lembrar que uma análise econômica de custo:benefício é importante, principalmente para as doses mais elevadas.

Dentro do ano, existem algumas épocas que favorecem o uso da adubação nitrogenada. Isso porque a presença de calor, temperaturas mínimas acima dos 15 ºC, a ocorrência de precipitações ou irrigação para manter a umidade e luminosidade adequada são fundamentais para que adubação dê resultado. Para medir essa variação de temperatura é indicado que o produtor tenha um termômetro de máxima e mínima e que ele faça as medições diárias. O trabalho na fazenda experimental da Embrapa observou-se que, na região de São Carlos, para áreas de sequeiro, as adubações começavam em meados de outubro e se estendiam até fins de março. Já nas áreas que recebem irrigação artificial a adubação pode começar em agosto, quando ainda não existe chuva, mais a temperatura já está dentro do exigido, explica Patrícia Anchão.

Nos sistemas de pasto intensivo rotacionado é comum os animais ficarem de um a sete dias num mesmo piquete, para depois serem levados a outro pasto. Logo após a saída dos animais do piquete é o momento de entrar com a adubação nitrogenada, pois, é fundamental que o piquete tenha sido pastejado.

Com a adoção da fertilização das pastagens, a melhora na produtividade é sensível em dois pontos cruciais do processo produtivo, destaca a pesquisadora. O primeiro acontece pelo aumento na produtividade da espécie forrageira, que melhora sensivelmente sua produção de massa verde. Outro ponto importante é a qualidade nutritiva da forrageira que melhora com a maior quantidade do nutriente presente no solo. Em projetos que mantinham produção regular de 3 mil litros de leite/ha/ano, após o uso de um programa de fertilização, com manejo correto da planta forrageira, esse número subiu para 20 mil litros de leite/ha/ano, lembra a pesquisadora que fala sobre a altura do capim após o pastejo no momento de fazer a adubação, devendo variar entre 15cm e 30 cm após o pastejo, e 20 cm dependendo da espécie forrageira. “Todos esses detalhes é que garantem a eficiência da adubação nitrogenada”, explica.


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