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SIMENTAL - A CASA DO SIMENTAL SUL-AFRICANO
rev 100 - junho 2006

Peça chave nesse projeto audacioso Antônio Carlos Pinheiro Machado Junior, atual diretor técnico da AgroZurita é co-responsável pelo sucesso da parceira envolvendo a Agropecuária Zurita e o Simental de linhagem sul-africana. Junior, como é conhecido entre os amigos, foi o responsável pela escolha, compra e importação do primeiro animal sul-africano para o Brasil, o touro Bar 5 Vuurslag. Hoje, passados mais de cinco anos e após acumular inúmeras conquistas e títulos dentro do circuito pecuário brasileiro, canadense e norte-americano, além do prestigio entre os principais selecionadores de Simental do mundo, o técnico diz sem pestanejar: a aposta valeu a pena.

A trajetória vitoriosa da Agrozurita, entretanto, foi construída com muito trabalho e olhar clinico para identificar dentro dos leilões no Canadá, EUA e África do Sul, as melhores linhagens e os indivíduos que realmente poderiam somar dentro do plantel de seleção da Agrozurita, enfatiza Junior.

Em agosto de 2001, em disputa acirrada que envolveu criadores de quatro países, a Agrozurita adquire o touro Bar 5 Kalgery 402 J, animal que teve um papel importante na popularização da genética sul africana no Brasil, pela rápida disseminação do seu sêmen. Ainda em 2001, Vuurlag, Kalgery e um lote de fêmeas, chegaram à fazenda Belmonte, em Araras, SP, marcando o primeiro desembarque de animais dessa linhagem em terras brasileiras, lembra Junior. Do Canadá, em abril de 2002, veio Bar 5 Mr. Optimal, o touro que, pouco tempo depois, se tornaria o primeiro animal brasileiro vendido num consórcio que envolveu importantes empresários, totalizando US$ 1 milhão.

A parceria firmada entre a Agropecuária Zurita com os criatórios Bar 5 Stock Farms, no Canadá e Toverbug Simmentales, na África do Sul, inicia uma nova fase na seleção do Simental de linhagem sul-africana. O acordo proporcionou aos três países trocar conhecimentos e material genético, tornando o projeto da Agrozurita mais global. O diretor técnico lembra que foi fundamental, num primeiro momento, mapear todas as principais bases genéticas da linhagem sul-africana pelo mundo. “A partir daí o negócio foi correr o mundo atrás desses animais”, disse.

Fechada uma parceria de exclusividade com criatório Buzzard Hollow Ranch, no Texas, EUA, negócio esse que envolveu a comercialização de animais, sêmen e embriões, a Agrozurita abre mais uma fronteira para consolidar seu negócio na esfera global. Hoje, a criação da Agrozurita, mantém uma base fixa no Canadá, EUA e Brasil, importando e exportando material genético, num intercâmbio que não para de crescer.

Atrás de tecnologia

A procura por novas linhagens e por animais de genética superior é um trabalho constante, diz Junior, lembrado que o sucesso da primeira geração de animais sul-africanos fez a demanda pela genética aumentar também nos outros países. Em setembro de 2003, o reprodutor Bhr Bantu é comprado por preço recorde num leilão nos EUA. Dois meses depois o touro é analisado por um central de inseminação daquele país, para coleta e sexagem do sêmen.

Em dezembro do mesmo ao Agrozurita entra na era da biotecnologia, através do programa “GeneStar” que por análises de laboratório testa o material genético dos melhores reprodutores do plantel. Isso significou um divisor de águas para os planos futuros do criatório de se tornar também um produtor de carne de padrão diferenciado. A identificação dos gens relacionados à maciez e o marmoreio da carne, proporcionou uma seleção baseada não mais no “achismo”, mas em dados científicos de animais portadores dessa genética” destaca o diretor técnico do projeto.

O ano de 2004 começa com mais uma inovação da Agrozurita, que cria seu programa de fidelidade que oferece vantagens e bonificações para clientes regulares. A busca por tecnologias inovadoras fez o criador se tornar o primeiro pecuarista brasileiro a criar um clone, da fêmea Lady Kyaroo. Em fevereiro de 2005, atendendo uma solicitação da Genétic Resources International, o sêmen de BNR Bantu é exportado para o México, Guatemala, Panamá e Colômbia.

A importância do trabalho em equipe

O trabalho da equipe da Agrozurita, formada por peões de campo e profissionais da área de medicina veterinária, zootecnia e engenharia agrônoma faz toda a diferença para consolidar o sucesso do projeto destaca Junior. “Sem eles, a eficiência conseguida nos trabalhos não seria possível” enfatiza. Para isso o investimento na contratação de mão-de-obra qualificada e capacitação técnica dos profissionais envolvidos sempre foi uma prioridade da administração.

As mais de 400 cabeças que formam o plantel da fazenda Belmonte, principal núcleo genético da Agrozurita no Brasil, recebem tratamento diferenciado. A estrutura montada para abrigar os animais foi planejada para garantir toda a eficiência e facilidade ao manejo. A parte nutricional segue recomendações técnicas. Como o forte da fazenda é a transferência de embriões, grande parte do plantel é de bezerros, com idade entre zero e sete meses. Eles recebem uma mamada controlada, duas vezes por dia, e uma ração específica que atende as necessidades de cada fase do desenvolvimento.

A habilidade materna da fêmea Simental, aliada a um manejo nutricional adequado proporciona uma desmama aos 240 dias, com peso médio para fêmeas de 324 quilos e 350 quilos para os machos, destaca o médico veterinário Alberto Agostini Netto, responsável pela parte de registro de animais na Associação Brasileira dos Criadores de Simental e Simbrasil. Na parte sanitária todos os protocolos são rigorosamente mantidos, incluindo, também, as vacinas reprodutivas, usadas para potencializar os índices de concepção das fêmeas, explica Netto.

Segundo ele, essa é uma etapa importante, pois, é quando os técnicos resolvem qual o destino de cada animal dentro do projeto. As fêmeas que mostram potencial para se tornar doadoras, permanecem na fazenda e as demais seguem para abastecer os outros projetos em andamento. Com os machos acontece à mesma coisa. Os reprodutores classificados na seleção são incorporados à cabeceira do plantel da fazenda.

Agrozurita cria grife de carne

Num acordo recente firmado com o confinamento do frigorífico Bertin, para confinar animais ½ sangue Simental sul-africano x Nelore e abate-los entre 13 e 14 meses,a Agrozurita abre uma nova frente de atuação no mercado da pecuária de corte, produzir carne diferenciada, através do cruzamento industrial. Os primeiros resultados desse trabalho, que já envolve dezenas de parceiros e mais de 10 mil vacas inseminadas, foi avaliado num abate técnico, realizado na unidade do frigorífico Bertin, na cidade Lins, SP.

O lote de 46 animais ½ sangue da Agrozurita, divididos em 25 machos e 21 fêmeas, eram todos filhos de Bar 5 Vuurslag, foram desmamados e enviados ao confinamento. Por 139 dias eles permaneceram confinados recebendo bagaço de cana-de-açúcar hidrolisada, polpa cítrica e núcleo de minerais, alimentação de custo relativamente baixo, explica Netto.

Os machos abatidos com 13,5 meses marcaram peso médio de carcaça de 240,42 Kg (16,03@). As fêmeas abatidas com 13 meses e 28 dias, tiveram peso de carcaça de 201,31 KG (13,42@). O rendimento de carcaça dos animais atingiu picos de 62,7% para os machos e 58,3% para as fêmeas. Segundo Junior um fato que merece especial atenção é que do total de animais abatidos, 98% atingiram conta Hilton para exportação.

Por conta dos resultados do confinamento e do número crescente de parcerias firmadas nos últimos tempos para produção desses animais, a Agrozurita intensifica também seu trabalho de base. A técnica de Transferência de Embriões (TE), foi intensificada na fazenda Belmonte e também o número de fêmeas inseminadas com sêmen Simental sul-africano. Netto mostra que, em 2005, nasceram na fazenda, cerca de 125 bezerros frutos de TE, com embriões importados do Canadá, Eua e também produzidos no Brasil. Este ano a idéia é dobrar esse número, chegando até dezembro, com 250 partos efetuados.

Leilão inovação: um capítulo à parte

A idéia de reunir amigos, parceiros e clientes para tratar de negócios de um jeito descontraído, fez nascer um dos leilões mais badalados dos últimos tempos na raça Simental. A presença de personalidades do meio político, artistas e intelectuais, além da presença maciça da imprensa, faz do leilão Inovação, um acontecimento especial dentro do segmento pecuário. Para os visitantes é uma oportunidade de passar momentos agradáveis na fazenda e ainda fechar bons negócios, destaca o diretor técnico da Agrozurita, para quem a fazenda Belmonte é uma vitrine permanente da genética sul-africana.

E assim tem sido ao longo desses quatros anos que o leilão é realizado na sede da Agrozurita, em Araras, SP. Desde a sua primeira edição, realizada em 2003, o evento tem batido sucessivos recordes de vendas e participação. A venda do touro Bar 5 MR. Optimal, num consórcio que envolveu três grandes empresários do ramo da comunicação, totalizou US$ 1 milhão de dólares.

Um ano depois, no mês de março, no auge de suas realizações, a Agrozurita recebe centenas de pessoas para a segunda edição do leilão Inovação Simental sul-africano. Na ocasião estiveram presentes á fazenda Belmonte, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Roberto Rodrigues e ilustres convidados. Pela primeira vez no Brasil, foi leiloado um clone de animal, Lady Kiaroo da Zurita cl-1, e animais com DNA analisado para maciez de carne marmoreio.

O primeiro leilão de prenhezes Simental, realizado no hotel Unique, em São Paulo, teve a presença da embaixadora da África do Sul e, pela primeira vez clientes da Agrozurita participaram como vendedores. O terceiro ano do leilão também teve media excepcionais para os lotes vendidos, com destaque para o touro King of África, animal recordista de preço para animais da sua idade, adquirido pelo cantor Roberto Carlos e que permanece sendo cuidado na sede da Agrozurita. O segundo leilão prenhezes Simental sul-africano, manteve a escrita do ano anterior e marcou vendas excepcionais.

No leilão Inovação 2006, o quarto realizado na fazenda Belmonte, o criador colocou à venda 25 animais da cabeceira do plantel e um lote extra de 11 novilhas, todas da seleção da Agrozurita. Entre as fêmeas, o animal de maior destaque foi Bar 5 Lady Siska 443L, vaca que recém completou cinco anos, vendida por R$ 1.632 milhão, para o rei Roberto Carlos, que adquiriu o lote em conjunto com seu empresário Dody Sirena. A venda superou todos os recordes da raça Simental e também do criatório.

Através de uma deferência especial da Agrozurita, que inicialmente havia colocado apenas 50% dos direitos à venda, o animal foi cem por cento vendido. “Por se tratar do rei Roberto Carlos, um cliente antigo da Agrozurita e muito feliz com a parceria, nós autorizamos à venda”, disse Ivan Zurita ao final da festa. A única exigência do vendedor foi não incluir na venda a progênie que a fêmea carrega do touro Mr.Optimal. “Lady Siska tem uma genética reconhecida em diversos países do mundo, sendo considerada uma matriz completa”, completa.

Outro animal que foi destaque no remate é o reprodutor Fort Knox da Zurita, touro que está prestes a completar um ano de vida e que já tem seu valor reconhecido, comprado por 16 parcelas de R$ 21,5 mil. O comprador, Marcio Mesquita Serva, pró-reitor da Universidade de Marília (Unimar) adquiriu 50% do reprodutor, num total R$ 404 mil. O retorno de metade do investimento foi garantido no ato da compra pela Agrozurita, com a compra de R$ 200 mil em doses sêmen. Junior destaca a importância do jovem reprodutor, “ Fort Knox será um dos touros utilizados no programa de qualidade da carne e por isso seu sêmen é tão importante”.

Outras celebridades também estiveram presentes ao leilão Inovação deste ano. Foi o caso dos apresentadores Ana Maria Braga, Hebe amargo, Marilia Gabriela, Carlos Massa (Ratinho) e do humorista Tom Cavalcante. A totalização dos negócios foi de R$ 5,69 milhão, com uma média individual de R$ 227,84 mil.


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