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UMA RECEITA SIMPLES
rev 72 - dezembro 2003

Os resultados obtidos no confinamento e no abate técnico promovido pelo criatório em parceria com a Marca Agropecuária confirmam o acerto no desenvolvimento do projeto.

A Ipameri Agropecuária realizou no dia 6 de novembro, em parceria com a Marca Agropecuária, de Barra do Garças (MT), um abate técnico de animais superprecoces, Canchim x Nelore. Os 137 novilhos que foram levados para o abate, tiveram o acompanhamento do professor da faculdade de zootecnia e engenharia de alimentos da USP de Pirassununga (SP), Albino Luchiari Filho, que destacou, logo em primeira analise, a uniformidade dos animais quanto ao acabamento de carcaça e cobertura de gordura.

Os animais foram abatidos inteiros com idade entre 14 e 16 meses, pesando em média 17 @ e 3 quilos de peso vivo. O rendimento de carcaça dos animais atingiu 56,6% na média geral, sendo classificadas como excepcional pelo professor. Os resultados das analises de área de olho de lombo ficaram, na média, em 81 cm, espessura de gordura de 4,1 mm e ph em 5,8, realizadas após 24 horas de resfriamento, em 27 carcaças, que atestaram a qualidade da carne para atender aos rigorosos padrões exigidos para exportações. Segundo o especialista, existe uma preocupação muito grande dos pecuaristas brasileiros na produção do superprecoce no que se refere a utilização de animais não castrados. No entanto Luchiari aponta para os resultados apresentados, mostrando que o manejo nutricional for adequado, o criador tem um animal inteiro com acabamento de gordura e carcaça 560 padrão exportação.

João Paulo Marques Canto Porto, proprietário da Ipameri Agropecuária, disse que a fórmula para produção do novilho super-precoce é simples. O Modelo Kenia, como o criador gosta de denominar, consiste em utilizar os melhores produtos oriundos dos cruzamentos de touros Canchim com vaca Nelore ou fêmeas F1 (canchim x Nelore) e vaca 3/4 Canchim 1/4 Nelore com touros Nelore. O criador se entusiasma com a realidade de se pegar um touro Canchim comercial, criado exclusivamente a campo, com baixo custo de manutenção, e colocá-lo na vacada anelorada, e no final conseguir resultados da envergadura apresentada neste abate técnico. É, no mínimo, muito animador, afirma Porto, garantido que a parceria Canchim X Nelore é sucesso garantido para produzir novilhos superprecoces totalmente a campo, conclui.

Antonio Donizete da Silva, gerente da Ipameri Agropecuária e responsável técnico pelas fazendas Kênia de Barra do Garças (MT), Fazenda Santa Helena de Jussara (GO), fala que o manejo utilizado durante o sistema de cria também é bastante simples. Os animais começam logo no segundo mês de vida no sistema de creep-feeding, permanecendo até a desmama, próxima aos 240 de vida. Silva que os 400 bezerros saíram da fazenda com um peso médio de 250kg, e isso só foi possível porque o manejo foi aplicado corretamente. Além da estrutura, que deve ser adaptada de forma que somente os bezerros tenham acesso que somente os bezerros tenham acesso ao creep, o manejo precisa ser conduzido com dedicação por parte da equipe da fazenda. Os bezerros precisam ser ensinados a comer dias do creeping fechar a vacada juntamente com bezerros duas horas por dia na área de lazer onde se localizam os cochos do creeping, sal e bebedouros.

De acordo com Eduardo Alves de Moura, proprietário do confinamento Marca Agropecuária, os animais da Ipameri chegaram no dia 14 de julho pesando em média 252 quilos. Os novilhos ficaram confinados por 140 dias, recebendo durante esse período três formulações diferentes de ração. O consumo de matéria seca (MS/dia) por animal foi de 8,5 Kg. para um ganho de peso diário de 1,5 Kg. na média. A conversão alimentar dos animais foi de 5,5 kg./MS/ dia por quilo de peso vivo adquirido. Isso, segundo o responsável pelo confinamento é de 8 a 10 quilos de comida para cada 1 quilo de peso vivo produzido.

Moura fala ainda que a participação do Marca no projeto do superprecoce não é funcionar como boitel, e sim, pegar o animal na sua melhor fase de conversão alimentar, aplicar a ração corretamente, assim que ele atingir as condições de peso e acabamento exigidas pelos frigoríficos obter ganhos substanciais para ambas as partes: Na parceria, o único investimento do pecuarista é o animal, que passa por uma avaliação e se estiver em condições para ser trabalhado vira capital do criador no negócio. O Marca entra com a estrutura do confinamento e a alimentação adequada. Quando o animal é abatido, apura-se o resultado e divide-se proporcionalmente, explica Moura.

Antonio Carlos Silveira, professor da Unesp de Botucatu (SP), e proprietário da Nutrumin Nutrição Animal, empresa responsável pela orientação da formulação das dietas dos superprecoces, explica que os animais jovens e recém apartados, ao chegarem no confinamento precisam passar por um processo de adaptação para amenizar os efeitos do estresse. Nesta fase, a ração oferecida aos bezerros precisa ser mais rica em proteínas, favorecendo o desenvolvimento corporal no animal. No caso da Marca, o professor diz que a ração inicial tinha cerca de 16% de proteínas e uma proporção de 30% de volumoso, que pode ser silagem de sorgo, milho, aveia, por 70% de concentrado. Silveira explica que cada fase do processo dura em média 45 dias. Na dieta intermediária a quantidade de silagem sobe para 77% e 23% de concentrado e a quantidade de proteína baixa para 14%. Já na fase de terminação é necessário oferecer aos animais o máximo de energia possível. Para isso é oferecida aos animais uma ração com 82% de concentrado (energia), 18% de volumoso e 11% de proteína.

Para o professor, no cruzamento industrial é muito importante que o criador direcione seu trabalho no sentido de saber exatamente qual o seu objetivo final. Se for produzir superprecoce, é aplicar o creep e, assim que o animal desmamar, vai direto para o confinamento. Eliminando a fase da recria, que só serve para aumentar custos no processo de produção, o criador aumenta sua taxa de desfrute na propriedade, o que permite a ele um giro mais rápido do capital investido.

A Ipameri Agropecuária mantém atualmente na Fazenda Kenia, dentro de uma área de 3 mil hectares totalmente utilizada com produção pecuária, um plantel de aproximadamente 4.500 cabeças de gado comercial provenientes do cruzamento Canchim X Nelore. A propriedade possui 80% de suas pastagens cultivadas com braquiarão, e possui um sistema de irrigação com pivô central com área de 120 hectares. De acordo com o administrador da fazenda embaixo do pivô são mantidos cerca de 2 mil cabeças divididas em diferentes categorias. Além da produção do superprecoce a Ipameri mantém trabalhos de seleção com machos e fêmeas das raças Canchim e Nelore que servem de base genética para os projetos que são mantidos pela, tanto na Kenia como na fazenda Santa Helena, no município de Jussara (GO).

Antonio Donizete conta que a estação de monta na fazenda acontece de novembro a janeiro, de onde provem a quase que a totalidade dos animais que servirão para abastecer os projetos de superprecoces em 2004.

A desmama vai então para o confinamento (80%) e o restante para o pivot, ficando assim a totalidade da fazenda direcionada á atividade de cria, o que permitiu um grande aumento na produção de bezerros. No gado de seleção os touros que se destacam no testes de performance a campo, também realizado pela Ipameri, são em parte selecionados para cobertura do gado comercial nas fazendas ou selecionados para fazer parte do Leilão Canchim Ipameri, que todos os anos é realizado no mês de agosto, na cidade de Mogi Mirim.(SP).


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