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PASTO SAUDÁVEL, GADO SAUDÁVEL
rev 70 - outubro 2003

As forragens que predominam na paisagem de boa parte das regiões do país são principalmente, as do gênero Braquiárias, especialmente B. decumbens e B. brizantha e Coloniões, Panicum maximum e P.infestum. No entanto, um assunto que até pouco tempo não tinha muito espaço na pauta de discussão e que até pouco não tinha muito espaço na pauta de discussão e que começa a ganhar relevância entre os pesquisadores e: até que ponto a saúde das pastagens interfere nos resultados da produção pecuária.

Segundo Elon Francisco Svicero, engenheiro agrônomo da Dow Agrosciences, as pastagens possuem um número bastante grande de pequenos organismos que utilizam sua cobertura natural como moradia alternativa, durante sua fase livre de vida. Entre eles encontram-se, diversas pragas, moléstias, nematóides, ácaros. Além de plantas parasitas e outros microorganismos que podem ser prejudiciais, tanto as pastagens como para a saúde dos animais que delas se alimentam.

Um dos problemas que leva á proliferação dessas moléstias, está relacionado a falta de cuidados essenciais com as pastagens proporcionando aumentos substanciais na população desses organismos. Isso ocorre mesmo em condições onde as pastagens são destruídas pelo fogo, por estiagem ou pastejo excessivo. Scivero explica que as plantas daninhas são as principais responsáveis pelo excesso de população de pragas nas pastagens.

Porém, esse não é o único problema causado pela ação de plantas invasoras em áreas de pasto. As espécies Solamum, Mimosa pudica e Acaica plumose, popular Arranhagato, são espécies que caracterizam-se por apresentar espinhos que podem causar sérios danos ao couro dos animais, principalmente, nas áreas próximas a testa. De acordo com o engenheiro agrônomo, além desses males já citados, existe ainda o problema das plantas tóxicas que se desenvolvem em meio ás forrageiras, as espécies Asclepsias Curassavica e Palicourea maregravii, conhecida como Erva do rato, podem gerar sérios problemas aos pecuaristas, causando inclusive a morte dos animais por intoxicação alimentar. No Brasil ainda não foi percebida, a real dimensão do problema das plantas tóxicas, observa técnico.

Outro problema sério que atinge as pastagens são as doenças das forrageiras. De acordo com Celso Dornelas Fernandes, pesquisador da Embrapa Gado de Corte (MS), a expansão das áreas de pastagens cultivadas e intensificação da atividade pecuária nos últimos anos, várias doenças de forrageiras começaram a ter importância significativa, principalmente, nas regiões Centro Oeste e Norte do país. Os estudos no âmbito nacional referentes aos agentes causais dessas doenças nas pastagens e nos campos de produção de sementes são bastante escassos. Também são raros os resultados de pesquisa quanto a influência de patógenos na germinação, vigor e sanidade das sementes de forrageiras, conclui.

Entre as doenças mais importantes o pesquisador cita a mela-das-sementes da braquiária, causada pelo fungo Claviceps sulcata. Esse patógeno coloniza o ovário da palnta e provoca um sintoma conhecido como melanas inflorecênicas e nelas são observadas gotas de coloração áurea, sobre as quais desenvolve-se um micélio hialino do fungo. A epidemiologia ainda é desconhecida, porém acredita-se que a disseminação do patógeno seja efetuada principalmente por insetos e por gotas de chuva explica.

O carvão da braquiária que é provocado pelo fungo Ustilago operta é outra doença recentemente encontrada que afeta a produção de sementes em pelo menos um tipo de braquiária brizantha. O agente etiológico é capaz de colonizar toda a semente, formando uma massa compacta no lugar do endosperna da mesma. O controle, por de produtos químicos, ainda é desconhecido e a resistência de diferentes braquiárias a esta doenças deve ser investigado, explica o pesquisador.

A principal forma de combate é através da resistência da planta, ou seja, buscar através de uma seleção genética planta, ou seja, buscar através de uma seleção genética plantas com resistência aos patógenos. A manipulação dos germoplasma que ocorre em laboratório vem se mostrando como o meio mais eficaz de controle das doenças nas pastagens. O lançamento do estilosante Campo Grande, uma mistura das espécies, Stylosanthes capitata e S. macrocephala que possuem resistência a essas doenças é hoje a principal novidade no combate a essas moléstias. A embrapa gado de corte tem dirigido seus esforços no sentido de identificar os agentes causais das doenças incidentes em plantas forrageiras e quantificar seus danos. Porém a diversidade de agentes causais aliada ao grande número de variedades de forrageiras, frente ao reduzido número de pesquisadores e fitopatologia de forrageiras, limita avanços e soluções rápidas a esses problemas, conclui.

Os inimigos externos das forrageiras, também consistem em um sérios problema á produtividade nas áreas atingidas. Segundo o pesquisador José Raul Valério da Embrapa Gado corte (MS), as lagartas da pastagens são uma praga ocasional que precisa ser mantida sobre controle. Os níveis populacionais elevados podem reduzir acentuadamente a quantidade de forragem disponíveis. São duas as principais espécies que atacam as pastagens, a Spodoptera frugiperda (lagarta militar). Valério explica o controle deve ser realizado assim que os primeiros focos forem identificados. Se isso não acontecer um alto índice de infestação pode consumir praticamente toda a forragem disponível. Há produtos biológicos á base de Bacillus truringiensis que podem ser aplicados. Trata-se de um inseticida microbiano seletivo para lagartas, portanto, não é necessária a retirada dos animais das áreas tratadas com esse medicamento. Outra importante vantagem de sua utilização consiste no fato dele não eliminar os inimigos naturais presentes na pastagem.

Existem outras forma de combater o problema, concentrado nas áreas atingidas, um número de animais, assim é possível aproveitar a forrageira disponíveis antes da lagarta. O movimento migratório desses insetos pode ser feito através de barreiras químicas como a abertura de valetas, cortando o sentido da migração. Dentro das valetas são aplicados produtos inseticidas, explica o técnico. Além desse agentes existe um que causa tanto estrago quanto a lagarta. A cigarrinha-das-pastagens é outro agente causador de sérios danos pela redução que provoca no suporte de pastagens. Dentre os inimigos naturais destaca-se a mosca Salpingogaster nigra Schiner cuja larvar alimentam-se das ninfas das cigarrinhas. Estudos realizados comprovam que a eficácia em lavouras de cana-de-açúcar essa larvas eram capazes de matar e sugar de 30 a 40 ninfas e em pastos de braquiária decumbens observa-se média igual a 17 ninfas por larva.

Segundo o técnico o controle biológico e a utilização planejada de produtos químicos no combate a essas pragas, são as práticas mais indicadas. A erradicação dessas pragas no estágio que se encontra as pesquisas é praticamente impossível, porém, o controle populacional através de programas de controle estratégico já é realizado com sucesso em várias regiões do país.


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