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FRUTAS - Típicas do frio e orgânicas
rev 177 - novembro 2012

Na sala de preparação e embalagem dos produtos, os pêssegos recém-colhidos são descarregados num tanque de água clorada. Os frutos logo são postos na esteira mecânica, donde se dá o início ao processo manual de seleção por tamanho e aparência – se for preciso, até uma lupa pode ajudar a revelar as imperfeições na casca ou a presença de qualquer inseto. Todo esse trabalho garante uma seleção de frutas de proporção e visual atraente ao mercado.

Outro ponto crucial é o fato de as frutas serem cultivadas organicamente e, agora, oferecidas a granel. “Além de querermos oferecer um produto diferenciado, queremos um que seja competitivo com os demais oferecidos da linha ‘premium’”, destaca o gerente comercial da Takaoka, Denis Corazza. “Nossa ideia é ampliar nosso púbico consumidor e que pode passar a consumir alimentos orgânicos sem ter de pagar a mais por isso”.

O Grupo possui uma fazenda de seis mil de hectares (ha), dos quais 120 ha estão efetivamente em produção, no município de Iaras, na porção centro-sul do Estado de São Paulo. Desde o princípio, a produção orgânica era tida como referência para os fundadores. A intenção é poder aumentar a área cultivada para 200 ha no próximo ano e ampliar as opções, todas certificadas pelo Instituto Biodinâmico (IBD), entidade brasileira que atesta a produção orgânica no País com credenciamentos a mercados como o americano e europeu.

Ao todo, são 18 culturas devem fazer parte da produção orgânica da fazenda, além da espécie ornamental, palmeira real. Aí, listam-se 7,8 ha de pêssego, 4,8 ha de goiaba, 4,8 ha de atemoia, 1,2 ha de nectarina, 2,4 ha de ameixa, um ha de maracujá, um ha de lichia, um ha de palmeira real, quatro ha de mandioca, 44 ha de milho verde, 24 ha de feijão, dois ha de cebola, um ha de alho, 70 ha de milho sequeiro, 2,5 ha de banana nanica, quiabo, abobrinha (deve ser implados no meio na área de mandioca), além de manga e jabuticaba.

Até o final do ano a safra é das frutas de caroço, ou seja, os pêssegos, nectarinas e ameixas.  Atualmente, a produção chega em 300 toneladas (t) de alimentos por ano, dos quais 70% disso são frutas. A intenção do grupo, com a ampliação da área cultivada, é chegar em 1.300 t. “Grande parte desse aumento se dará em função do milho sequeiro que devemos implantar em 70 ha. Ele atenderá uma demanda que indústrias de rações para criações orgânicas”, diz Corazza.

A gosto do cliente


A novidade orgânica sai da fazenda e vai diretamente para os consumidores da rede do Grupo do Pão de Açúcar, em três lojas na região empresarial de Barueri (SP). Ao invés de produtos pré-selecionados em pequenas embalagens, agora as frutas são oferecidas a granel, o que garante a liberdade de o cliente levar quantas quiser e o tipo de fruta que mais o agradar.

A especialização nesse nicho de mercado atrai não só supermercadistas, mas também outros clientes que necessitam de alimentos orgânicos para a produção de doces, por exemplo. Durante a visita a propriedade, discutia-se muito sobre o plantio de um tipo de abóbora para determinado cliente. Nesse sentido, onde houver espaços a serem preenchidos com produções orgânicas, estes serão ocupados. De acordo com Corazza, a ideia é realmente tornar o negócio viável dentro dos próximos anos.

Em termos gerais, a produção em nível de escala ainda é recente, cerca de seis anos, e o que tem subsidiado a fazenda, até agora, é o valor do arrendamento de parte das terras para a cana-de-açúcar. “No entanto, sabemos que é possível conduzirmos uma produção orgânica com viabilidade econômica, responsabilidade social e correta ambientalmente. Além disso, nossa meta é garantir mercado para o orgânico e mostrar que se pode obter lucro a partir dele”, ressalta.

Na mesma linha das abóboras, entrou o milho sequeiro como opção em função de uma demanda pelo produto. A dificuldade é conseguir fornecedores idôneos em produções desse tipo e que possam fornecer em grande escala. Tendo demanda, a fazenda faz o possível para fornecer o produto desejado para o cliente.

Cuidados por vias naturais

Como a atividade agrícola deverá se pautar na aplicação de fitoterápicos, fertilizantes e adubos de origem pura ou natural, grande parte dos insumos utilizados é processado dentro da própria propriedade. Um exemplo disso é o composto de adubação (bocache) que é feito a partir de uma mistura de esterco de galinha, milho ou farelo de milho, farinha de osso, rocha fosfatada, vinhaça de cana, cinzas de madeira e torta de filtra de usinas de cana-de-açúcar. “Fazendo essa mistura e umidificando-a com água em uma semana ela já fica pronta para o uso”, diz Marcus Matheus Fernandes, engenheiro agrônomo da propriedade. “Esse preparado terá mais influências para a microbiologia do solo do que o fornecimento dos nutrientes para as plantas. Em geral, esse composto garante uma proporção de 4% de nitrogênio (N), 6% de fósforo (P) e 4% de potássio (K). Se caso for preciso aumentar essas proporções, há demais métodos para se fazer isso, sem problemas”.

Em termos de proteção fitossanitária, a adoção de técnicas de captura e armadilha de insetos aliada a pulverizações de calda bordalesa – a base de cobre e cal virgem – é a saída para conter pragas como a mosca-das-frutas e o besouro gorgulho e doenças fúngicas, que incide em maior peso em pomares de frutas. As goiabas, por exemplo, para evitar o ataque de insetos, são todas ‘ensacadas’ no momento de enchimento dos frutos.

Outras técnicas que também vão garantir melhores resultados na lavoura são as podas de produção, pós-colheita e limpeza. A primeira estará relacionada com a quebra de dormência da planta, o que induz a brotação e, consequentemente, o crescimento da planta. Os demais tipos, a planta é raleada com a retirada de galhos e ramos para direcioná-la, deixar entrar mais luz. “No momento da produção em si, observamos até a posição dos frutos e retiramos os que ficam próximos ou encostados demais para manter a forma e o padrão de cada um”, explica Fernandes.


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