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MATSUDA - Otimizando o manejo no curral
rev 176 - outubro 2012

Campanha da aftosa é uma boa oportunidade para também vermifugar o rebanho na mesma época.

A chegada da segunda etapa da campanha nacional de vacinação contra a febre aftosa, é também uma excelente oportunidade para otimizar o manejo sanitário do rebanho. Como durante a campanha da aftosa tradicionalmente o pecuarista reúne os animais no curral para aplicar a vacina, essa ocasião também pode e deve ser utilizada para a prática de outros tipos de manejo, como a aplicação de vermífugos e antiparasitários, por exemplo.

Assim, o pecuarista reduz a quantidade de manejos, evitando possíveis perdas devido à ocorrência de lesões e queda no rendimento devido ao estresse dos animais. Outro benefício é que o controle integrado otimiza a mão de obra, reduz custos e diminui a exposição dos funcionários aos riscos relacionados com o manejo do gado. É sempre importante ressaltar que um animal bem vermifugado, na época correta, com dosagem e com o produto correto, é lucro certo ao produtor.

A verminose traz muitos prejuízos econômicos a vários produtores rurais de todo o Brasil. Muitos relatam as perdas apenas quando os animais vêm a óbito, porém estão tendo os prejuízos desde o momento em que não fazem uma vermifugação correta e eficaz. Um animal com verminose produz menos leite, menos carne, tem atraso na idade de abate, atraso na entrada da idade reprodutiva, além da própria infestação verminótica, interferir no sistema de defesa do animal e abrir as portas para que outras doenças acabem se instalando. Os animais mais prejudicados são os mais novos da desmama até os seus dois a três anos, por estarem desenvolvendo o seu sistema imunológico. Já os animais adultos, muitas vezes não demonstram nenhum sinal de que estão com verminose, e por isso produzem menos do que seu potencial permite. Estes animais quando não tratados contra a verminose, infestam a pastagem e vem prejudicar ainda mais os animais mais novos.

Vermes pulmonares e gastrointestinais

Os vermes podem se instalar e passar parte do seu ciclo de vida em vários órgãos dos animais.  Os vermes gastrointestinais são os de maior número, por isso, muitas vezes a maior parte das perdas são atribuídas a eles. Agora, tanto vermes gastrointestinais quanto pulmonares acometem animais em todo o país, principalmente da desmama até os dois a três anos de idade, e até mesmo, animais adultos que não passam por uma vermifugação correta. Os prejuízos com estes animais vão desde o custo elevado com medicamentos para restabelecê-los até mesmo a morte.

Os sinais e sintomas de uma infestação nos animais são vários, porém não são específicos, já que, por exemplo, vírus e bactérias, podem causar doenças que tenham sintomas semelhantes. Diarreia, desidratação, apatia, edema de barbela, anemia, falta de apetite, pelos arrepiados e sem brilho, emagrecimento e tosse são alguns que podem ocorrer. Dependendo de quais vermes estão presentes, da quantidade, da idade do animal e de como está o seu sistema de defesa, esses sinais e sintomas podem aparecer com maior ou menor intensidade, podendo muitas vezes evoluir até à morte do animal.

Teste de OPG

Para se confirmar a presença de vermes nos animais e saber se está na época correta da vermifugação dos mesmos o ideal é que se faça um teste de OPG (ovos por grama de fezes), no qual coleta-se uma pequena quantidade de fezes direto do reto do animal. O ideal é que se faça o teste em 10 a 20% do rebanho, ou dos animais de determinada faixa etária ou dos animais do piquete.

O OPG é um teste quantitativo, que vai nos passar a quantidade de ovos em um grama de fezes. Dependendo da quantidade, nos indica se está ou não na hora de vermifugar os animais. Podendo repetir o teste aproximadamente 10 dias após, outras informações o OPG pode nos passar, como se o vermífugo que administramos foi eficiente ou não. Para sabermos qual o tipo de verme está presente, pode-se realizar uma coprocultura, que vai apontar quais os vermes responsáveis que estão presentes. Vale lembrar que além dos exames de fezes, uma visita do médico veterinário a propriedade é sempre recomendada.

Controle estratégico

A Embrapa recomenda o tratamento estratégica da verminose, que consiste de aplicações de vermífugos na entrada, meio e saída da seca. Esse período, por ser desfavorável ao crescimento dos vermes que se encontram no ambiente, aumenta a porcentagem de vermes presentes nos animais. Assim, é a hora correta de fazer a administração dos vermífugos. Esse esquema é indicado para a maioria dos estados brasileiros, mais uma vez vale aí a indicação do veterinário que acompanha a propriedade. Caso haja necessidade em outras épocas do ano, a vermifugação também é recomendada.

Para escolha de um bom vermífugo, primeiro indica-se ao produtor que adquira um bom vermífugo, de um laboratório idôneo, com qualidade. Além do problema da verminose, caso os animais tenham também parasitas externos, vale a pena o uso de endectocidas, que combatem e controlam tanto ecto quanto endoparasitas. Pensando no principio ativo a ser utilizado, convém saber qual ou quais foram já utilizados e saber os resultados de sua eficácia. Uma indicação do médico veterinário sempre é recomendada.

Quando se fala em animais em lactação ou prenhez, atenção maior deve ser dada. Quanto às vacas prenhez, deve-se tomar bastante cuidado no manejo para que não haja nenhum problema desses animais virem a abortar as crias. Trazer as vacas com calma para o curral e manejá-las na hora mais fresca do dia, evitar gritos, não usar cachorros nem pedaços de pau para tocá-las, passar com cuidado no tronco e fazer uma boa contenção, são algumas das recomendações.

Quanto ao produto a ser utilizado, vale a pena ler a bula ou se informar com o veterinário para ver se não há nenhuma contra indicação. Quando falamos em vacas em lactação, principalmente, nas vacas que produzem leite para consumo humano, deve-se prestar bastante atenção no produto que será utilizado, já que os períodos de carência devem ser respeitados e têm produtos que dependendo do princípio ativo e concentração, possuem um período de carência muito grande, o que inviabiliza o seu uso nestes animais.

Rotacionar os princípios ativos

Muito se fala do rodízio de princípios ativos, mas de nada adianta, se uma boa vermifugação não for feita. Separar os animais em lotes homogêneos de peso para facilitar o quanto de vermífugo será administrado, um bom material de aplicação, por exemplo, com pistolas calibradas, agulhas novas e contenção dos animais, são algumas das recomendações. Se o produtor sempre fizer o rodízio dos princípios ativos, mas não seguir as recomendações acima passadas, as chances de os parasitas desenvolverem resistência a todos os ativos utilizados é grande. Assim, em pouco tempo, pode ser que o todo o arsenal que o produtor disponha não funcione mais, aumentando a insatisfação com os produtos e principalmente os prejuízos pelos ectoparasitas. Mais uma vez o acompanhamento do médico veterinário é indispensável para uma correta prescrição do ativo ou ativos a serem utilizados.

Com certeza, o animal bem vermifugado, na época correta, com dosagem e com o produto correto, é lucro certo ao produtor. Vários estudos apontam os benefícios de uma boa vermifugação, com animais produzindo mais e com mais qualidade.

* Gustavo Máximo Martins é médico veterinário, responsável técnico pelo Laboratório Vet&Cia, do Grupo Matsuda.


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