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IRRIGAÇÃO - Na dose certa
rev 173 - julho 2012

Inovação tecnológica permite controle mais simplificado no processo de irrigação.

A tarefa era buscar uma solução simples para uma atividade que demandará por mais resultados de agora em diante. A agricultura é a protagonista dessa história, na qual está em jogo a segurança alimentar planetária, diante da pressão do crescimento populacional de todo o mundo e da escassez dos recursos naturais. Em função disso, pesquisadores do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) – ou instituto de inovação Cesar, como é mais conhecido

– desenvolveram um equipamento capaz de efetuar as medições de irrigação e hora trabalhada do pivô central. Todo esse acompanhamento é feito em tempo real e permite a geração de um histórico detalhado de como foi o processo de distribuição de água na plantação.

“Imagine uma fazenda que detenha cerca de 40 pivôs”, exemplifica Victor Nogales, gerente de Negócios do Cesar e líder do projeto de irrigação. “Quando acionados, os equipamentos frequentemente podem parar em função de atolamentos ou por qualquer outro eventual defeito mecânico ou elétrico. Isso influirá uma má distribuição de água, já que às vezes o problema só pode ser constatado muitas horas depois”.

A ferramenta é um coletor de informações que é acoplado ao pivô. A partir do acionamento da irrigação, o equipamento realiza uma coleta contínua de informações sobre o desempenho da unidade (velocidade, posicionamento, direção do deslocamento e pressurização do jato de água). Estes dados são transmitidos por meio de tecnologias sem fio (GSM e rádio) para uma central de dados, a qual disponibiliza via internet e em celulares uma completa visibilidade do funcionamento dos pivôs, além de permitir acionamento remoto do equipamento.

O sistema também oferece alertas que são enviados de forma imediata, via mensagem por celular (SMS) bem como por e-mail também, em casos de mau funcionamento do pivô ou de roubo do cabo de alimentação do braço do pivô. “A ideia é que possamos garantir esse acompanhamento em tempo real do instrumento de irrigação na fazenda, para que o consumo de água seja reduzido”, afirma Nogales.

Para se ter uma ideia, a água utilizada por dia para irrigar um hectare com pivô central corresponde à quantidade necessária para atender 200 pessoas diariamente. O pivô irriga em média 50 hectares, o que corresponde ao abastecimento de uma cidade de 10 mil habitantes. Se cada um dos 12 mil pivôs instalados no Brasil funcionar por mais 10 minutos além do previsto, pode-se ter um consumo de água suficiente para abastecer uma população de 800 mil pessoas por um dia.

Além de poder conferir a real condição do pivô, o produto terá em mãos um relatório detalhado da área irrigada, o que permitirá um planejamento mais acurado na hora de se traçar os próximos períodos e áreas a serem irrigadas. “Essa tomada de decisão também refletirá na economia em água já que o produtor poderá visualizar melhor as áreas que já foram irrigadas e saber o quanto de água receberam”.

Simples e brasileira

De fato, a tecnologia apresentada pelo instituto de inovação Cesar não se trata de algo inexistente no mercado. Muitas empresas oferecem produtos similares mais completos, sendo, grande parte deles, importados. A inovação mora justamente na simplicidade em se manusear o equipamento, além de se caracterizar de um trabalho genuinamente brasileiro. Além disso, o sistema foi desenvolvido para a realidade brasileira, com foco até na regionalização do uso da ferramenta no País. Desde dezembro de 2011, o equipamento tem sido testado no Estado de Goiás, lá serviu tanto às lavouras de soja, milho e tomate. A expectativa é que a partir do segundo semestre deste ano a solução já esteja disponível no mercado, de acordo com Nogales.

Fundado em 1996, o Cesar é um centro privado de inovação que cria produtos e serviços na área de Tecnologia da Informação e Comunicação. A ideia central do instituto é fazer uma ligação entra a pesquisa acadêmica com prática. Nos últimos dois a três anos, o órgão tem investido em soluções para o agronegócio, em função do crescimento que ele deve experimentar nos próximos anos.


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