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SAFRA - Números mostram que volume de produção deve diminuir, mas área plantada aumenta
rev 170 -abril 2012

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou no último dia 10 de abril, o sétimo levantamento de prognóstico da safra de grãos 2011/2012. O levantamento é feito e divulgado mensalmente pela instituição.

Os números divulgados para este ano podem ser comparados com os resultados do ano passado. Em 2011, com a exceção do arroz, todas as outras safras demonstraram alta ao longo do ano.

Segundo o estudo, a produção nacional da safra 2011/2012 deve chegar a 159,20 milhões de toneladas, número 2,2% inferior em relação a safra 2010/2011, quando foi atingida a marca de 162,84 milhões de toneladas.

As cultivares de soja e de arroz foram as que apresentaram maiores reduções de safra, 9,72 milhões de toneladas e 1,95 milhões de toneladas, respectivamente. Estes números se dão, principalmente, as condições climáticas desfavoráveis do fim do ano passado e começo deste, que afetaram mais as lavouras de milho e de soja, sobretudo, nos Estados da região Sul, parte da Sudeste e no sudoeste do Mato Grosso do Sul. Para o milho segunda safra a previsão indica crescimento de 35,1%, equivalente a 7,54 milhões de toneladas.

A projeção de área plantada para este ano é de 52,29 milhões de hectares e é 4,8% maior que a cultivada na safra 2010/11, 49,89 hectares. Isso representa um aumento de 2,40 milhões de hectares. Entre as principais culturas de verão, as de milho primeira e segunda safras e a soja, apresentam crescimento. Elas aparecem com acréscimo de 8,4% (664,0 mil hectares) no milho primeira safra e 20,1% (1.181,5 mil hectares) no milho segunda safra. A soja aparece logo em seguida, com 3,4% (817,1 mil hectares). As culturas de arroz e feijão apresentam redução na área de plantio. Isso porque o feijão teve dificuldades na comercialização e com isso, houve preços deprimidos no mercado. Já o arroz se deu pela falta de água nos reservatórios, o aumento no custo de produção e os preços pouco atrativos.

Outra cultivar importante é o amendoim, que deve ter sua média da produção nacional em torno de 2.922 kg/ha. A melhor média deverá ficar com São Paulo 3.353 kg/ha, em sequência Tocantins 4.413 kg/ha e Mato Grosso 2.450 kg/ha. Na Bahia a produtividade média fica em torno de 1.000 kg/ha, e é menor que outros Estados devido ao tipo de cultivo, pouco uso de insumos e tecnologia. A área total cultivada com amendoim na safra 2011/12 deve ficar em 100,8 mil hectares, com 73,2% (73,8 mil hectares) cultivados em São Paulo.

Segundo o gerente de levantamento e avaliação de safras da Conab, Carlos Bestétti o resultado já era esperado e as expectativas dos prognósticos se confirmaram. Para ele, o resultado do milho de segunda safra foi a surpresa com a média acima do que se esperava. E o feijão teve um reflexo muito grande da segunda safra em relação à primeira.

Bestétti falou ainda sobre os principais Estados prejudicados na produção de soja. “A estiagem atrapalhou muito a produção da soja em todo país, mas afetou principalmente no Paraná, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Até o momento, no Estado paranaense a queda é de 35,6%, em Santa Catarina de 26,5% e no Rio Grande do Sul, 43,7%”, afirmou o gerente da Conab.

O analista de mercado e zootecnista da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro de Lima Filho, concorda com Bestétti em relação à baixa produção da soja e afirma que o clima realmente, foi o vilão deste ano. “O número de toneladas de soja é menor neste ano por causa do clima de forte calor e das chuvas. E mesmo com o aumento da área plantada, a produção caiu.”, diz Ribeiro.

O analista de mercado completou dizendo que o agricultor do sul do país colheu mais ou menos, a metade do que plantou. Já nas regiões poucos afetadas como Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás, o preço alto compensou as perdas. Para os mais afetados uma das soluções é investir no leite, frango e suíno, por exemplo, para compensar os danos.

O levantamento contempla informações já definidas para as áreas cultivadas com as culturas de verão de primeira safra. Para as culturas de inverno e culturas de segunda safra na região Centro-Sul e as culturas da região Norte/Nordeste, com exceção das áreas de cerrado, o plantio está em andamento, portanto, as áreas ainda não estão definidas.

Produção de cana-de-açúcar sobe.

Foi concluído no mês de abril, o primeiro levantamento da safra de cana-de-açúcar para a temporada 2012/2013. Os números coletados pela Conab indicam um aumento na produção de 5,4%, com uma recuperação do rendimento médio das lavouras de 2,9%, que passará de 571,44 milhões de toneladas na safra passada para 602,18 milhões de toneladas. A área de corte também apresenta uma pequena elevação passando de 8.368 mil hectares para 8.567,2 mil hectares.

Para a produção de açúcar, espera-se um aumento próximo de 5,34%, passando de 36,88 milhões de toneladas para 38,85 milhões. A produção total de etanol deve crescer de 22,86 bilhões de litros para 23,96 bilhões, o que representa um aumento de 4,81%. A ênfase maior deverá ficar com o etanol anidro, que se destina à mistura com a gasolina, com um aumento de 7,44%. Para o etanol hidratado, utilizado nos veículos tipo “flex-fuel”, o aumento que se espera é de 3,07%.

Para Bestétti, a lavoura de cana-de-açúcar continua em franca expansão em quase todos os estados produtores. Vários fatores adversos impedem o incremento na produção. Ele declara que a atuação governamental será determinante para alcançar as projeções feitas para a produção necessária e para atender as demandas principalmente de etanol, tanto de anidro para misturas à gasolina como de etanol hidratado no período entre 2014 e 2020.

“Para o futuro podemos projetar a lavoura de cana-de-açúcar, como uma atividade de sucesso para aqueles produtores que conseguirem produzir utilizando tecnologia e aplicando todos os insumos necessários para que a cultura possa se desenvolver e atingir uma produtividade economicamente sustentável, ficando apenas na dependência das condições climática durante dois anos em cada safra. A expansão da área passa pela solução de questões ambientais e pela competição com outras culturas mais lucrativas e de mais fácil implantação, como milho e soja”, completa.

O estudo foi realizado por meio de visitas de técnicos a todas as unidades de produção em atividade no país. Assim, foi possível conhecer em detalhes os planos de safra das unidades de produção, que se preparam para o início da moagem da cana. Este processo deve começar ao final de abril e seguir até o mês de novembro.

A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), também divulgou sua estimativa para a safra 2012/2013 de cana-de-açúcar. A projeção indica uma moagem de 509,00 milhões de toneladas, crescimento de 3,19 % em relação ao total processado na última safra, que foi de 493,26 milhões de toneladas.

Os dados compilados indicam uma expansão em torno de 3% na área de cana-de-açúcar disponível para colheita na safra 2012/2013. Este aumento de área para moagem deve ocorrer principalmente nos Estados do Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. O crescimento da área para colheita deve ser o fator determinante do aumento projetado na quantidade de cana-de-açúcar disponível para moagem, pois não existe expectativa de elevação para a produtividade agrícola na próxima safra.

Segundo o diretor técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues, no início do ano o aspecto visual da lavoura de cana-de-açúcar era muito bom, mas a seca intensa observada nos meses de fevereiro e março deste ano prejudicou fortemente o crescimento da planta.

“Com as informações disponíveis até o momento, não é possível imaginar um crescimento significativo da produtividade agrícola, por isso estamos trabalhando com o mesmo valor observado no último ano, que foi de 68,7 toneladas de cana por hectare”, afirma Rodrigues.

As informações obtidas permitem conhecer as expectativas que todos os produtores podem ter sobre o desempenho da próxima safra. Os números que estão sendo divulgados, mais do que uma estimativa oficial, refletem o real potencial de produção dos canaviais em atividade.


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