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EURO 5 - Com a entrada em vigor da nova legislação, caminhões e ônibus passam a ser menos poluentes
rev 170 -abril 2012

Foi a partir da obtenção de um diesel com menos partículas de enxofre (S) – o S50, o qual possui 50 partes por milhão (ppm) do elemento – que foi possível a mudança das motorizações de caminhões e ônibus. O Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve P7) já está em vigor desde janeiro deste ano e se baseia na normativa estabelecida na Europa, o Euro 5. Pela regulamentação anterior, o Proconve P5, era estabelecida uma emissão máxima de 0,10 gramas por quilowatt-hora (g/kWh) de material particulado e de 5,0 g/kWh de óxido de nitrogênio (NOx).

Agora, são exigidos que os veículos automotores passem a emitir no máximo 0,02 g/kWh de material particulado (80% a menos) e de 2,0 g/kWh de NOx, que representa uma queda de 60%.

Dentro da classificação de óxidos de nitrogênio há três tipos de gases – o óxido nítrico (NO), o óxido nitroso (N2O) e o dióxido de nitrogênio (NO2), todos danosos ao meio ambiente pelo alto potencial de retenção do calor do sol no planeta, mais conhecido como efeito estufa. As emissões de NOx no mundo são de 10 milhões de toneladas por ano, provenientes de fontes naturais (1 milhão nos Estados Unidos) e 40 milhões de toneladas por ano, de fontes antropogênicas (6 milhões nos EUA) oriundas principalmente dos processos de combustão, tais como as emissões automotivas.

A nova regulamentação foi aprovada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente em outubro de 2008 que estabelece a adoção do diesel S50 para o abastecimento de veículos pesados em todo o Brasil. Ano que vem, estará disposto o diesel S10, que terá 10 ppm de S, que estimulará ainda mais a redução de poluentes emitidos.

O foco inicial incide em caminhões e ônibus. Para os próximos anos, uma nova lei exigirá os mesmos padrões de emissão para as demais categorias. “Trata-se da legislação de Máquinas Agrícolas e Rodoviárias 1 (MAR1) que está sendo liderada pela Associação de Engenharia Automotiva (AEA)”, afirma Luis Chain, diretor de Vendas e Marketing da Cummins do Brasil. “Então, em 2015, será a vez das máquinas de construção. Em 2017, a adequação valerá para as máquinas agrícolas, e em 2019, 100% dos veículos terão de atender as normas de redução de poluentes”.

Cummins

Com um combustível de melhor qualidade, o processo de queima ganha novos sistemas integrados ao motor que, final das contas, força uma redução dos gases danosos tanto às peças da máquina quanto ao meio ambiente – é a tecnologia SCR (sigla em inglês para Redução Catalítica Seletiva). Nesse sistema, o motor conecta-se a um tanque catalizador de gases. Este último está integrado ao sistema de dosagem e tanque de ureia. Os óxidos de nitrogênio (NOx) emitidos durante a combustão são neutralizados no processo SCR por um líquido composto por 32,5% de ureia técnica dissolvida em água, o Agente Redutor Líquido Automotivo (Arla-32). A ureia é um líquido não tóxico, injetado no sistema de exaustão. O NOx e as moléculas de amônia reagem no catalisador, liberando nitrogênio e vapor de água.

O ponto forte da Cummins foi poder justamente integrar toda essa tecnologia de numa plataforma única, ou seja, todas as operações são desempenhadas por equipamentos da empresa que se entendem entre si. “Nossa visão é sermos mais do que um fornecedor de motor”, diz Chain. “Quem adquire um caminhão com a motorização Cummins Euro 5, ele tem todo o sistema como o motor, o turbo, o sistema de pós-tratamento, inclusive o Arla-32. O maior segredo que existe aí, além da integração de coisas físicas, é a integração do software. Trata-se de um programa único para gerenciar dos diversos sistemas”.

Nesse sentido, a empresa colocou no mercado sete motores eletrônicos, sendo quatro novidades para o mercado brasileiro e três versões incrementadas e preparadas para receber a tecnologia Cummins Euro 5. Entre eles, o destaque vai para os motores ISB 4, ISB 6 e o novo ISL. Sem aumentar de tamanho, estes trazem mais desempenho e menor consumo para garantir baixo custo operacional. Além disso, possuem a aplicação OBD (On Board Diagnoses), que em eventual emergência, um sistema eletrônico envia um sinal para o motorista e automaticamente reduz a potência do veículo para controlar o nível de emissão.

O Cummins ISB 4 aplicado em ônibus e caminhão recebeu maior cilindrada – de 3,9 para 4,5 litros (+15%) – sendo que sua potência passou de 172 cv para 210 cv (+22%). Já o motor ISB 6 de 6,7 litros (ante os 5,9 litros, +14%, de 274 cv de seu antecessor) desenvolve agora 304 cavalos (+11%).

A unidade de motores da empresa projeta um novo motor, uma evolução do ISC 8.3 de 324 cv e lança o ISL de 8,9 litros (+7%) capaz de desenvolver até 405 cavalos de potência (+27%). Uma versão do ISL a gás também será oferecida pela empresa. Importado dos EUA, o motor é desenvolvido pela joint-venture Cummins Westport.

Com excelente relação peso-potência e longos intervalos de manutenção, o novo ISM de 11 litros, com potência de até 440 cv, destinado a caminhões e ônibus, também chega para incrementar a gama de motores Cummins Euro 5.

Mais compacto e mais leve em relação aos concorrentes, os novos motores Cummins ISF 2.8 High Speed Diesel e ISF 3.8, de 4 cilindros, foram projetados para atender o mercado de picapes, comerciais leves, caminhões e ônibus (até nove toneladas).

“Nosso foco foi consumo de combustível. Comparando a tecnologia Euro 3, em termos de confiabilidade os três caminhões mais vendidos no País detém a tecnologia Cummins”, afirma Chain. “E nessa categoria já conquistamos uma marca registrada no consumo de combustível. Um exemplo que eu acompanhei, eu peguei um cliente de tinha um veículo Euro 3, com um motor nosso que é o ISB, com 280 cavalos. Esse veículo eu transformei num Euro 5, com potência similar, mas com o sistema SCR. O resulto foi uma melhora de 8% a 13% de consumo de combustível. Claro que isso não pode se aplicar a todos os carros, em funções de fatores relacionados ao tipo de carga e combustível utilizado, mas posso garantir que esse consumo da verão Euro 3 para a Euro 5 será melhor”, atesta o executivo da Cummins.

MWM

A MWM International, fabricante de motores diesel, foi à Coopavel 2012 pela primeira vez e apresentou as opções dentro da nova legislação. Destaque para o MaxxForce 4.2A Tier 4, que com avançado padrão de emissões está sendo desenvolvido para exportações para a Europa e Estados Unidos. “Em termos de resultados de emissões, o motor Tier 4 para off-road é equivalente a tecnologia Euro VI utilizada em veículos comerciais”, afirma Domingos Carapinha, gerente de Divisão de Desenvolvimento de Produto da empresa.

O motor possui quatro cilindros em linha, atinge potência máxima de 179 cv a 2.200 rpm e torque 600 Nm @ 1.400 rpm. Ainda possui cabeçote cross flow em ferro fundido e trem de engrenagem dianteiro, injetores centrais e verticais, sistema de injeção Common Rail com gerenciamento eletrônico e bloco estrutural. A tecnologia cooled EGR permite um excelente desempenho nas mais diferentes faixas de potência, elevado torque e baixo custo de manutenção. É aplicado em tratores, colheitadeiras, pulverizadores, geradores, empilhadeiras e equipamentos agrícolas, industriais e geradores de energia.

Já para o segmento de caminhões e ônibus, o destaque vai para o MaxxForce 3.2H. O modelo possui potência máxima de 170 cv (125 kW) e torque de 550 Nm (56 kgf.m) @ 1400-1600 rpm e pode ser aplicado em caminhões leves, miniônibus, micro-ônibus, picapes, SUV’s e vans. Entre suas principais características, também está o cabeçote cross flow em ferro fundido, trem de engrenagem traseira, quatro válvulas por cilindro, OHC e sistema de injeção Common Rail com gerenciamento eletrônico.

Já o MaxxForce 7.2H Euro V conta com um cabeçote de quatro válvulas por cilindro. Pode ser aplicado em caminhões leves, médios e pesados, micro-ônibus e ônibus. Com seis cilindros em linha, apresenta potência máxima de 330 cv (242,6 kW) e torque de 1.300 Nm (132,6 kgf.m) @ 1.200-1.600 rpm. Também possui como principais características cabeçotes individuais com quatro válvulas por cilindro cross flow, sistema de injeção Common Rail com 1.800 bar, camisas úmidas e removíveis, tomada de força traseira (opcional), freio motor Power Brake (opcional) e comunicação de diversos componentes.

Scania

A Scania, montadora sueca referência em veículos pesados e pioneira na tecnologia de motores a etanol, iniciou este ano a divulgação da mais nova linha de ônibus e caminhões que trazem a motorização própria da empresa a partir da tecnologia Euro 5. “A mudança de protocolo ambiental no Brasil só reforça o pioneirismo da marca Scania nas questões de sustentabilidade”, diz Márcio Furlan, gerente de Marketing e Comunicação Comercial da Scania do Brasil. “A campanha tem por objetivo apresentar a linha 2012 e oferecer, por tempo limitado, vantagens exclusivas aos clientes, reforçando nosso portfólio de soluções ao transportador”.

O conceito promocional da campanha de caminhões está focado no modelo R 440 nas opções 6x2 e 6x4. Quem adquiri-lo ganhará o câmbio automatizado Scania Opticruise, controle de tração e freios ABS. A montadora também garante o Arla-32 por aproximadamente 120 mil quilômetros para todos os modelos de caminhões vendidos durante o período da promoção. Para o segmento de ônibus, os clientes também terão direito ao fluido, além de um Contrato de Manutenção Preventiva, que inclui troca de óleo de motor, filtros, entre outros.

Com mais de três anos utilizando em toda a Europa veículos adaptados ao Euro 5, norma de emissão de gases na qual a legislação brasileira se baseou para criar as exigências do Proconve P7, a Scania tem a experiência e o conhecimento necessários para continuar oferecendo os produtos e serviços para os seus clientes também no Brasil.

A montadora também oferece o sistema SCR, que se baseia na utilização do Arla-32, que é colocado em um tanque separado no chassi. Dependendo da aplicação, tanques de 50 ou 75 litros podem ser especificados, e a quantidade do composto necessária para a conformidade com o Proconve P7 é de até 5% do combustível consumido.

Os caminhões Scania para longas distâncias tornaram-se ainda mais econômicos com a nova motorização de 13 litros. Seja no segmento de entrada ou com potências mais elevadas, eles continuarão entregando o menor custo operacional ao transportador. A linha R440, por exemplo, está equipada com motor diesel de 13 litros e seis cilindros em linha com injeção direta de combustível em conformidade com níveis de emissões. Também conta com o sistema de injeção PDE com unidades injetoras, cabeçotes individuais, quatro válvulas por cilindro, turbo compressor, intercooler e sistema de tratamento de gases SCR.

Outra opção da montadora para outros caminhões é a motorização de nove litros e cinco cilindros. Os eixos balanceadores duplos no cárter fazem com que a operação do equipamento seja suave e flexível. Graças ao grande volume deslocado, os motores têm elevado torque e as mesmas características de seus irmãos maiores de seis cilindros.

Duas novas unidades com maior diâmetro, 9,3 litros e potências de 250 e 310 cv, substituem os motores de cinco cilindros em linha de 8,9 litros. Respectivamente, os torques são 1.150 e 1.550 Nm.


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