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SHOW RURAL COOPAVEL - Publico da primeira feira de tecnologia agropecuária do ano cresceu mais de 5 %
rev 169 - março 2012

A temperatura estava nas alturas dos dias 6 a 10 de fevereiro deste ano em Cascavel (PR). A semana registrara uma média de 37°C, diariamente, no entanto, o clima quente não foi problema para Evaldo Prox, produtor de erva mate, soja e milho no município de Ivaí, que fica a cerca de 375 quilômetros (km) de Cascavel e 90 km de Ponta Grossa. Era a primeira vez que ele visitava o Show Rural Coopavel - feira de tecnologia em agropecuária promovida pela Coopavel Cooperativa Agroindustrial desde 1989. "Nunca deu certo de agendar a vinda pra cá, em função dos trabalhos na fazenda, por conta da colheita da safra", conta Prox, "mas este ano pude vir conferir a feira. Confesso que fiquei admirado pelas máquinas expostas, especialmente as colheitadeiras e as plantadeiras. Nunca havia visto algo daquele tipo. Pude matar minha curiosidade", declara.

Já para Alceu Becker, engenheiro agrônomo e silvicultor do município de Ponta Grossa, o passeio pela mostra era uma atividade de praxe. "A Coopavel reflete a grandeza do setor agrícola do País, e é aqui que posso conferir as novas tecnologias para que os agricultores possam produzir mais e com maior qualidade", frisa. Becker destacou ainda a evolução dos produtos e serviços apresentados, como por exemplo, a alta genética vegetal, sistemas de produção de frango e cultivares de milho mais produtivas e adaptadas. "Além de oferta de recursos de financiamento que habilite o produtor a se integrar verdadeiramente desse 'Show Rural'", avalia.

Ao todo, o público deste ano foi de 197.906 visitantes, 5,40% a mais do número registrado em 2011 quando a feira recebera 187.763 pessoas. Numa área de 72 hectares, a feira reuniu 406 expositores, 4,8 mil experimentos e 250 apresentações técnicas. Para Dilvo Grolli, diretor presidente da Coopavel, o Show Rural torna-se um meio muito interessante para o estímulo a produtividade, a partir das tecnologias que são apresentadas nos cinco dias de evento. "O produtor está constantemente de olho no futuro", declara. "O crescimento em produtividade está na faixa de 3% a 5%, e aqui é a porta de entrada da tecnologia para a propriedade do produtor para alcançar isso, a partir de novos equipamentos e melhoria em termos de aquisição de variedades mais produtivas", ressalta.

O próximo Show Rural já tem data marcada - de 4 a 8 de fevereiro de 2013. Em termos de melhorias, Grolli já anunciou o aumento das ruas cobertas - sendo acrescido então mais 4 mil quilômetros de ruas cobertas. Outra reivindicação que os organizadores deixaram com o governo do Estado do Paraná é a duplicação da rodovia de acesso à feira. A expectativa é que isso ocorra ainda daqui a dois anos.

Palco de lançamentos

Entre um estante e outro, o que mais se viu pelo Show Rural Coopavel foram produtores encatados pelas grandes e potentes máquinas do campo, cada qual com suas especificidades. Nesse sentido a New Holland quer aproveitar este ano para trazer os lançamentos aos agricultores diretamente nas feiras agropecuárias do País. O início dessa ação foi justamente no Show Rural, que abre o calendário nacional nesse quesito.

"Esperamos um ano com grande inserção de tecnologia nos campos brasileiros, atingindo cada vez mais produtores e propriedades", afirma Bernhard Kiep, vice-presidente da New Holland para a América Latina. "Hoje, a nossa preocupação é alcançar todos os setores do mercado, oferecendo a mais abrangente linha de produtos".

A novidade está no lançamento da primeira linha de plantadeiras da New Holland, desenvolvida em parceria com a Semeato, uma marca de referência nacional em plantio direto. Há seis linhas de semeadoras do tipo múltiplas, para grãos graúdos de espaçamento de 45 centímetros (cm) e para grãos finos de espaçamento de 17 cm.

Outro destaque da marca foi o trator T9, de 560 cavalos vapor (cv) que reforça a preocupação da marca em ofertar produtos de grande potência. Esta tendência começou a ser apresentada em 2011, com o lançamento da linha T8, que chega atingir até 389 cv.

Foco no cliente

Entre as novidades da Case IH, ficou em destaque o serviço Max Case IH - uma ideia que deu muito certo na Europa e que os dirigentes da empresa querem iniciar aqui no Brasil. Trata-se de um sistema de suporte avançado para atendimento de máquinas paradas no campo em função de problemas técnicos. O sistema priorizará as ocorrências e coloca em status de dedicação total todos os recursos da montadora para garantir o retorno da máquina ao trabalho num menor tempo possível. "Quando o sistema é acionado", explica Rafael Miotto gerente de serviços da Case IH para a América Latina, "uma equipe dedicada analisa as informações, filtra e toma todas as ações necessárias, evitando qualquer perda de tempo no processo, desde a detecção da falha até a reparação".

O serviço está disponível para os clientes que adquirirem as colhedoras de cana A8000 e A8800, as colheitadeiras de grãos Axial-Flow 8120 e 7120, colhedoras de algodão Cotton Express 620 3 420 e Module Express 635, as colhedoras de café Coffee Express 100 e 200, o pulverizador Patriot 350 e tratores Streiger, Magnum e Puma - para isso, todos os equipamentos devem estar no período de garantia.

O acionamento do sistema pode ser realizado de forma simples e rápida através da rede de concessionários da Case IH em todo o território nacional ou através do Conexão Case IH, pelo telefone 0800 500 5000.

Ampliação de linha

A ampliação da linha de tratores foi o principal mote para a John Deere durante o Show Rural Coopavel 2012. Lá, a empresa levou 19 modelos para os produtores conferirem as novidades de cada máquina. Um exemplo é o trator 5090E, com motor de 90 cv, que está voltado aos pequenos e médios produtores. "Trouxemos para feira as opções de tratores de até 100 cv que, no Brasil ainda constitui o maior número de vendas em função do Programa Mais Alimentos, do governo federal, através do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)", diz Jair Servat, gerente de vendas da John Deere para região Sul. "Este trator fecha então a linha 5000, que está mais voltado à agricultura familiar".

Outras mudanças na linha são as do trator 6125J, que tem agora um motor de quatro cilindros com as vantagens de economia no consumo de combustível e ganho de agilidade nas manobras, e a do modelo 6130J, com motor de seis cilindros que oferece maior torque e melhor rendimento em tarefas pesadas.

Os modelos 7195J e 7210J são as novidades da Série 7J da John Deere. Eles substituem os tratores 7185J e 7205J e apresentam significativas mudanças nos motores, que contam agora com o Sistema de Injeção Eletrônica sob Alta Pressão. Os dois modelos ganharam também o eixo dianteiro heavy duty como item de série, para garantir maior resistência.

Trator de maior porte do estande, o modelo 8260R destaca-se por recursos como o ILS (Independent Link Suspension), que aumenta muito a capacidade de tração. Ele faz com que as rodas permaneçam sempre em contato máximo com o solo para melhor aproveitamento da potência do motor.

Nova faixa de potência

A Valtra, marca do Grupo AGCO, anunciou durante o Show Rural o lançamento do S 293 e S 353, máquinas de alta potência que colaboram com a ampliação da capacidade produtiva e sustentável das áreas agrícolas. "De 2010 para 2011 notamos um crescimento de mais de 50% no segmento de tratores acima de 300 cv, principalmente em regiões que concentram grandes produtores de grãos como o Paraná, Mato Grosso e Bahia. O Estado é referência em tecnologia para a agricultura nacional, por este motivo trouxemos ao Show Rural Coopavel a Valtra série S", afirmou Paulo Beraldi, diretor comercial da Valtra.

Hoje a linha pesada representa cerca de 40% do mercado de tratores montadora. A partir de 2012 com a ampliação das faixas de potência a empresa espera superar este porcentual. A série S é importada da Europa e foi apresentada em primeira mão na feira de Cascavel. A máquina herdou a expertise e designer global da Valtra aliadas a tecnologia AGCO. Tem capacidade de levante de 12 toneladas e bomba de fluxo variável de 200 litros por minuto controlada automaticamente. O trator traz o motor eletrônico AGCO SISU POWER 84CTA - 4V, TR 3, ou seja com baixa emissão de gases poluentes que, associado ao sistema de gerenciamento inteligente, busca o equilíbrio entre a potência e torque e, de acordo com a força exercida na transmissão, pode economizar até 16% no uso de combustível.

Especialidade em pulverização

Um novo modelo da linha Solis de tratores e também da linha Boxer de pulverizadores é a novidade que a Montana Agriculture, empresa paranaense fabricante de máquinas agrícolas, apresentou no Show Rural Coopavel. Com 75 cv, a caixa de câmbio hidráulica permite reverter o avanço do trator à ré, na mesma velocidade. Esta característica representa uma vantagem para o produtor ao realizar operações com implementos localizados à frente do trator como pás carregadeiras, ou em atividades realizadas em pequenos espaços, ganhando com isto, agilidade uma vez que não precisa mudar marchas enquanto trabalha. Este modelo é o único, na sua potência, com este diferencial saindo de fábrica. Além disto, possui motor de quatro cilindros turbo com maior reserva de torque e bom escalonamento de marcha, o que traz ganhos de produtividade significativos para o produtor.

Toda a tecnologia existente nos pulverizadores da linha Parruda está presente no modelo novo da linha Boxer de pulverizador, com barras de 25 metros, mecânico, com transmissão 4x2 e cinco velocidades. É um produto para um mercado específico e tem demonstrado que pode trabalhar cerca de 240 hectares por dia. Para a Diretor Geral da Montana Agriculture, Denílson Farias, o lançamento no mercado de tratores vai no sentido de aumentar o portfólio de tratores Montana e entrar num segmento que a empresa ainda não tinha produtos específicos como o de 75 a 85 cv uma potência com maior volume de vendas no mercado de tratores.

Pecuária mecanizada

A Ipacol Implementos Agrícolas apresentou na feira um equipamento voltado à atividade pecuária, que agilizará os processos de produção de alimentos para animais confinados. Trata-se da primeira Colhedora de Forragem Autopropelida, a CFA 2000, fabricada em Veranópolis (RS). A empresa traz um novo conceito de funcionamento e desempenho em qualquer condição de trabalho, somando ainda diferentes aplicações exclusivas do equipamento.

A CFA 2000 possui um índice de 70% de nacionalização de peças. A plataforma de corte possui 2 metros de largura e é equipada com dois tambores de grande potência, fabricada pela Pöttinger, através de uma parceria com a Ipacol. Tem ainda como opcional uma segadeira de discos com condicionador de rolos e largura de trabalho de 3,20 metros. O motor é Mercedes-Benz de 245 cv, eletrônico de última geração e baixo consumo.

Conforme explica o Diretor da área de desenvolvimento de produtos, Carlos Antoniolli, "esta é a única máquina forrageira nacional autopropelida concebida para trabalhos em médias e grandes propriedades, graças a sua alta produtividade e qualidade de trabalho". Segundo o Diretor Comercial da empresa, Luis Carlos Parisi, o produto levou dois anos de trabalho em pesquisa e desenvolvimento e significou um investimento da empresa na ordem de R$ 3,5 milhões. "Nós acreditamos muito no segmento de animais confinados, é um mercado que está em franco crescimento e vai se expandir bastante", ressalta Parisi.

Cultivares mais produtivas

Passando para as novidades em cultivares, a Syngenta trouxe lançamentos. Trata-se de SYN 1152RR, SYN 1157RR e SYN 1158RR e dos híbridos de milho Maximus Viptera, Status, Truck, Fórmula e Feroz, desenvolvidos com a tecnologia exclusiva Agrisure Viptera. As novidades da empresa caracterizam-se como estímulo de disseminação de tecnologias que contribuem para o aumento de produtividade de pequenas, médias e grandes propriedades rurais.

"As três cultivares de soja são materiais adaptados para a região do Paraná", diz Felipe Fett, gerente de Marketing de Proteção de Cultivos da Syngenta. "1152 é uma boa opção para se fazer safrinha, e as 1157 e 1158 que são um pouco mais tardias que a primeira". Os ganhos em produtividade podem chegar de 30% a 40% a mais em relação às cultivares anteriores.

De acordo com Fett, a empresa tem ultimamente optado por trazer pacotes tecnológicos completos ao agricultor, como por exemplo, a disponibilidade de materiais produtivos e uma linha de defensivos aqueda a cada tipo de cultura. "Futuramente, poderemos entregar o esquema de culturas prontas, como por exemplo, a variedade de soja juntamente com o milho safrinha ideal para o cultivo em determinada região e o pacote tecnológico completo que possa garantir a produtividade ao agricultor", destaca Fett.

Parceria em tratamento de sementes

A Bayer CropScience e a Coopavel já têm uma parceria no processo de tratamento de sementes - todos os grãos da cooperativa passam pelo beneficiamento industrial garantido pela empresa. Com o objetivo de mostrar a importância do tratamento e até o funcionamento das etapas desse processo, a Bayer levou ao estande dela no Show Rural, uma versão simplificada da máquina.

O sistema desenvolvido pela empresa é composto por quatro pilares: máquinas de alta tecnologia; produtos inovadores; recobrimentos de qualidade; e acompanhamento do processo de tratamento de sementes, que envolve treinamentos e assistência técnica especializada.

A soma destas quatro pontas proporciona um novo conceito em tratamento de sementes, que busca a excelência na qualidade e nos serviços prestados, proporcionando praticidade, segurança e atendimento personalizado aos produtores. Entre os diferenciais está a utilização de uma máquina desenvolvida pela Bayer CropScience, tecnologia Gustafson, considerado um dos mais renomados equipamentos do segmento. Há máquinas que chegam a tratar de cinco a 20 toneladas por hora, isso reflete num beneficiamento de 200 a 300 mil sacas por mês.

"Essa ideia surgiu da necessidade de garantir um tratamento mais completo à semente e que promova maiores ganhos em produtividade na lavoura", frisa Luiz Henrique Feijó, gerente de Portfólio de Tratamento de Sementes da Bayer CropScience. "O projeto começou a dois anos atrás, na parte de planejamento, e no dia 5 de maio de 2011, nos inauguramos nosso centro tecnológico em tratamento, em Paulínia (SP)".

Ao todo o projeto possui parceria com 15 indústrias, entre as quais se encontram cooperativas. Segundo Feijó, este ano a Bayer fechará esse mesmo acordo com mais 25 empresas, totalizando 40 indústrias que poderão dispor dessa tecnologia, para oferecer a semente de trigo e soja já tratada industrialmente.

Pesquisa a serviço da produção

A Embrapa esteve em peso durante o Show Rural para apresentar as novidades em termos de cultivares, sistemas de manejos integrados e tecnologias para a produção. Um dos destaques foi a apresentação de uma alternativa bem voltada ao pequeno produtor, o minimilho. Trata-se basicamente do que uma cultivar de milho comum só que colhida antes da polinização, ou seja, da formação dos grãos. A colheita pode ser realizada até os 45 dias (nos meses de verão) ou até aos 70 dias (durante o inverno). O tempo do plantio até a colheita para a obteção desse minimilho é, em média, cerca de 120 dias - a metade de tempo necessária da cultura normal do cereal.

A grande diferença de manejo entre o minimilho e milho comum está em relação à densidade de semeadura, que no caso da miniatura do cereal pode ser até três vezes maior que a do produto convencional. Cada pode garantir até quatro colheitas ao longo do ciclo de maior produtividade.

O produto final se encaixa perfeitamente à agroindústria familiar, a qual pode agregar valor ao produto com a comercialização do minimilho em conserva tanto para redes de supermercados e restaurantes locais.

Em outro nicho de mercado, o da soja, o órgão de pesquisa também faz um alerta ao Programa de Perdas na Colheita de soja. A técnica traz novamente em cena o copo medidor e o manual que orienta o produtor a evitar o desperdício de grãos durante a colheita da soja.

Apesar de não haver um diagnóstico sobre as perdas durante a colheita da oleaginosa, no Brasil, há relatos de lavouras que chegam a perder até quatro sacas de soja por hectare. No entanto, para a Embrapa as perdas toleráveis durante a colheita de soja devem estar entre 0,7 e 1 saca (42 a 60 quilos) por hectare.

A Embrapa Soja desenvolveu uma metodologia de aferição das perdas de grãos na colheita mecanizada por meio de um copo medidor, na década de 1980, que foi sendo modificada e adaptada de acordo com o desenvolvimento e o aprimoramento das técnicas de cultivo e dos equipamentos colhedores. "O uso do copo medidor permite quantificar a operação de colheita mecanizada da soja, mantendo as perdas de grãos em níveis referenciais de tolerância de uma saca por hectare", diz o pesquisador José Miguel Silveira, da Embrapa Soja.

Na safra 2011/2012, a Embrapa pretende intensificar o programa com a promoção de treinamentos sobre a tecnologia que reduz as perdas na colheita e também com a distribuição dos copos medidores. "O que tem limitado os ganhos do produtor rural é a falta de planejamento da operação de colheita, a desatenção nas regulagens dos sistemas da colhedora e a não utilização de um método prático de monitoramento das perdas de grãos", explica.


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