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ALHO - Qualidade para concorrer com o importado
rev 164 - outubro 2011

Apesar das importações crescentes de alho pelo Brasil, os agricultores mineiros investem no aumento da safra. O IBGE estima que a produção de alho em Minas Gerais neste ano vai alcançar 19,7 mil toneladas, volume 5,3% maior que o registrado no ano passado.

A colheita mineira prevista para este ano equivale a 16,6% da safra nacional. Para o superintendente de Política e Economia Agrícola da Subsecretaria do Agronegócio da Secretaria da Agricultura de Minas Gerais, João Ricardo Albanez, o aumento da safra é consequência principalmente da intensa utilização de tecnologia nas lavouras.

"Por isso, a produtividade média é de 12,1 toneladas de alho por hectare. Há dez anos, a produtividade era de 8,1 toneladas por hectare", explica Albanez.

Primeiro colocado na produção estadual de alho, o Alto Paranaíba tem uma safra estimada de 13,8 mil toneladas, volume correspondente a cerca de 70% da safra estadual. Albanez avalia que o plantio, principalmente na região líder de produção, foi estimulado em 2011 pela recuperação de preço registrada em 2010, como consequência de uma redução temporária das importações de alho chinês.

Qualidade reconhecida

O agricultor familiar Oswaldo Júnior, que mantém o cultivo de alho em 18 hectares no município de São Gotardo, no Alto Paranaíba, diz produtor deve sempre investir na qualidade, independente da importação. "É necessário produzir sempre o nosso alho com qualidade exista ou não a importação. Além disso, o volume das compras externas do produto pelo Brasil pode cair, e nesse caso os preços internos serão mais compensadores."

Oswaldo concorda que o alho nacional, especialmente o colhido nas lavouras mineiras, tem a preferência dos consumidores que valorizam a qualidade. A observação é compartilhada pelo extensionista Dener Henrique de Castro, que atua no município. "O produto de Minas Gerais tem qualidade reconhecida em todo o país, especialmente nos mercados de São Paulo, Recife e Amazonas", explica.

A preferência do consumidor brasileiro pelo alho nacional também é citada por Eduardo Sekita, diretor do grupo Sekita, de São Gotardo, que trabalha com a parceria de 49 produtores em 190 hectares da propriedade. Esse contingente de agricultores familiares deve garantir ao grupo, em 2011, uma produção da ordem de 3,7 mil toneladas, ele informa.

"O grande problema é que as importações permitidas pelo governo federal possibilitam a venda do acho chinês por R$ 40,00 a caixa de dez quilos, enquanto no Alto Paranaíba o preço varia de R$ 42,00 a R$ 45,00, porque abaixo disso seria insuficiente para cobrir os custos de produção", explica o executivo.

Segundo Sekita, outro aspecto que dificulta a situação dos produtores brasileiros é que o alho importado está presente em todo o país durante o ano inteiro. Já o produto colhido nas lavouras da maioria dos Estados chega ao consumidor em um período definido, de agosto a fevereiro, sendo que em Minas Gerais o abastecimento predomina numa faixa de tempo ainda menor, de agosto a janeiro.

Organização da produção

"Diante do cenário da importação de alho pelo Brasil, os agricultores devem buscar orientação junto às associações e cooperativas para desenvolver a produção programada", recomenda o superintendente do Mercado Livre do Produtor (MLP) da CeasaMinas pela Subsecretaria de Agricultura Familiar da Secretaria da Agricultura, Lucas de Oliveira Scarascia. Ele diz que é fundamental para os produtores o acesso a informações sobre as tendências do mercado, política de abastecimento do país, situação do câmbio e interesse de outros países em colocar seus produtos no Brasil.


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