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MILHO - Venda antecipada aumenta em 120% o preço do produto.
rev 163 - setembro 2011

Produtores que usam o grão para a criação de suínos e aves estão receosos com a possibilidade de falta o produto no mercado

A comercialização antecipada do milho focada no mercado externo é responsável pelo acréscimo médio de 120% no preço da saca do grão em Mato Grosso. Enquanto os agricultores comemoram a valorização do produto e a expectativa de incremento, na ordem de 27%, para a produção da safra seguinte, os produtores que usam o grão com insumo para a criação de suínos e aves estão receosos com a possibilidade de faltar o produto no mercado. Isso porque a venda da safra que acabou de ser colhida está acelerada e já alcança 86% da produtividade total. Na temporada passada, neste mesmo período, chegava a 79%.

Os dados são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e confirmam que há pouco milho disponível para consumo no mercado interno.

Segundo o superintendente Imea, Otávio Celidônio, não é descartada a falta do produto para a venda. Ele explica que a tendência é que os preços se mantenham acima do preço mínimo que é de R$ 13,98 a saca. E é justamente este o cenário. O preço da saca do milho chega R$ 21,50 no estado, valor que é 126% maior da cotação do ano passado, quando o produto podia ser comprado na média de R$ 9,5 a saca. "Nunca o milho atingiu valores tão altos, como foi nesta safra 2010/11", diz o último boletim do Imea.

A análise de mercado feita pelo Instituto ainda prevê que as negociações para a nova safra 11/12, estão aquecidas, de forma incomparável com safras passadas. "Se o mercado do cereal continuar no mesmo ritmo, a safrinha poderá ser negociada antes mesmo da soja, cultura que antecede o milho, e que, teoricamente, deveria ser vendida", conclui o informe. A elevação do valor tem preocupado principalmente os suinocultores de Mato Grosso.

Segundo o setor, o custo de produção está acima do preço de venda do animal. "Enquanto gastamos cerca de R$ 2,10 por quilo para criar um suíno, o preço do animal no mercado não passa de R$ 1,70 o quilo", conta o diretor- executivo da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrismat), Custódio Rodrigues. Para o governo, o mercado de milho ainda não é uma preocupação.

O diretor de operações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Chárles Córdova, explica que só há intervenção quando o mercado sinaliza, o que não vem ocorrendo. "A ofertas de vendas do milho estocado no estado estão ocorrendo lentamente. Para se ter ideia, ofertamos 46 mil toneladas do grão nos últimos meses, sendo que apenas 7 mil foram comercializadas ao custo médio de R$ 16 a saca". De acordo com ele, a falta de compradores indica que o mercado não está necessitando de ajuda do governo. Conforme ele, há 1,3 milhão de toneladas do milho estocado nos armazéns de Mato Grosso.

Quantidade e mais qualidade

As ações de fiscalização e o combate intensificado à pirataria na produção e na comercialização estão fazendo crescer a busca e a utilização de sementes certificadas no Brasil. Segundo dados daAssociação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), a taxa de adoção de sementes certificadas alcançou resultados recordes na última safra (2010/2011), principalmente no caso da soja e do milho - os dois principais cultivos agrícolas do país.

Na safra 2010/2011, eles atingiram 64% e 87% de utilização legal, respectivamente, contra 61% e 83% na safra 2008/2009. O milho, assim como o sorgo, alcançou o maior índice de sementes certificadas, comparado às outras culturas produzidas. Na safra 2010/2011, o crescimento da taxa de utilização de sementes certificadas também se concretizou para o algodão, e o índice de adoção, que era 44% em 2008/09, subiu para 51%.

Segundo o coordenador de Sementes e Mudas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Neumar Francelino, o número de autuações, apreensões e de multas aplicadas pelo órgão são o principal motivo da elevação. As sementes mais falsificadas são de soja, milho, trigo, algodão, feijão e arroz.

"O combate à pirataria na produção e na comercialização de sementes tem sido intenso pelo ministério e isso tem trazido resultados positivos. Temos apreendido uma quantidade elevada de produtos, o que obriga o agricultor a recorrer ao sistema formal de comércio de sementes certificadas", destaca.

De acordo com ele, o uso de sementes piratas aumenta o risco de disseminar pragas (insetos, fungos, vírus, etc) e ervas daninhas e reduz a produtividade da lavoura. A prática também pode trazer um custo mais alto de produção e de uso de outros insumos, além de prejudicar o obtentor e incentivar o contrabando de agrotóxicos.

"Trabalhamos em conjunto com o setor privado para melhorar a qualidade e oferecer segurança. A Abrasem é uma entidade importante nesse processo, pois é ela quem mais contribui para que o ministério identifique e evite o uso de sementes piratas", ressalta.

Conforme o presidente da Abrasem, Narciso Barison Neto, a semente é um insumo básico para o aumento daprodução e a transferência de renda para o produtor. A entidade mantém uma parceria efetiva e estreita com oministério para a normatização e fiscalização permanente.

Segundo ele, dos 49,5 milhões de hectares da área cultivada de grãos do Brasil, 23 milhões de hectares são cultivados com sementes certificadas. Antes, eram necessários 120 quilos de sementes de soja para o plantio de um hectare. Hoje, são utilizados 50 kg/ha.

"A semente, pela importância no agronegócio, é questão de segurança nacional. Se não cuidarmos das doenças, voltaremos a infestar os nossos campos com pragas e quem paga esse preço não é só o produtor, mas a sociedade toda", alerta. De acordo com ele, o processo precisa funcionar em cadeia e, mais do que fiscalizar, passa pela educação e conscientização do produtor.


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