Entre
novembro e começo de fevereiro nas propriedades será
comum ver nas lavouras o feijão em fase de germinação
e é neste período que não somente Pes
fica em alerta, mas todos os produtores, para alguns problemas
que podem ocorrer na cultura e que podem ocasionar vários
prejuízos, como a tão conhecida "mato-competição"
"Como o próprio nome diz, há uma competição
entre o feijão e a planta daninha pela água,
luz e nutrientes que afetam diretamente a produtividade, cujo
período de competição mais intenso é
entre o período de 20 a 45 dias, após a emergência
do feijoeiro", descreve Tarcísio Cobucci, pesquisador
e especialista em controle de plantas daninhas da Embrapa
Arroz e Feijão.
Porém, ele adverte, existe um outro período
que essa praga também pode afetar a lavoura é
e bem próximo ao final do ciclo do feijoeiro. "Isso
implica na dificuldade da operação de colheita
e o comprometimento na qualidade do grão. Por quê?
Porque, além da perda de tempo devido à dificuldade
de se separar o feijão das plantas daninhas, ficam
as plantas não colhidas que, evidentemente, reduzem
a produção. No ponto de colheita, o grão
seco também pode se misturar às plantas daninhas
que mancharão o grão que, consequemente, perdem
qualidade na comercialização", pontua.
E quando a prevenção não é realizada
com seriedade, o agricultor pode sofrer com grandes quedas
de produção. De acordo com o próprio
Pes, já ocorreram perdas de até 40% na lavoura.
Para o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão isso pode
variar, em alguns casos, houve a perda de até 100%,
mas no geral acontece em torno de 20% a 80%. "Conforme
a espécie, a densidade e a distribuição
da invasora na lavoura, as perdas são significativas.
Às vezes, não se consegue fazer um controle
efetivo, no tempo certo da aplicação e se passar
deste período, a eficiência de combatê-las
se reduz", justifica.
De olho nesse problema, o produtor goiano já se antecipou
a tomar as medidas preventivas para minimizar a emergência
das invasoras, como, por exemplo, fazer uma cobertura de solo.
Para o agricultor, a mata seca no solo diminui a incidência
de luz e o desenvolvimento das plantas daninhas. Um monitoramento
da área antes de iniciar o plantio para saber a abrangência
delas é uma forma de antecipar o problema. Entretanto,
outras formas de prevenção estão à
disposição do produtor, é o que diz o
pesquisador. "O manejo da mato-competição
inclui medidas preventivas com controle mecânico ou
químico", descreve.
Fora às invasoras
No caso das medidas preventivas, o produtor se ateve a evitar
o uso de sementes contaminadas. Reduziu o "banco de sementes"
das plantas daninhas, que pudessem se multiplicar na lavoura.
Assim também como fazer uma limpeza na área
de plantio antes da germinação do feijão,
reduz especialmente a ocorrência de certas espécies
das invasoras. O controle mecânico é uma outra
forma. "O produtor também pode passar com a máquina,
no período de 20 a 40 dias após o plantio, entre
as linhas do espaçamento", explica o pesquisador.
Outra medida para combater é realizar o controle químico
por meio da utilização de herbicidas, que podem
ser aplicados em período de pós-emergência,
oferecendo excelente controle das principais invasoras no
estágio de duas a quatro folhas. Neste caso, uma das
vantagens é a economia de mão de obra e a rapidez
na aplicação. Após a germinação
das plantas daninhas, aconselham os especialistas, começam
as primeiras aplicações. Porém, varia
muito de acordo com o manejo e a área. A segunda aplicação
acontece 10 a 15 dias após a primeira. A recomendação
que se faça é ter uma assistência técnica
e realizar uma seletiva do produto, com dosagem baixa, que
pode beneficiar o produtor e o meio ambiente.
Produzir com qualidade não é uma tarefa nada
fácil. Porém, tecnologias auxiliam o produtor,
é que o acrescenta o gerente de cultivo soja, milho,
feijão da Basf (empresa do segmento de defensivos agrícolas),
Gustavo Maximo. "Todos os anos ocorrem à incidência
de plantas daninhas em qualquer cultura. Porém, o cultivo
do feijoeiro é mais sensível no começo
para a mato-competição e quanto antes o produtor
fizer o controle, melhor. O reconhecimento prévio das
invasoras predominantes também é condição
básica para a escolha adequada do produto", pontua.
Segundo ele, é comum confundir-se falta de controle
com resistência. "A maioria dos casos de seleção
e de resistência podem ser esperados quando se utiliza
o mesmo herbicida, consecutivamente. Erros na dose e na aplicação
são as causas da maioria dos casos de falta de controle.
Prevenir a disseminação e a seleção
de espécies resistentes são estratégias
fundamentais para evitar-se esse tipo de problema. A utilização
e a rotação de produtos com diferentes mecanismos
de ação e a adoção do manejo integrado
fazem parte do conjunto de indicações para um
eficiente controle", conta.
Do pequeno ao grande produtor, todos devem voltar a essa questão.
Até o controle manual, com enxadas, comuns nas regiões
com pouca tecnologia implantada, produtores tentam se livrar
da praga. "É muito importante prestar atenção
a essa invasora, o plantio do feijão está quase
se tornando uma hortaliça, são realizadas a
cultura em três épocas do ano, com quase três
meses de produção. Com isso o agricultor não
quer perder o seu lucro e o investimento", reforça
o pesquisador.
Controle
Veja alguns itens que podem auxiliar o produtor:
A rotação de cultura, dentre as inúmeras
vantagens que proporciona, é praticada como meio de
prevenir o surgimento de altas populações de
certas espécies de plantas daninhas mais adaptáveis
a uma determinada cultura.
A prática da capina manual deve ser feita o mais cedo
possível para facilitar o controle, devendo ser superficial,
movimentando de três a cinco centímetro do solo,
sem trazer para a superfície as sementes das plantas
daninhas das camadas mais profundas e não prejudicar
as raízes do feijoeiro.
O cultivo mecânico, feito com tração animal
ou tratorizado, é bastante frequente na cultura do
feijão. Uma das limitações deste método
é a dificuldade de se controlarem as plantas daninhas
que crescem na linha de semeadura e a outra é que só
pode ser utilizado em sistemas de semeadura em linha ou covas
bem alinhadas.
O controle químico é o método que oferece
maior praticidade e grande eficiência, particularmente
em regiões carentes de mão de obra. Este método
possibilita o controle de plantas daninhas na época
chuvosa, quando outros tipos de controle são de difícil
aplicação e/ou ineficientes. O uso de herbicidas,
contudo, requer conhecimentos básicos para o alcance
da máxima eficiência, com custos reduzidos e
com o mínimo de impacto ambiental. Fonte: Embrapa Arroz
e Feijão
Época de aplicação dos herbicidas
a) pré-plantio: aplicado antes da semeadura do feijão;
b) pré-plantio incorporado: nesse caso, aplica-se também
o herbicida antes da semeadura do feijão, porém,
deve ser incorporado superficialmente ao solo com a utilização
de grades. Esta prática reduz as perdas de parte de
alguns herbicidas por volatilização e/ou fotodegradação,
somando-se a isso a possibilidade de aplicação
em solo seco, podendo-se aguardar a umidade ideal do solo
para se fazer a semeadura;
c) pré-emergência: a aplicação
é feita após a semeadura e antes da emergência
do feijoeiro. Para a boa performance dos herbicidas é
necessário que o solo esteja úmido ou que ocorram
chuvas, ou se façam irrigações para a
incorporação dos herbicidas na camada superficial
do solo, 0-10 cm, onde a maioria das sementes das plantas
daninhas germina. A ocorrência de alta luminosidade,
alta temperatura e baixa umidade relativa do ar e do solo
induz a uma maior volatilização do herbicida
aplicado em pré-plantio, principalmente no momento
da aplicação;
d) pós-emergência: a aplicação
é feita após a emergência do feijão
e das plantas daninhas, na área total, para os herbicidas
seletivos e, localizada, para os não-seletivos. Os
herbicidas usados em pós-emergência devem ser
aplicados quando as plantas daninhas encontram-se na fase
de plantas muito jovens, normalmente com menos de quatro folhas
verdadeiras, fase esta correspondente ao período anterior
à interferência, quando as plantas daninhas são
mais facilmente controladas.
Fonte: Embrapa Arroz e Feijão
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