Ao
todo são 550 alqueires, sendo 300 deles destinados
à pecuária. Segundo Luis Afonso Claus, médico
veterinário e responsável técnico pelo
Grupo Leme Pecuária, ainda há muito trabalho
por fazer lá. Aliás, ao longo dos anos, com
o objetivo de expandir seus projetos pecuários e oferecer
ao mercado animais de primeira linha, o proprietário
optou pela seleção genética de Braford,
uma raça adequada ao clima propício da região.
E desde então, a fazenda tornou-se sinônimo de
bons resultados, advindos de um processo de tecnificação.
Visando a produtividade, redução do tempo no
processo de produção e a garantia de carne diferenciada,
o pecuarista investiu em parcerias. Em um trabalho conjunto
com a empresa de nutrição animal, a Premix -
Nutrição de Resultados, eles avaliaram novas
alternativas, que garantissem a lucratividade. "Há
dez anos, contamos com um atendimento personalizado da empresa,
no segmento de nutrição animal, que oferece
além da venda dos produtos, uma assistência completa",
revela Claus.
Justamente, para manter todo rebanho com peso pesado, a propriedade
passou a ter 32 piquetes, com um trabalho de pastejo rotacionado
e com lotação "ajustada". No cardápio
da "turma" são oferecidos Brachiaria brizantha,
capim tanzânia consorciado com o amendoim forrageiro
(Arachis pintoi), bem como Hermátria altíssima
consorciada com leguminosas herbáceas. Já no
inverno, há um reforço com aveia, azevém
e trevo branco. Sem contar na suplementação
específica que os animais recebem, em cada fase da
vida.
Como o foco é preparar matrizes e touros para venda
(com Certificado Especial de Identificação e
Produção - o chamado CEIP), o planejamento nutricional
entra em ação. "A nutrição
é um dos principais fatores para manter o nível
de prenhez do rebanho, principalmente no período de
monta, época que esses animais entram agora",
responde Fábio Procópio Ribeiro, médico
veterinário e técnico promotor da empresa.
De acordo com ele, esse é um dos períodos mais
importantes na pecuária de cria, no qual algumas atenções
devem ser redobradas. "Para a obtenção
de elevada eficiência nos sistemas de produção
dos bovinos de corte, as altas taxas reprodutivas são
fundamentais. Nesse cenário, a nutrição
aparece como ponto decisivo para melhorar o desempenho desses
animais, uma vez que a obtenção do peso ideal
de acasalamento para as novilhas, por exemplo, é a
medida prioritária para o sucesso reprodutivo. A condição
corporal da vaca tem reflexos no desempenho para concepção,
período parto-cio e condição de amamentação,
além de influenciar diretamente no desenvolvimento
dos bezerros", esclarece Ribeiro.
Um dos problemas mais frequentes é que a maioria das
propriedades, no entanto, não cumpre as exigências
nutricionais das primíparas (vacas de primeira cria),
gerando a queda dos índices reprodutivos, é
o que alerta Marco Aurélio Carneio Meira Bergamaschi,
médico veterinário e supervisor de manejo animal
da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos/ SP).
"Via de regra, as produções apresentam
um gargalo na reprodução das primíparas,
que geralmente obtêm baixas taxas de concepção.
E é nessa categoria que o animal ainda necessita de
aportes nutricionais para concluir seu estágio de crescimento.
Sem dúvida, as novilhas estão mais tranquilas
quanto à questão da reprodução,
o que favorece o processo e a concepção mais
rápida. Porém, após o nascimento dos
bezerros, elas ainda estão em fase de crescimento e,
ao mesmo tempo, terão que produzir leite para a cria
ao pé e ativar seu ciclo reprodutivo - o que não
ocorre nas vacas multíparas, que já completaram
seu ciclo de crescimento", adverte. "Porém,
tanto as matrizes quanto os reprodutores precisam de uma dieta
que ingere mais calorias e ganho de peso rapidamente",
conclui Bergamaschi.
Ele ainda lembra que no caso das multíparas (a vaca
que já teve mais de um parto), o ideal é que
entre em reprodução 60 dias após o parto,
o que contribuirá para nascimentos de bezerros em épocas
mais favoráveis. "Além disso, fatores como
pastagens disponíveis, o clima e a temperatura também
contribuem, o que em algumas regiões devem ocorrer
entre os meses de novembro a janeiro", pontua.
O reforço da suplementação
Em algumas épocas do ano, há uma quebra qualitativa
e quantitativa das pastagens em função das condições
climáticas. "Como o suporte técnico nas
fazendas passou a ser frequente, a partir da adoção
de uma tecnologia de produtos proteinados, sendo eles, de
baixo ao alto consumo, é possível proporcionar
uma condição de escore corporal das vacas em
níveis biologicamente aceitáveis na estação
de seca, bem como manter o desenvolvimento das novilhas prenhes",
lembra Claus.
De acordo com Ribeiro, um outro problema encontrado nas propriedades
são a falta e/ou a não utilização
correta de suplementos específicos para as diferentes
categorias animais. "Algumas vezes não há
treinamento e conhecimento da equipe de funcionários
das fazendas. Não adianta querer recuperar o gado na
estação reprodutiva. É preciso cuidar
dos animais o ano inteiro", adverte.
"Neste processo todo, a suplementação mineral
é de extrema importância. Há algumas recomendações
e controles que realmente o pecuarista deve seguir, acima
de tudo adquirir o produto de empresas idôneas, para
não arcar com prejuízos futuros", completa
Bergamaschi. "Os animais que chegam na estação
de monta abaixo do peso não entra no cio, consequentemente
as matrizes não ficarão prenhas. O que ocorre
é o seguinte, nesta fase as pastagens já estão
disponíveis. Neste momento inicia-se a estação
reprodutiva e sem o peso adequado, o rebanho gastará
até três meses para se recuperar. Com isso, há
um atraso no período reprodutivo dos animais, que levarão
até um ano para se reproduzir novamente, ou seja, o
pecuarista terá um ano de vacas vazias", descreve
Bergamaschi.
Os Resultados
E é na estação de monta que os trabalhos
produzidos o ano todo na fazenda, por meio de um planejamento
estratégico, aparecem. "Tudo para que as fêmeas
possam parir produtos relativamente leves e de rápido
ganho de peso", conta Claus.
Para manter a performance, a Fazenda Samambaia faz uma estação
de monta cronometrada. As vacas são emprenhadas somente
a partir dos dois anos de idade. Assim, o primeiro bezerro
nasce quando as mães beiram os três anos. Para
garantir terneiros nascendo em época mais propícias,
a propriedade apostou na inseminação artificial
em tempo fixo (IATF) e na inseminação artificial
convencional, ao lado da assistência da empresa de medicamentos
veterinários, a Pfizer.
Na estação de monta são utilizados 90%
de inseminação artificial e ocorre no mês
de novembro com duração de 90 dias. "Aquelas
que não emprenharem na segunda tentativa são
cobertas com touros. Seguimos a regra da natureza. Compreendemos
que fêmeas adultas conseguem gerar ótimas crias",
justifica Claus. "Os bezerros machos nascidos aqui seguem
para outra propriedade, logo após o desmame. Atualmente,
pretendemos fortalecer nosso trabalho em cima da seleção
genética e intensificar a produção de
carne de qualidade, especialmente nos mercados que hoje atendemos:
Londrina e Curitiba", conta.
Na fazenda, por meio de um controle sanitário adequado,
a taxa de mortalidade gira em torno de 2%. Atualmente, são
558 fêmeas, que mantém uma taxa de prenhez de
83%. Neste ano, o número de bezerros desmamados totalizou
448 animais, sendo que a taxa de desmame de 80%, com uma média
de 198 kg os machos e 187 kg as fêmeas (em média
com 210 dias de nascidos). Lá, o pecuarista mantém
os reprodutores, em média, um a dois anos no plantel,
pois sempre há uma safra nova. Diz que o procedimento
facilita a comercialização. Estão excluídos
da regra os touros que, após esse período, geraram
progênies comprovadamente superiores às de suas
contemporâneas. Sobretudo no que se refere à
produção de matrizes boas criadeiras. "Claro
que avaliamos a performance do touro durante a monta e sua
condição corporal, mas não dá
pra avaliar somente no olho", explica Claus.
Para auxiliar neste processo, o Grupo apostou em um programa
de melhoramento genético, implantado na década
de 1995. Hoje, somente os reprodutores de qualidade genética
comprovada, que estão entre os 5% melhores dentro de
todos os rebanhos pertencentes ao programa, é que recebem
o CEIP (documento oficial outorgado pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). E eles conseguem
isso com a parceria com a Conexão Delta G, que hoje
reúne empresas de São Paulo, Goiás, Mato
Grosso do Sul e Paraná, em um programa de melhoramento
genético voltado para as raças Nelore, Hereford
e Braford. Ao lado de grandes produtores de carne, eles fornecem
animais padronizados tipo exportação, recebendo
uma remuneração diferenciada.
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