Em
Campo Verde, o preço médio foi o maior visto
desde junho de 2009, o preço atingindo pela saca (sc),
no início do mês de novembro chegou a R$ 16,30
a compra e R$ 17,30 a venda. Em Lucas do Rio Verde, o valor
pago para os produtores venderem o cereal ficou cotado em
média R$ 16/sc. Na região de Primavera do Leste,
a compra chegou a R$ 16,50 e R$ 17,50 /sc a venda.
Mediante aos valores de negociação, o coordenador
do Centro de Comercialização de Grãos
(CentroGrãos) da Federação da Agricultura
e Pecuária do Mato Grosso (Famato), João Birkhan,
já aponta que pela primeira vez na história
os produtores começam a fazer as contas de não
plantar soja e realizar a primeira "safrona" do
milho. Aliás, a cultura em Mato Grosso (MT) sempre
foi vista como alternativa (cultivada apenas como safrinha).
"Atualmente, o preço da saca no município
de Sorriso (MT) é de R$ 14 reais, sendo que a venda
neste ano chegou entre R$ 8 e R$ 9 reais. O preço bom
e as previsões de colheita podem garantir que o mercado
mantenha esse patamar de valorização, as perspectivas
são que os preços não caiam e nem subam
mais, apenas se mantenham", conta Birkhan.
Lá no Estado, o que preocupa os produtores neste momento
é que a safrinha é plantada no vazio sanitário
da soja (cultura que começou o plantio em meados de
setembro e se estenderá até final de dezembro).
"Muito embora, em função do La Niña
e sua provável consequencia futura, de redução
de chuvas, há um atraso na plantação
de soja. O que alertamos é que se o produtor deixar
para plantar milho após fevereiro poderá ficar
mais arriscado e não garantir uma boa colheita",
acentua Birkhan.
Em um outro polo produtor, o Paraná, é possível
que haja um aumento na área do milho safrinha, por
conta dos preços do grão e por causa do trigo,
que não está tendo uma boa comercialização.
"O produtor não deixa terreno vazio: ou planta
o milho safrinha ou o trigo. Esse segundo é uma opção
boa em termos de produtividade no Sul, mas sua comercialização
está complicada. Com relação ao milho,
na primeira safra, houve de fato uma redução
no plantio, em torno de 15%. Hoje, as expectativas são
outras, porque existe no mercado um preço compensador",
explica Dilvo Grolli, presidente da Coopavel (Cooperativa
Agroindustrial que possui atualmente 26 filiais instaladas
em 17 municípios das regiões oeste e sudoeste
do Paraná).
O preço do milho no Estado chegou a R$ 18,50, hoje
o produtor recebe o valor de R$ 16,50/ sc, o que representa
uma ligeira queda já questionada pelos agricultores.
Mesmo assim, a expectativa é que produtor opte pela
safrinha. "Em suma se prevê um aumento de plantio
e nesse momento, lá na região, o produtor acaba
de plantar a safra de verão e a partir de agora ele
vai começar a se movimentar para ver se que vai fazer
na safra posterior: o milho safrinha ou o trigo. Mas, nos
contatos que temos com os produtores aqui, há uma tendência
de aumento da área de safrinha motivados pelo preço
e facilidade de comercialização. Você
plantou, colheu, quer vender, tem quem compre. Diferente da
questão do trigo que continua empacado", conclui
Grolli.
O plantio de milho está em ritmo acelerado no Paraná.
Depois de semanas de forte estiagem, voltou a chover no Estado
e os produtores tentam recuperar o tempo perdido. Em apenas
uma semana, o plantio evoluiu 23% atingindo hoje 37% da área
estimada nesta safra verão. Mesmo assim, há
atraso na comparação com 2009, quando 52% das
lavouras de milho haviam sido implantadas nesta época
do ano. A retomada do plantio em ritmo acelerado atende às
orientações técnicas por causa do fator
tempo. (veja Box: Se São Pedro ajudar).
Situação do Mercado
Já a opinião do gerente de Levantamento e Avaliação
de Safras da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab),
Carlos Roberto Bestetti, é contrário a de Grolli.
De acordo com ele mesmo diante as expectativas do mercado,
o órgão sugere que no Paraná, por exemplo,
poderá haver uma redução 14% de área
e 6,5% na produção. "O trigo no mercado
internacional caiu e o milho subiu, de repente, assim houve
uma movimentação no mercado interno inesperada
na Região Sul", diz Bestetti.
Já com relação à previsão
de colheita do grão nos dois Estados citados, não
foi possível mencionar uma vez que a Conab tem por
tradição não divulgar perspectivas de
dados. Porém, Bestetti faz uma suposição
do que pode ocorrer no Mato Grosso, por exemplo. "Os
produtores não conseguiram semear soja precoce a tempo,
com isso a 'janela' ficou estreita. Ainda temos o fator do
clima La Niña onde se pode chover ou não. Esse
ano será difícil fazer uma previsão de
safra. Porém, se tudo conspirar a favor, teremos um
ano excelente no Rio Grande do Sul e máxima produtividade
de soja e milho em Goiás e Mato Grosso do Sul e Mato
Grosso", contesta.
Com esse cenário, qual a expectativa das empresas do
segmento? Na opinião de Paulo Bertollini, representante
Associação Brasileira dos Produtores de Milho
(Abramilho), produtor no município de Castro (PR),
a situação das altas dos preços é
bem recente. Isso, segundo ele, se deve aos estoques da China
que precisam agora de uma nova reposição. "O
país consumiu todo o seu estoque e isso abre uma boa
perspectiva. O mercado chinês é o maior consumidor
e o Brasil tem chance de atender essa demanda. A tendência
é que o milho safrinha atinja 10 milhões de
toneladas. Porém, não houve tempo para o produtor
optar por uma cultura e muitos deles, já tinham decidido
por outra. Por consequência, foram poucos, o que optaram
pelo milho", diz.
E se São Pedro ajudar ...
Contudo, se haver boas previsões de chuva, acreditam-se
que ainda é cedo afirmar em uma queda significativa
na área semeada com milho. De acordo com a meteorologista
do grupo de previsão climática do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Priscila Farias, há
uma condição grande determinada pelo fenômeno
La Niña, que não ocorre todos os anos e da mesma
forma. "Perante isso, nós temos uma redução
de chuvas na Região Sul do País que começa
agora, principalmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O Paraná chove menos que climatologia é esperado,
consequencia da La Lima, no qual chove menos e o período
que chove é agora, porém, com chuvas abaixo
do normal", conta. "Entretanto, a gente não
pode descartar um evento mais severo, principalmente, porque
é natural na atmosfera chuvas provocadas pelo calor
e úmida", justifica Farias. Ainda segundo ela,
o Paraná e o Mato Grosso estão com a mesma característica
climatológica e com isso terão a mesma previsão.
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