Presente
em todo o território nacional, a mosca-dos-chifres
apresenta maior infestação nas épocas
mais chuvosas e causa prejuízos que chegam a US$ 150
milhões ao ano. De acordo com a Embrapa Rondônia,
em um animal que apresente baixa infestação
podem ser contabilizadas até 150 desses parasitos,
mas é possível encontrar mais de mil deles em
um único hospedeiro.
O médico veterinário e diretor técnico
da Ourofino, Gabriel Sandoval, explica que, na prática,
a mosca-dos-chifres pica o animal de 25 a 40 vezes por dia
e cada sucção pode durar de quatro a cinco minutos.
Uma infestação média de 500 moscas pode
levar a uma perda média de 40 kg/animal/ano e cerca
de 150 litros de leite durante toda a lactação.
Somando-se a isso a perda de sangue e os efeitos irritantes
da picada comprometem a alimentação tranquila
do animal, diminuindo sua produtividade. A mosca-dos-chifres
geralmente passa 24 horas por dia sobre o animal e pode ser
encontrada em qualquer parte do corpo, mas preferencialmente
ao redor dos chifres e cupim.
A utilização do besouro africano Onthophagus
gazella tem sido estudada pela Embrapa como uma das medidas
de combate a esse tipo de mosca, devido ao fato dele viver
nas fezes do gado e se alimentar dos ovos ali postos. O ciclo
de vida da mosca-dos-chifres começa quando o inseto
põe os ovos nas fezes dos animais. Nas horas mais frescas
do dia, uma grande população de moscas adultas
migra para as partes mais baixas do animal, concentrando-se
na região do abdômen, para posteriormente realizar
a postura sobre o bolo fecal fresco. Em boas condições
de temperatura e umidade, os ovos eclodem e em 24 horas se
transformam em larvas. Depois de três a cinco dias,
as larvas se transformam em pupas, alimentam-se nas fezes
e entre quatro e oito dias já se tornam moscas adultas.
Vale ressaltar que um dos métodos mais efetivos
no tratamento e controle da mosca-dos-chifres é a utilização
do brinco mosquicida (brinco inseticida) que protege os animais
por até 150 dias, indica Sandoval.
A pulverização feita no gado visando o combate
ao carrapato é uma das soluções também
para a mosca-do-chifre, conforme indica o médico veterinário
e gerente de produtos da Intervet/Schering-Plough Animal Health,
Tiago Arantes. Porém, ele também reforça
a recomendação de que para combater esse mal,
o mais viável é o uso dos brincos inseticidas,
tratamento muito prático que acaba com as moscas que
por ventura já existam. O ideal é colocar
o brinco no começo das chuvas e retirá-lo no
final das águas, aproximadamente no mês de maio.
No período crítico da mosca, teremos animais
protegidos por um produto eficaz com o qual conseguimos tratar
100% do rebanho com uma solução individual,
que controla muito a população ambiental porque
toda a mosca que emergir e for sugar o gado vai encontrá-lo
com o brinco inseticida.
Mosca do estábulo
A mosca do estábulo (Stomoxys calcitrans) é
encontrada facilmente em regiões próximas a
usinas de cana-de-açúcar, atraída pela
palha da cana e pela vinhaça, subproduto originado
da produção do etanol. Segundo a Embrapa, ela
tem quase o mesmo tamanho e aparência de uma mosca doméstica,
diferenciando-se pela tromba alongada do aparelho bucal, que
utiliza para sugar o sangue do animal. A mosca do estábulo
também ataca animais de sangue quente e no gado, as
consequências por ela geradas vão desde emagrecimento,
coceira, inquietação, caída do pelo,
queda na produção de leite, ferimento no couro
até o estresse e a transmissão de agentes e
bactérias, que provocam doenças como brucelose,
febre aftosa e problemas intestinais.
Dados da Embrapa Pecuária Gado de Corte informam que
o desenvolvimento de ovo até a fase adulta acontece
de duas a três semanas em climas quentes, podendo durar
mais de dois meses em climas temperados. O período
de vida de uma mosca adulta é de 15 a 30 dias. A aplicação
de vermífugos e inseticidas ajuda a amenizar o problema.
Mosca do berne
Presente em todos os países da América do Sul,
a mosca Dermatobia hominis em sua fase larval é denominada
por berne. De acordo com a Embrapa Gado de Corte, uma vez
presente nos animais, o berne causa a miíase furuncular
ou dermatobiose, que se caracteriza pela formação
de nódulos no hospedeiro, com a presença de
uma ou mais larvas no interior. Ocasionalmente, podem ocorrer
infiltração bacteriana e formação
de abcessos subcutâneos, além de postura de ovos
pela Cochliomyia hominivorax, mosca da bicheira, o que determinaria
o estabelecimento de uma miíase primária.
A instituição reforça que a Dermatobia
hominis precisa de um outro inseto, geralmente outra mosca,
como vetor de seus ovos, para levar o berne até o hospedeiro
e iniciar assim, seu ciclo biológico. Na pecuária,
os prejuízos causados são a redução
na produção de carne, de leite, retardo do crescimento,
pré-disposição as enfermidades diversas
e, danos parciais ou totais nos couros. O controle desta mosca
se faz quase que exclusivamente por meio de produtos químicos,
visando o estágio larval que se realiza no hospedeiro,
ocasião em que a maior parte dos danos já não
tem mais como ser revertida. A aplicação dos
produtos químicos é feita por meio de banhos
de aspersão, dorsal, nas formas parenteral, subcutânea
ou oral.
Custos
Quando o assunto é a prevenção contra
ecto e endoparasitos no geral, Tiago Arantes sempre aconselha
aos pecuaristas programas integrados a fim de facilitar o
manejo. O médico veterinário aponta também
que a prevenção no rebanho é muito mais
eficaz e barata em relação a um tratamento curativo.
Um trabalho bem feito, por exemplo, com produtos eficazes
aplicados em intervalos corretos, em geral, representam de
3 a 5% dos custos de produção de uma propriedade.
É um investimento muito pequeno em relação
a todos os benefícios que podemos oferecer aos clientes,
desde prevenção de mortalidade, aumento de produtividade,
ganho de peso, segurança para o frigorífico
que está comprando essa carne. O Brasil tem um potencial
inquestionável na produção de carne.
O que impede o País em estar nos melhores mercados
e ganhando melhor: segurança, sanidade e qualidade
da carne. Daí, a importância de termos rebanhos
manejados da maneira adequada com procedimentos que possam
ser certificados pelo mercado comprador da carne brasileira,
finaliza.
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