Para
o técnico, ter pasto produtivo, nesse novo conceito
de mercado, é fundamental para que o produtor
sobreviva e tenha rentabilidade. E para ter pastagens
nessas condições, alerta para a necessidade
de um planejamento estratégico antecipado e manejo
adequado. Ao fazer esse planejamento, o produtor deve ter
a consciência de que existem, em sua propriedade, pasto
ruim e pasto bom. Ao ter essa consciência, ele praticamente
já começou a planejar o manejo. Takashi
lembra ainda que muitos produtores reclamam que manejar
é caro, que adubar é caro, que cercar é
caro. Mas isso é um grande equívoco porque,
obviamente, o pasto produtivo é o pasto mais barato
que ele tem na fazenda. E o mais caro é o degradado,
justamente porque ele ocupa o espaço de um pasto bom.
O primeiro passo, portanto, é dividir a propriedade,
alocando os animais principalmente no pasto produtivo. A lógica
é evidente, pois pasto vedado e com menor pressão
de pastejo se recupera. Todos sabem disso, mas poucos se utilizam
dessa informação. O importante, para o
agrônomo da Matsuda, é que o produtor crie uma
rotina dentro de sua propriedade, por exemplo, dividindo sua
pastagem em piquetes, ocupando primeiro as áreas produtivas
e rotacionando o rebanho a períodos regulares. E repita
isso rotineiramente ao longo dos anos.
Período certo de plantar
Tem sido comum encontrar produtores que, assim que se inicia
o período chuvoso, pretende começar o plantio
das forrageiras. Para os técnicos da área, entretanto,
essa não é recomendação ideal,
pois se sabe que não é somente a umidade que
determina a germinação das sementes. O agrônomo
Marcelo Ronaldo Villa, também técnico da Matsuda,
essa preocupação tem que se mais cuidadosa especialmente
este ano, quando o período seco foi mais prolongado.
Para ele, as primeiras chuvas não são
ainda suficientes para eliminar o déficit hídrico
do solo e caso aconteça um veranico -- período
sem chuva dentro da estação chuvosa do ano que
pode ser de 15 a 20 dias, as sementes, tendo iniciado o processo
de germinação e se faltar umidade podem morrer,
comprometendo todo plantio.
Outro problema muito comum de acontecer quando se faz o plantio
no início das chuvas, segundo Villa, é
a incidência com maior freqüência de chuvas
torrenciais, que podem aprofundar as sementes no solo, impedindo
sua germinação satisfatória. O
agrônomo alerta que, para uma semente germinar satisfatoriamente,
são necessárias três condições
climáticas ao mesmo tempo: temperatura, luminosidade
e umidade.
Para os produtores que pretendem formar novas áreas
de pastagens ou reformar áreas existentes, Ronaldo
Villa orienta que o primeiro passo é a análise
do solo, identificando a necessidade de correção
da acidez do solo (calagem), adubação de plantio
(adubos fosfatados) e adubação de cobertura
(Nitrogênio e Potássio). O segundo passo, ainda
segundo Villa, é o preparo do solo propriamente dito,
se no sistema convencional ou de plantio direto. Se no sistema
convencional, é necessário eliminar a vegetação
existente através de gradagens (pesada), aração
(disco ou aiveca) e nivelação (leve); no sistema
de plantio direto é necessária a eliminação
da vegetação existente através da aplicação
de herbicidas (um ou vários produtos herbicidas combinados,
dependendo de quais plantas existem na área). O terceiro
passo é aplicar o calcário e, em seguida, o
fertilizante, segundo as indicações de acordo
com a análise do solo.
Para recuperação de uma área, se estiver
já formada e precisar apenas de manutenção,
Ronaldo Villa recomenda a repetição dos 1o,
3o e 4º passos em todos os sistemas (convencional ou
plantio direto) do mesmo modo indicado para o plantio direto.
A escolha das sementes
Existe no mercado brasileiro uma grande quantidade de espécies/cultivares
disponíveis aos produtores rurais. Esse grande volume
de oferta é justamente pelo País apresentar
em suas várias regiões condições
edafoclimáticas muito diferentes, necessitando de espécies/cultivares
que se adaptem a cada uma delas. E se não bastasse
isso, o Brasil apresenta níveis de manejo bem diferenciados
quanto a fertilização do solo, qual espécie
ou categoria animal irá consumir essa pastagem, etc.
No momento de escolha da espécie ou cultivar a ser
implantado, Ronaldo Villa ressalta que o produtor deve levar
sempre em consideração os fatores que limitam
sua produção e qual a finalidade dessa pastagem,
pois a espécie ou cultivar que se adaptar melhor
a esses fatores é o que deve ser escolhido. Mas há
também fatores limitantes a considerar, como fertilidade
do solo, tipo de solo (argiloso, arenoso, etc), topografia
do terreno, grau de drenagem, ataque de insetos e doenças,
espécie e categoria animal, tipo de manejo e utilização.
É preciso atentar, ainda, segundo recomendações
do agrônomo, que a nova legislação de
sementes e mudas (Lei no 10.711 de 05 de agosto de 2003) através
do seu Decreto (Decreto no 5153 de 23 de julho de 2004) e
da Instrução Normativa (Instrução
Normativa no 09 de junho de 2005), extingue o valor cultural
(VC) como padrão de sementes. Atualmente, para sementes
de forrageiras, os padrões estabelecidos e válidos
são os da Instrução Normativa no 30 de
21 de maio de 2008, que estabelece os índices mínimos
que cada categoria de sementes de forrageiras (Básica,
Certificada de 1o e 2o geração (C1 e C2), Sementes
(S1 e S2)) devem apresentar na sua pureza, germinação
ou viabilidade, e outras sementes.
Esses padrões, mais a qualidade sanitária é
que indicam a qualidade que as sementes apresentam. Villa
cita, como exemplo, a semente de Brachiaria brizantha, que
deve apresentar no mínimo pureza de 60% e viabilidade
de 60%, e Panicum maximum, com pureza de 40% e viabilidade
40% para as categorias S1 e S2.
A preocupação com a qualidade da semente deve
ser uma tônica para o produtor e, segundo os técnicos,
ele deve se precaver contra sementes de má qualidade
e, principalmente, evitar as chamadas sementes piratas.
Ronaldo Villa adverte que, primeiro, o produtor não
deve deixar a semente ser o último insumo a ser adquirido
quando toma a decisão de se reformar ou formar uma
nova pastagem. No momento da aquisição ele
precisa verificar sempre se a empresa apresenta em sua embalagem
endereço, CNPJ e número no Renasem. Aderido
à embalagem deve haver uma etiqueta que contenha o
nome do cultivar que está se adquirindo, seu índice
de pureza, a viabilidade ou germinação dentro
do padrão exigido por lei, categoria, safra que foi
produzida a semente, prazo de validade do produto e peso da
embalagem. No ato da aquisição também
o produtor deve exigir nota fiscal e o termo de conformidade
da semente, já que este é a garantia do produto,
pois é nele que está especificado realmente
o que o produtor está levando para sua casa.
Outra dica importante lembrada por Villa é a retirada
de uma amostra em acordo com a legislação vigente
e seu envio a um laboratório credenciado para que proceda
à análise que comprove o que está no
rótulo (etiqueta e termo de conformidade). Por último,
tomar muito cuidado com preços muito abaixo do que
está correndo no mercado, já que, segundo Villa,
nessa área não existe milagre.
O investimento feito pelos produtores na formação
do pasto, quando faz a opção pela uma semente
de qualidade, com tecnologia diferenciada, é sempre
um investimento mais alto. Mas ao fazer essa opção,
o técnico destaca que o produtor está
optando em não correr risco, pela segurança,
por ter um stand de plantas dentro do adequado para uma boa
formação e boa cobertura do solo, já
que essas plantas apresentam alto vigor que, em conseqüência,
irão possibilitar uma entrada antecipada dos animais
na área, maior produção de massa (MS
matéria seca) por hectare, risco quase zero
de levar junto a essa semente pragas e doenças que
podem futuramente inviabilizar outros cultivos e principalmente
que venham a aumentar os custos de produção.
Villa enfatiza que, se uma planta que produzir mais por hectare,
consequentemente haverá maior produção
por hectare, seja ela de carne, leite ou bezerros, dependendo
da atividade do produtor. Se considerarmos todos os benefícios
que essa tecnologia traz, com certeza essa semente representará
investimento muito menor que as sementes de baixa qualidade.
A cada ano que passa, há um incremento em tecnologia
na produção de sementes de forrageiras. Dentre
esses avanços estão as sementes incrustadas,
revestidas com materiais especiais que contém K, Ca,
Mg, Cu, Si e Fe, entre outros elementos, além de polímero,
fungicidas e inseticida. Essas sementes revestidas são
provenientes de um processo de escarificação
química, onde apenas as sementes que estão totalmente
maduras (embrião formado) resistirão à
escarificação. Com isso, segundo Alberto Takashi,
há a garantia de que cada invólucro terá
uma semente dentro que, em condições adequadas
de semeadura, irá originar uma planta saudável
e vigorosa.
Takashi explica que essa tecnologia permite ao produtor esteja
levar para sua propriedade apenas sementes de qualidade,
sem materiais inertes, livres de pragas, doenças e
nematóides, que podem ser utilizadas tanto por pequenos,
médios e grandes produtores rurais, e que podem ser
semeadas com equipamentos que as colocam em linha, a lanço
e através de avião.
Mas o técnico adverte ser importante prestar
muita atenção aos materiais com os quais as
sementes serão revestidas, pois esse revestimento,
se não for de boa procedência, pode afetar negativamente
a germinação das sementes.
Lavoura-Pecuária-Silvicultura
Luciano Lara, também agrônomo do Departamento
Técnico Matsuda, explica que a prática de se
integrar a pecuária com a agricultura tem várias
maneiras de ser feita, sendo muito peculiar de cada
região e sistema de produção da propriedade,
pois o sistema de implantação da gramínea
pode ser anual (todo ano planta-se e desseca-se a gramínea),
pode ser bianual (a cada dois anos desseca-se a gramínea,
com o retorno à agricultura na área) ou ainda
pode ser utilizada a cada quatro ou cinco anos, dependendo
da verificação se a pastagem está, ainda
produzindo a contento.
Explica, também, que outra forma de maximizar os rendimentos
é utilizar a floresta em consórcio com
a pastagem ou, uma cultura anual nesse sistema. Planta-se
uma ou duas linhas de árvores (eucalipto, seringueira,
grevilha, etc) espaçadas umas das outras de 9 a 12
metros de distância e, na entre linha, pode-se plantar
uma cultura anual ou pastagem. A floresta, no caso de consórcio
com a pastagem, melhora a ciclagem de nutrientes através
da queda de suas folhas, melhora o conforto térmico
para os animais devido ao sombreamento que proporciona, melhorando
o desempenho do rebanho. E, depois de 6, 12 ou 18 anos, essas
árvores poderão ser cortadas, virando madeira
para indústria, no caso de eucalipto e grevilha.
A Integração Lavoura-Pecuária-Silvicultura
é um sistema cada vez mais utilizado por aqueles produtores
que desejam melhorar a produtividade, obtendo dessa maneira
um maior retorno financeiro (lucro) por hectare. Essa técnica
consiste em se fazer todas as práticas necessárias
para o plantio de uma cultura (análise de solo, correção
da acidez, adubações, práticas conservacionistas)
anual (milho, soja, etc) e, na seqüência, logo
após a colheita ou na fase de maturação
dessa cultura, semeia-se uma gramínea forrageira, sendo
a mais usada, as Braquiárias.
Luciano Lara ressalta que essa gramínea terá
dois papéis principais, servindo primeiro de
alimento para os animais justamente na entressafra da produção
de capim (estação seca do ano), e por ser uma
pastagem nova terá mais vigor para produzir mais e
com mais qualidade, possibilitando dessa maneira que se tenha
animais em bom estado nutritivo durante a estação
seca do ano.
Quando se iniciar novamente o período chuvoso, o agrônomo
orienta para que os animais sejam retirados, deixando-se acumular
de 3 a 5 toneladas de matéria-seca por hectare, fazendo-se
a dessecação das plantas com o auxílio
de herbicidas e posteriormente plantando-se novamente uma
cultura anual. Essa prática é benéfica
para o sistema pelo fato da gramínea ter alta capacidade
de reciclar nutrientes e incorporar matéria orgânica
no solo, além de estruturar o solo devido ao seu imenso
sistema radicular como cabeleira.
Quando se pensa em adotar o sistema de integração,
Luciano Lara adverte que é preciso sempre pensar
que estamos procurando melhorar os índices de produtividade
e sabemos que as sementes são o meio mais rápido
para disseminarmos tecnologia, porém o inverso também
é verdadeiro, se não tomarmos o cuidado de utilizar
uma semente confiável e com alta tecnologia, podemos
disseminar pragas, doenças e nematóides no solo
que afetarão negativamente a produção
da área. Por isso quando falamos em sistema de integração,
temos que usar sementes com aproximadamente 100% de pureza,
alto índice de germinação, alto vigor
e principalmente livre de nematóides. A Matsuda disponibiliza
essa variedade de sementes, da Série Gold, que são
tratadas com dois fungicidas, um polímero que maximiza
a eficiência dos ativos, um inseticida -- se solicitado
-- e o material utilizado para seu revestimento possui Potássio
(K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Silício
(Si), que contribuem para um melhor desenvolvimento das plântulas
após a germinação.
Planejamento para a seca
Em função da sazonalidade da produção
de forragem, o planejamento forrageiro é sempre a principal
ferramenta para se evitar o prejuízo. Sabe-se, também,
que é na estação das águas que
se planeja o período seco. Ronaldo Villa aborda a questão,
ao indicar as providências que o produtor deve tomar
agora, para evitar prejuízos quando a seca chegar.
Para ele, quando entramos na estação chuvosa,
muitas vezes nos esquecemos dos apuros passados no período
que antecedem (estação seca). Para se prevenir
que o novo período cause prejuízos e o produtor
passe aperto, o ideal é planejar a reforma de pastagens
degradadas, recuperação daquelas onde se tem
um bom stand de plantas, por meio do controle de ervas daninhas,
aplicação de corretivos (calcário), adubação
fosfatada e adubação com nitrogênio e
potássio. Com isso, oferecemos condições
para que as plantas se desenvolvam bem e produzam muita forragem.
O agrônomo enfatiza que os pastos devem ser bem
divididos, num sistema rotacionado, respeitando sempre a altura
da planta para a entrada e saída dos animais, para
que ela possa se reestabelecer rapidamente. Também
é importante ter na propriedade mais de uma espécie/cultivar
forrageira -- evitando o monocultivo -- que podem ser bem
exploradas no período chuvoso e que também sirvam
de reserva no período seco do ano, como feno em pé,
por exemplo.
Outra alternativa apontada por Villa é ter área
reservada como pato de corte ou capineira, que poderá
ser utilizada na forma de silagem ou servida picada in natura.
E ter também, se for o caso, uma área com espécies
próprias para a produção de feno.
|