Ainda,
de acordo com a Conab, a variedade arábica (76,4% da
produção total) está projetada em 36
milhões de sacas, contra 28,9 milhões do ano
passado, com aumento de 24,9%. Detalhe: o arábica cultivado
no Brasil é normalmente destinado à exportação.
Já o conilon, ou robusta, representará 23,6%
da produção brasileira, com 11,2 milhões
de sacas. Aliás, essa variedade é destinada
na maioria para o preparo dos pós vendidos nos supermercados,
há uma relativa qualidade inferior e até por
uma justificativa bem simples: cultivar esse tipo de grão
é mais barato.
E por falar em produção, segundo a entidade,
a maior ficou para o Estado mineiro, que detém 52,3%
do total nacional, sendo 99% do tipo arábica. Atrás,
com 21,3%, vem Espírito Santo, com a colheita de conilon.
E já que os números indicaram que Minas Gerais
virou o Estado do café, foi lá no
município de Machado, a mais de 380 quilômetros
de Belo Horizonte, que encontramos o cafeicultor Fábio
Caixeta.
Se para alguns, fatores como preços baixos do mercado,
acompanhado da falta de perspectivas para a cultura e, por
último, o clima que não favoreceu uma
produção de qualidade dos grãos
representou dor de cabeça e no bolso,
para outros, como no caso de Caixeta, só houve motivos
para comemorar neste ano, a boa safra. O preço
da saca no mercado está bom e o clima também
ajudou na colheita. O inverno na região foi propício,
beneficiou uma boa bebida. Apesar dos aspectos dos grãos
não ficarem com as características desejadas,
uniformes, justifica. Já os preços
continuaram na média, atingiram o patamar de R$ 300
a saca, alegra-se o cafeicultor.
Em algumas regiões produtoras, como São Paulo
(terceiro maior produtor do grão), na safra passada,
a saca de 60 quilos era comercializada a R$ 280,00, em média.
Este ano, surpresa no mercado: quem esperava valores mais
baixos por causa da boa produção levou um susto.
O valor da saca subiu segundo o Indicador do Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq),
vinculada à Universidade de São Paulo (USP)
para R$ 323,31 a saca de 60 kg, no mês de agosto, por
exemplo.
A perspectiva do bom preço no mercado, favoreceu os
cafeicultores a começarem os tratos culturais para
a próxima temporada. Alguns já estão
intensificando o manejo no campo, no intuito de minimizar
os efeitos do clima seco, que pode prejudicar o bom andamento
dos cafezais e reduzir a produção nacional na
temporada 2011/2012. Na propriedade, o temor de que
as floradas possam ser afetadas e que o desenvolvimento dos
frutos para a próxima safra também tenha algum
problema já foi sanado, pelo menos na região
sul de Minas. Aqui já aconteceram as primeiras floradas
dos cafezais, tranquiliza Caixeta.
Nesta safra, o cafeicultor colheu uma produção
de 40lheita mais cedo. Já o Rubi e o Catucaí
são mais tardios, conclui.
Os grãos produzidos lá na Fazenda Campo Redondo
têm destino certo. Apenas 20 a 30% permanecem no mercado
interno, o restante entra na linha de exportação.
Aliás, um mercado exigente sobre os aspectos de grãos
e sabores e, sobretudo, a qualidade. De olho, no clima e na
boa safra, Caixeta já acelera para vender parte da
safra, aproveitando as cotações em altas.Aspectos
pós-colheita.
Não é só a planta que está acometida
de pragas e doenças. Além disso, uma das preocupações
dos cafeicultores está na garantia de um produto com
100% de qualidade. Assim, tecnologia e conhecimentos podem
evitar a depreciação do cafeeiro. E para isso,
após a colheita vem o cuidado especial. É o
que pelo menos os especialistas advertem: é preciso
ter cuidado na hora do manejo dos grãos.
O gerente de café da Basf e engenheiro agrônomo,
Daniel Vieira, aconselha que após todo o processo o
grão requer cuidados especiais e redobrados. A
s% a mais, em comparação ao ano passado. No
total, foram 10,6 mil sacas. Segundo ele, o segredo do bom
resultado é que todo o seu processo de colheita e beneficiamento
se iniciou no tempo correto. Muitos cafeicultores da
região começavam muito cedo e estendia-se, até
o mês de setembro e outubro, a colheita dos grãos
remanescentes. O que a gente percebeu: é que nós
começamos a aumentar a estrutura de secagem e a retirar
os grãos no tempo inicial, entre os meses de maio e
junho, quando a maturação é mais completa.
Daí, a secagem também acontece mais rapidamente.
Neste tempo, dificilmente o produtor encontrará um
período muito chuvoso, e sim mais volume dos grãos
no ponto certo de maturação, argumenta.
Em média, as lavouras do sul de Minas só atingem
o estágio ideal de colheita no meio do ano. Mesmo
caindo os frutos, o ideal é o cafeicultor esperar,
sentencia Caixeta. Em muitas vezes, o produtor não
se preocupa com a infraestrutura, ou seja, expandem a área
de produção sem o cuidado de redimensionar toda
a estrutura da pós-colheita do café, perdendo
assim a qualidade do café obtida no campo. Muitos não
têm condições de recolher todos os grãos
no momento certo. Com isso, há perdas na produção.
Na minha opinião, este é o grande gargalo da
cultura, pontua.
Conseguir produzir café de qualidade não é
tarefa fácil, mesmo com o uso das mais avançadas
técnicas de produção. O cafeicultor fala
com ciência do assunto, Fábio Caixeta vem de
uma segunda geração no café. Desde 1970,
a família lida com a cultura, na propriedade que hoje
tem 270 hectares. Hoje, a produção da Fazenda
Campo Redondo são as variedades de Coffea arabica,
tais como o Mundo Novo, Rubi, Catuaí e Catucaí.
Cultivar essas espécies nos proporcionou utilizar
um leque de opções. O Catuaí, é
um exemplo de mais precocidade e abre a janela da coeparação
do café de varrição, que já estava
no terreiro, do café da árvore é um dos
cuidados que o produtor necessita ter. O café do solo
pode ter microorganismos suficientes para provocar fermentação
no grão, a fermentação pode transformar
uma bebida boa em bebida do tipo ruim, pontua.
Segundo Vieira, a secagem também é um outro
processo que requer atenção. Esses benefícios
influenciam diretamente no produto e na qualidade da bebida,
justifica. Em relação ao pé, o cafeicultor
também precisa se preocupar uma vez que haverá
um novo processo de produção, que dará
frutos no ano seguinte, comenta. Para isso a atenção
se volta para o ramo estar livre de pragas e doenças.
O que se cuida agora é o que se colherá depois,
justifica ele.
Daniel Vieira adverte sobre o controle de doenças nos
cafezais, como a ferrugem e a Mancha de Phoma, que ataca folhas,
ramos, flores e frutos, causando sérios prejuízos.
Na fase de florada e pós-florada a principal doença
é a phoma. Neste caso, justifica o pesquisador Roberto
Antonio Thomaziello, Instituto Agronômico de Campinas
(IAC), o controle deve ser preventivo com pulverizadores,
com fungicidas na pré e pós-florada. Porém,
ele adverte que apenas 10% da área cultivada com café
no Brasil é propícia ao desenvolvimento do fungo.
A mancha de phoma ocorre mais em regiões altas
(acima de 900 metros acima do nível do mar), com temperaturas
na faixa de 20°C e alta umidade. O ideal é o tratamento
preventivo. Depois que ela aparece o dano já foi causado,
diz o pesquisador.
O que se recomenda nessa época é a aplicação
de produtos preventivos, para a proteção do
ramo que futuramente darão os grãos de café
para o próximo ano.
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