Esse
problema é consequência do crescente incremento
da produção brasileira de grãos que,
nos últimos 10 anos, saltou de aproximadamente 80 milhões
de toneladas para cerca de 140 milhões, na safra 2009.
A praga é uma sujeira e sujeira em primeiro lugar se
retira com limpeza e higiene. Esta deve ser permanente e intensa.
Pragas que nem eram tão importantes para o controle
agora se tornam um problema para a soja e não
é um fator que está relacionado ao período
de estabelecimento da cultura, muito menos aos tratos culturais
no campo, e sim, ao último estágio da produção
a armazenagem.
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Este
foi o resultado de um levantamento pela Embrapa Soja, que
propôs mensurar a quantidade de pragas presentes em
unidades armazenadoras de grãos e de semente, nos anos
de 2008 e 2009, nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná,
São Paulo e Mato Grosso. O resultado da pesquisa foi
apresentado durante a 21ª Reunião de Pesquisa
de Soja da Região Central do Brasil (RPSRCB), realizada
de 10 a 11 de agosto, em Brasília (DF), pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), através
das unidades de Planaltina (DF) Embrapa Cerrados
e Londrina (PR) Embrapa Soja.
Foram detectadas as seguintes espécies de insetos
[entre besouros e traças] nos três levantamentos
realizados: Ephestia spp., Sitophilus oryzae, Cryptolestes
ferrugineos, Rhyzopertha dominica, Tribolium castaneum, Liposcelides
bostrychophila, Oryzaephilus surinamensis e Lasioderma serricorne,
afirma o pesquisador da Embrapa Soja, Irineu Lorini. Ainda
segundo ele, apesar de S. oryzae ter expressado maior abundância,
seguido de Ephestia spp. e R. dominica, o destaque vai para
L. serricorne, um pequeno besouro que, embora tenha tido uma
baixa frequência, era o que mais causou danos aos grãos
armazenados, pois ele fura o grão ou semente para se
alimentar, o que traz prejuízos econômicos por
causa da redução no peso e também abre
uma porta para a entrada de fungos e toxinas.
A explicação para o aumento na quantidade de
pragas em unidades armazenadoras de soja vem do maior tempo
de estocagem dos grãos a oferta farta de alimento,
atrai os insetos que se proliferam nos silos, causando então
as perdas em função da depreciação
da mercadoria.
Superprodução de grãos
Esse problema é uma consequência do crescente
incremento da produção brasileira de grãos
que, nos últimos 10 anos, saltou de aproximadamente
80 milhões de toneladas para cerca de 140 milhões,
na safra 2009. Além disso, até a pouco
tempo, os grãos de soja entravam no armazém
para o beneficiamento e já eram destinados para exportação
ou para o consumo interno, acrescenta Lorini. O
que observamos é que o tempo de armazenagem da soja
tem aumentado, muitas vezes, ocorrendo sobreposição
de duas safras.
A armazenagem deve ficar o tempo necessário para comercializar
e consumir os grãos, segundo o pesquisador, e ainda,
escoar a safra anterior até a chegada da nova safra.
Controle é a prevenção
A principal recomendação que se faz é
quanto a higiene de todas as estruturas da unidade de armazenagem,
bem como das máquinas e dos equipamentos que são
utilizados no processo de estocagem dos grãos. A
praga é uma sujeira e sujeira em primeiro lugar se
retira com limpeza e higiene. Esta deve ser permanente e intensa.
A sujeira de um dia pode ser pouca, mas ao longo de um mês
será significativa a ponto de hospedar as pragas e
iniciar o foco num armazém, explica Lorini.
Atualmente só existe um ingrediente ativo registrado
para o controle de pragas, à base de gás fosfina,
que faz o expurgo dos insetos. De acordo com o pesquisador,
o produto é 100%, se bem aplicado e obedecido os requisitos
técnicos do expurgo; não prejudica a qualidade
do grão expurgado, pois não deixa resíduo
químico ao limite de detecção.
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