Somente os principais ectoparasitas dos bovinos, causam perdas
estimadas de mais de 2,5 bilhões de dólares
aos pecuaristas, principalmente devido ao carrapato, mas também
ao berne, bicheiras, moscas dos chifres e moscas dos estábulos.
O gasto para se combater e controlar os parasitas está
cada ano maior e hoje a venda de produtos veterinários
para combate e controle de endo e ectoparasitas, representa
34% dos medicamentos vendidos, ou seja, mais de novecentos
e sessenta milhões de reais. (SINDAN,2009).
Para se ter um melhor resultado no combate e controle dos
parasitas é preciso que o pecuarista saiba que não
pode depender tão somente do uso de medicamentos, mas
que hoje informações como quais as melhores
épocas do ano para aplicação dos produtos,
quais os produtos e os princípios ativos são
os mais indicados, quais animais devem ser tratados, manejo
dos animais e pastagens..., são muito importantes e
só unindo todas as informações vai fazer
com que tenha maior êxito contra os parasitas.
Verminose
Todos os animais, independentes da espécie, são
acometidos pelo problema verminose e os prejuízos decorrentes
são fatores limitantes ao potencial de produção
em todo o mundo. A verminose traz grandes prejuízos,
como: baixos índices de crescimento dos animais, perda
de peso e retardo nas idades reprodutiva e de abate, diminuição
na conversão alimentar e, consequentemente, diminuição
nas produções de carne e leite, predisposição
a outras doenças e até baixa performance reprodutiva.
O local onde os parasitas se instalam, a espécie desses
parasitas, suas rotas de migração pelo organismo,
seus hábitos alimentares e a quantidade de formas infectantes
adquiridas, interferem nos danos causados aos bovinos. Fatores
como: idade, raça, estado nutricional e estado imunológico
determinam a extensão destes danos.
De modo geral, animais mais jovens são mais susceptíveis
a verminose do que animais adultos. O sistema imunológico
desenvolve-se lentamente, podendo ser mais eficiente, dependendo
do parasita, apenas a partir da puberdade. Os animais adultos
podem apresentar infecções subclínicas,
o que assegura a contaminação das pastagens,
prejudicando os animais mais jovens.
Existem raças que são mais ou menos susceptíveis
e, dentro destas raças, existem animais mais ou menos
susceptíveis. Como estas características são
herdáveis, recomenda-se identificar estes animais,
para que sejam descartados. Além de apresentarem menor
produtividade, são contaminadores da pastagem, pois
eliminam grande quantidade de ovos nas fezes.
Animais com dietas com baixos teores protéicos apresentam
sinais clínicos mais severos. Animais em bom estado
de saúde, com sistema imunológico, tendem a
ter menor infestação parasitária.
Ciclo da verminose
A respeito do ciclo biológico da verminose, deve-se
saber que parte do ciclo, os parasitas passam no animal (ciclo
endógeno) e parte na pastagem (ciclo exógeno).
Temperatura e umidade são fatores importantes para
sobrevivência e desenvolvimento das fases parasitárias
encontradas nas pastagens. Temperaturas entre 18 e 26 graus
Celsius e umidade elevada são ideais para o desenvolvimento
rápido, que pode ser de 7 dias, dependendo do parasita.
Os sintomas não são específicos, mas
uma vez visto, não devemos descartá-la, são
eles: diarréia, anemia, edema submandibular ou de ganacha
ou papada, tosse seca e curta, emagrecimento, apatia, desidratação
e pêlos opacos, sem brilho. Como falado, estes sintomas
ou sinais não são característicos, assim,
é importante uma avaliação do médico
veterinário, para um exame físico, anamnese
e exames laboratoriais, como o.p.g. e coprocultura, para determinar
a necessidade da vermifugação, qual produto
deve ser usado, quais animais vermifugar e dicas de manejo.
O tratamento da verminose mais recomendado é o estratégico,
que no Brasil Central, compreende a entrada, meio e saída
da seca, ou os meses de Maio, Julho e Setembro. Este tratamento
estratégico com 3 aplicações ao ano,
deve ser feito nos animais da desmama ao 30 meses de idade,
e a partir desta idade uma vez ao ano. Se os animais adultos
forem machos para o abate, a vermifugação deve
ser feita em setembro ou outubro, e se forem fêmeas,
julho ou agosto, antes dos meses de pico de parição.
Poucos pecuaristas conhecem o tratamento estratégico
e uma parcela menor ainda o fazem em suas propriedades, porém
os ganhos são grandes, principalmente, tendo diminuição
na taxa de mortalidade dos bezerros e aumento no ganho de
peso dos animais.
A mosca berneira coloca seus ovos sobre outras moscas que
os levam aos animais.
Parasitas externos
Dermatobia Hominis Berne
Popularmente chamada de mosca berneira, sua larva
é chamada de berne e desenvolve-se no tecido subcutâneo
dos mamíferos domésticos, silvestres e até
no homem. A mosca não se aproxima dos animais, costuma
colocar seus ovos sobre outras moscas como mutucas, moscas
domésticas e dos estábulos. Estas moscas colocam
os ovos sobre a pele dos animais, e quando larvas, penetram
ativamente na pele. As lesões do couro são definitivas
e são uma das causas mais importantes de desvalorização.
Cochliomyia Hominivorax (bicheira, mosca varejeira)
O inseto adulto é conhecido popularmente como mosca
varejeira e as larvas por bicheira. Seus
ovos são colocados onde há uma porta de entrada
nos animais, como por exemplo, feridas de arame farpado, castrações,
bernes ...., as larvas para poder crescer se alimentam do
tecido em volta.
Haematobia irritans (mosca dos chifres)
Foi introduzida no Brasil na década de 80 e rapidamente
se alastrou por todo o território. Alimentam-se de
sangue e vivem permanentemente sobre os animais, abandonando-os
para realizarem postura nas fezes frescas dos bovinos ou para
trocarem de hospedeiro. Produzem várias picadas doloridas,
o que devido ao incômodo, faz com que os animais deixem
de se alimentar direito, diminuindo as produções
de carne e leite. Devido as feridas no couro, podem ocorrer
miíases, complicando ainda mais o problema.
O carrapato é o maior causador de prejuízos
da pecuária.
Riphicefalus microplus (carrapato)
Hoje, o maior causador de prejuízos a pecuária
nacional. Suas fases adultas de machos e fêmeas ficam
sobre os animais se alimentando e copulando. As teleóginas,
também chamadas popularmente de jabuticabas ou mamonas,
descem dos animais e vão colocar seus ovos na pastagem,
em torno de 3.000 a 4.000 ovos. Estes ovos se transformam
em larvas e sobem nos animais. O próximo estágio
é a forma de ninfas, para daí virarem adultos.
Os principais danos provocados pelos carrapatos aos bovinos
são irritação, reações
alérgicas, inflamação, danos irreparáveis
ao couro, queda no ganho de peso e produção
de leite, além de transmitirem doenças.
A forma de aplicação mais indicada contra os
carrapatos é a pulverização. Importante
salientar que é muito importante fazer uma aplicação
correta, pulverizando o produto por todo o corpo do animal
e usar de 4 a 5 litros de calda por animal.
Para se ter um melhor resultado no controle de carrapatos,
hoje, o mais indicado é realizar um teste de sensibilidade
do parasita a bases químicas disponíveis no
mercado, só assim o produtor saberá qual o produto
mais indicado para sua propriedade.
Gustavo Máximo Martins é Médico Veterinário
Técnico Responsável pelo Laboratório
Vet&Cia Matsuda.
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