Com
o aumento desses números, o setor tem observado também
uma maior adesão das propriedades para a técnica
de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF),
que permite programar, facilitar, diminuir o tempo gasto com
o manejo e mão de obra voltados à reprodução
animal e concentrar os nascimentos dos animais em um único
período determinado. Um dos principais complicadores
para a promoção desse trabalho, está
ligado à observação do cio, principalmente,
em rebanhos comerciais, devido ao grande número de
fêmeas a serem submetidas a essa prática. Para
eliminar esse problema, foram criadas alternativas de sincronização
de cio.
Na prática, além da eliminação
da detecção de cios, a técnica traz outras
vantagens, como o aumento da lucratividade por matriz via
melhoria da eficiência reprodutiva por meio da diminuição
do intervalo entre partos, melhoramento genético em
variados rebanhos e sistemas de produção, controle
sanitário efetivo, homogeneidade dos lotes, melhor
qualidade na desmama oriunda do melhoramento genético
agregado e do nascimento em época correta, padronização
e maior peso ao desmame, otimização da mão
de obra e antecipação dos nascimentos, conforme
aponta Cristiano Ribeiro, coordenador do Programa IATF
da ABS Pecplan. Além de tudo isso, vale lembrar
que as vacas na próxima estação estarão
aptas mais cedo. Os pesquisadores buscam cada vez mais o protocolo
barato, com menos manejos e ajustes de horários e doses
de aplicação dos fármacos, desenvolvendo
pacotes tecnológicos eficientes garantindo assim a
diminuição da variabilidade dos resultados.
De acordo com a unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) Gado de Corte, basicamente,
existem dois meios para o controle do ciclo estral em bovinos.
O primeiro utiliza produtos à base de prostaglandina,
para induzir a regressão prematura do corpo lúteo
(luteólise). Como são líquidos, a via
de aplicação é intramuscular. No entanto,
esses produtos são eficientes como agentes sincronizadores
apenas quando utilizados em animais que já estejam
manifestando ciclos estrais regulares. No geral, os animais
tratados manifestam o cio de 48 a 72 horas após a aplicação
do produto, quando tratados entre o 6º e o 18º dia
do ciclo. O segundo meio de controle consiste na aplicação
de compostos à base de progesterona para suprimir o
cio e a ovulação, até que os corpos lúteos
de todos os animais tenham regredido. Eles são implantes
subcutâneos aplicados na orelha ou pessários
intravaginais, que permanecem no animal por determinado período.
Após esse período, geralmente ao redor de nove
dias, o implante ou pessário intravaginal é
removido e a manifestação dos cios ocorre de
36 a 48 horas.
Seja qual for o método escolhido na propriedade, o
médico veterinário e supervisor técnico-comercial
da Ourofino Agronegócio, Evandro Davanço Souza,
explica que a primeira recomendação é
sempre se amparar em orientação técnica
para obter melhores resultados. É preciso estar atento
quanto aos principais cuidados a serem seguidos em todos os
programas de reprodução por IATF, como a correta
identificação dos animais e escrituração
zootécnica de todos os procedimentos; fazer a avaliação
de escore de condição corporal, ou seja, condição
corporal dos animais, que em uma escala de 1 a 5 deve estar
no mínimo em 2,5. A capacitação
de equipe de inseminadores é outro fato determinante,
em virtude de fazer um grande número de inseminações
em um curto período de tempo, a mão de obra
deve estar qualificada para isso, caso contrário corre-se
o risco de redução dos resultados finais. Também
deve-se estar atento à qualidade de sêmen, procurando
a utilizar somente sêmen de centrais idôneas e
esse material deve ser avaliado para evitar o uso de sêmen
de baixa qualidade, o que, consequentemente, gera baixos resultados,
completa.
Cristiano Ribeiro acrescenta que diversos trabalhos publicados
mostraram a alta correlação da taxa de prenhez
com o escore de condição corporal, e isto, se
deve, principalmente, porque animais com baixa condição
corporal apresentam distúrbios hormonais que bloqueiam
a ciclicidades dos mesmos levando-os a condição
de anestro (inatividade ovariana). Segundo ele, outros hormônios
como a leptina (hormônio produzido pelas células
adiposas) também mostraram interferência negativa
na fertilidade quando os animais apresentavam baixos escores,
ao mesmo passo que animais com boas condições
apresentam maiores concentrações de IGF-1 (fator
semelhante à insulina) no líquido folicular
oferecendo melhores condições de assimilar carboidratos,
garantido ovócitos de melhor qualidade e conseqüentemente
melhores taxas de prenhez.
Quanto aos animais que podem ser submetidos à técnica,
Evandro Davanço ressalta que as fêmeas para IATF
devem ser sexualmente maduras, ou seja, já terem apresentado
cios anteriores. No caso de novilhas e quando falamos de vacas
paridas elas devem ter pelo menos 40 dias após o parto.
Além disso, alguns pontos devem ser levados em
consideração como o estado sanitário:
enfermidades reprodutivas, como leptospirose e brucelose,
além de outras enfermidades gerais, como verminoses,
entre outras. Assim devemos priorizar um bom manejo sanitário
do rebanho, diz.
Influência da nutrição e outros cuidados
Para adotar as ferramentas de sincronização
de cio e a IATF, os pecuaristas devem estar atentos também
à nutrição dos animais. Para Cristino
Ribeiro, vale lembrar que essa preocupação deve
ocorrer desde o pré-parto, para que seus animais cheguem
no momento do parto com escores de condições
corporais desejáveis. Assim, a matriz voltará
a apresentar ciclicidade mais precocemente, ao garantir
que a mesma continue ganhando ou mantendo peso no pós-parto,
o produtor conseguirá melhores taxas de concepção.
Ele recomenda, se possível, a utilização
de creep-feeding (sistema de suplementação para
cria com ração balanceada no cocho), como uma
grande vantagem não só pelo bezerro, mais para
a vaca que mantém escore melhor. Na estação
seca, a suplementação das vacas com proteinados
também traz impactos positivos no escore, ele garante.
O primeiro passo fundamental é nutricional, oferecendo
alimentos e água de qualidade aliados a uma mineralização
recomendada para cada categoria, em seguida, a imunização
dos animais contra as doenças reprodutivas irá
garantir melhores taxas de prenhez e assegurar uma menor perda
embrionária e fetal até o momento do parto,
afirma o coordenador, destacando que os animais devem ser
avaliados ginecologicamente por um veterinário, principalmente
as que se apresentarem solteiras ou com muito tempo de paridas,
para que o protocolo seja direcionado a esta fase reprodutiva.
Ainda de acordo com ele, uma etapa importante é uma
boa coleta dos dados zootécnicos como nome do touro,
o inseminador, categoria, lote, o protocolo, o diagnóstico
diferencial, por exemplo. Para isso, as matrizes precisam
estar devidamente identificadas antes dos inícios dos
trabalhos reprodutivos. Também é necessário
ter cuidado com os fármacos, mantendo-os em local fresco
e longe dos raios solares, fazer uma boa higienização,
armazenagem e identificação dos implantes que
serão reutilizados, finaliza.
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