Conhecer
e confiar na empresa fabricante do coração
das máquinas são fatores essenciais, mas poucos
consumidores prestam atenção para este detalhe.
Para o gerente executivo da Cummins, Luis Chain Faraj, é
importante o consumidor se interessar em conhecer mais sobre
as empresas fabricantes, porque o motor é a peça
mais valiosa. Uma empresa que tenha mais de 700 mil
motores rodando pelo Brasil é um diferencial, porque
tem mais redes de atendimento espalhadas. E como uma máquina
do agronegócio parada, seja uma colheitadeira, um caminhão
e até uma picape, significa perda de produção,
essa rede de atendimento é fundamental.
A Cummins Mundial produziu 609 mil motores em 2009 (60 mil
só no Brasil), o que representa 49% do total do faturamento
de US$ 10,8 bilhões. O ano passado foi atípico
para a empresa, devido à crise que atingiu principalmente
o segmento de caminhões, provocando quedas nas vendas
em relação a 2008, quando a Cummins produziu
886 mil motores, atingindo o faturamento de 14,3 bilhões.
Para o diretor de vendas e marketing da MWM, Michael Ketterer,
o segmento de caminhões foi o que apresentou maior
queda nas vendas em 2009, que era o principal mercado da empresa
até ano passado. Com a diminuição acentuada
desta categoria, o panorama mudou e as picapes ficaram na
frente com 35% das vendas. Caminhões ficaram em segundo,
com 30%, seguido pelo mercado agrícola, com 26% e,
por último, o mercado de geradores, com 9%.
Já a Sisu Power não sofreu com a drástica
redução no mercado de caminhões, já
que atua exclusivamente com motores voltados para máquinas
agrícolas, fornecendo para as marcas Valtra e Massey
Ferguson. Para 2010 esperamos entrar um pouco mais forte
no mercado de tratores já que firmamos uma nova parceria
com a Massey e deveremos produzir 19 mil tratores em 2010,
comenta Ricardo Huhtala, diretor da AGCO Sisu Power da América
do Sul.
As demais empresas também projetam crescimento para
2010. A Cummins estima produção nacional de
82 mil unidades, contra as 60 mil de 2009, crescimento superior
a 36%. A empresa acredita que em longo prazo, o Brasil deverá
ser um ótimo mercado consumidor por causa da Copa do
Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016, as fontes do
pré-sal, do PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento), do mercado agrícola e pela produção
de biocombustíveis e de alimento. Todos esses
fatores farão do Brasil um ótimo mercado consumidor
de máquinas e equipamentos nos próximos anos,
acredita Luis Faraj.
Já o diretor da MWM prevê alta nos números
de caminhões, devido à retomada dos investimentos
pelas empresas. Tivemos a maior queda em 2009 nesse
segmento e acreditamos que será onde teremos a maior
recuperação em 2010, comenta Ketterer.
Marketing
Investir em marketing direto ao público final, essa
é a proposta das fabricantes de motores a partir de
agora. Quando o cliente compra um trator, ele escolhe a marca
da máquina, mas leva consigo peças de diversas
empresas. Por enquanto, não há tanta influência
das marcas dos motores e de demais peças na decisão
de compra do trator, mas as fabricantes pretendem investir
em comunicação com o cliente final. Já
estamos investindo em canais diretos com o cliente, tais como
a Internet, mas também há anúncios em
meios de comunicação do ramo para atingir o
público comprador e não apenas as empresas,
explica Luis Chain Faraj, da Cummins.
Já a Sisu Power pretende se desvincular da marca Valtra.
A ligação existe há anos, inclusive pela
fábrica dos motores se situar onde são montados
os tratores Valtra. Fabricamos os motores para vendermos
a qualquer empresa. Precisamos separar a ideia das marcas,
até porque a Sisu Power é mais antiga que a
Valtra e não temos como ficar amarrados à marca
se produzimos para o mercado como um todo, aponta Huhtala,
diretor da AGCO.
Tecnologia
As empresas estão voltadas a produzir motores mais
eficazes e menos poluentes. Para isso, o etanol está
sendo à base para muitas pesquisas, assim como o biodiesel.
A MWM está finalizando os testes de um motor que roda
com até 80% de etanol, utilizando apenas 20% de diesel.
Gostaríamos de chegar em até 100% de etanol,
mas há algumas atividades das máquinas que depende
de força e para isso alta combustão do diesel
é fundamental. Pretendemos finalizar os testes e inicializar
a comercialização em 2012, prevê
Ketterer.
A Sisu Power também pretende investir nesta dupla de
combustível e estão tornando o motor com duplo
sistema de injeção. Além disso, a empresa
está se engajando no biodiesel, buscando aumentar a
porcentagem do combustível no diesel comum. Todos
nossos motores já saem de fábrica autorizados
para uso de B20 (20% de biosiesel no diesel), sendo que não
há perda de potência nem alteração
no consumo, completa o diretor da AGCO.
Já a Cummins procura seguir a legislação
europeia, que é a mais rígida, buscando disponibilidade
para atuar em qualquer parte do planeta sem restrições.
Atualmente estamos trabalhando com o B20, e nossas metas
são os códigos europeus, porque assim estaremos
seguindo as regras de qualquer país, podendo fornecer
para qualquer cliente, finaliza Faraj.
A consultoria especializada em projeções no
mercado automotivo, CSM Worldwide, estima que sejam produzidos
cerca de 166 mil caminhões e ônibus em 2010 no
Brasil, número 10% superior a 2009, quando o País
atingiu as 150 mil unidades.
Para a Associação dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea), o mercado de máquinas agrícolas
deverá apresentar incremento de 1% em 2010, totalizando
54,5 mil unidades. O baixo percentual se deve aos bons números
de 2009, ano em que projetos do governo federal e alguns estaduais,
de crédito às máquinas de baixa e média
potência, alavancaram as vendas desse tipo de segmento.
Estima-se que foram vendidas até 15 mil máquinas
a mais devido a esse suporte governamental. Além disso,
o presidente da Anfavea, Milton Rego, afirma que há
restrições ao crédito aos produtores
rurais prejudicando a comercialização neste
início de ano.
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