Agora, alguém já se perguntou ou quis saber
como funciona um tipo de máquina dessas? Quais os componentes
principais dela, ou, simplesmente, como ela consegue transformar
vastos campos de plantação em apenas grãos?
Para sanar essas dúvidas, dê uma olhada nesse
exame radiológico feito com as colheitadeiras axiais.
Mudando os eixos
Axial se refere a eixo. E foi por justamente mudar a posição
dele em relação à máquina que
a tecnologia das colheitadeiras pode ser maximizada. Ao
invés de a debulha, a trilha e a separação
acontecerem em cilindros batedores que atuam perpendicularmente
ao eixo da máquina (paralelo se comparado com a plataforma
de colheita), essas etapas ocorrem em um rotor axial (paralelo
ao eixo da máquina), onde a movimentação
do material ocorre sem impactos bruscos, sendo acelerada e
processada de forma axial ao eixo do rotor, explica
Eduardo Isaac, especialista em marketing de produto da Case
IH. Não existe um batimento do material
e sim um processo progressivo de debulha, trilha e separação,
o que evita danos severos ao material e melhorando significativamente
a qualidade da colheita, certifica.
O coração da máquina
O rotor é o órgão mais importante da
colheitadeira e é dele que vem o grande segredo para
uma boa colheita. Ele é acionado por um mecanismo e
gira no sentido anti-horário, e a partir de estruturas
fixadas a ele como as gengivas e as barras
raspadoras, é realizada a separação
do material (palha e grãos). O operador inclusive
pode escolher quantas voltas o material precisa dar em torno
do rotor antes de seguir para a limpeza através de
vanes reguladores. Depois de passar pelo rotor,
o material cai no sistema que o transporta até a peneira
para limpeza, descreve Isaac.
A Case IH, empresa que atualmente faz parte do grupo Case
New Holland (CNH), destaca-se como a pioneira em termos de
colheitadeiras axiais. Segundo o representante da montadora,
em 1977, a International Harvester, que logo depois se firmaria
sob a marca Case, lançava a primeira colheitadeira
a partir desse sistema. De lá pra cá, demais
componentes e tecnologias foram sendo agregadas a esse tipo
de máquina.
Efetivamente, os principais itens de uma axial são
o cone de transição e o rotor, o qual realiza
o processo de debulha, trilha e separação suaves,
o que evita quebras de grãos (dano mecânico),
dano latente ao grão (impedindo-o de germinar quando
destinado à sementes) e perdas de material processado
(sementes que são perdidas e lançadas no chão),
avalia Isaac.
Outro coração axial de destaque,
é apresentado sob o conceito STS, ou Single Tine Separation,
da John Deere, uma montadora que também tem presença
forte no Brasil, em especial, no segmento de plantadeiras,
e que vem despontando na área de colheitadeiras, garantindo
mais opções ao vasto mercado de máquinas
agrícolas brasileiro.
O rotor da John Deere apresenta três seções
distintas, para alimentação, trilha e separação,
o que corresponde a três diâmetros diferentes
da caixa do rotor. O aumento do diâmetro faz com que
a palha sofra um efeito de compressão e descompressão
em sequência, o que faz a palha se separar do grão
naturalmente.
A frente do dispositivo é em forma de cone, e por isso
oferece espaço maior para os grandes volumes de material
vindos da seção de alimentação,
que são distribuídos de forma mais fácil
e uniforme.
Na seção de alimentação, as paletas
enviam o material de colheita em uma camada fina para a área
de trilha, o que significa menor risco de obstrução
e redução do consumo de potência.
No sistema de trilha e separação o manuseio
ocorre de maneira mais suave, e a colheitadeira pode trabalhar
com velocidades de deslocamento maiores sem comprometer os
grãos.
Fígado, pulmão e rins
Já que a analogia é com órgãos
do corpo humano, pode-se dizer que outras peças de
grande importância às máquinas teriam
uma função de destaque no processo de seleção
dos grãos, como é o trabalho feito por peneiras
de limpeza e um sistema de ventilação, o ventilador
Cross Flow, das máquinas da Case, que garante um fluxo
forte e uniforme de ar para lançar a palha do material
para o picador de palha. Este último, é
outro importante item da colheitadeira, pois é responsável
por picar o material que volta ao solo para cobertura de área
após a colheita, preservando-o.
Para todos os bolsos
Se a vontade era ter uma máquina desse tipo, mas que
coubesse tanto na garagem como o bolso de um médio
ou pequeno produtor, alguns lançamentos poderão
ser oportunos, como é o caso da colheitadeira 9470
STS, da John Deere, apresentada na Agrishow deste ano. A máquina
em questão é de porte menor do que as primeiras
colheitadeiras STS lançadas no mercado, como a 9650
e a 9750, permitindo que uma nova faixa de clientes possa
passar dos equipamentos com sistema de saca-palhas para o
sistema axial.
Já, no caso da Case, o lançamento mais recente
é o da Axial-Flow 8120. A nova máquina está
equipada com um motor de 425 cavalos e possui um tanque graneleiro
de 12,3 mil litros de capacidade. Ela se destaca por sua ampla
área de limpeza de 6,5 metros quadrados, além
dos 2,7 metros quadrados da bandejão de pré-limpeza.
Outra diferença é que toda o sistema de limpeza
da máquina, inclusive o ventilador, se nivela automaticamente
até uma inclinação de 12%, de modo que
não há necessidade de alterar a velocidade em
pequenos declives ou irregularidades do terreno por temor
de perder grãos.
Da
planta ao grão
1)
A base da planta é cortada pelas navalhas da plataforma
de colheita;
2) O material é recolhido pelo conjunto molinete/eixo
sem-fim transportador e após isso, entra pelo canal
alimentador;
3) Em seguida, é acelerado suavemente pelo cone de
transição;
4) Já no rotor, o coração da máquina,
o material é processado, enviado através de
um sistema transportador (eixos sem-fim ou bandejão
dinâmico) para a limpeza (peneiras) e depois, segue
para o tanque de grãos.
Rotor
convencional
O SISTEMA DE ROTORES CONVENCIONAL TRABALHA PERPENDICULARMENTE
AO EIXO DA MÁQUINA, O QUE OCASIONAVA UM CHOQUE MAIOR
NA HORA DA DEBULHA, CONTRIBUINDO ASSIM PARA MAIORES DANOS
AOS GRÃOS.
Rotor
O SUPER ROTOR STS FOI PROJETADO PARA AUMENTAR O MANUSEIO DO
MATERIAL, POSSIBILITANDO MAIOR RENDIMENTO EM CONDIÇÕES
DIFÍCEIS DE COLHEITA, COMO EM CASOS DE PALHA DURA,
VERDE OU ÚMIDA. A FRENTE DO DISPOSITIVO É EM
FORMA DE CONE, E POR ISSO OFERECE ESPAÇO MAIOR PARA
OS GRANDES VOLUMES DE MATERIAL VINDOS DA SEÇÃO
DE ALIMENTAÇÃO.
Em
1977, a International Harvester, que logo depois se firmaria
sob a marca Case, lançava a primeira colheitadeira
a partir do sistema de colheita axial.
O
rotor da John Deere apresenta três seções
distintas, para alimentação, trilha e separação,
o que corresponde a três diâmetros diferentes
da caixa do rotor.
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