A
pecuária tradicional e extensiva praticada no Pantanal
brasileiro é fator de conservação ambiental.
A constatação é do chefe geral da Embrapa
Pantanal, José Aníbal Comastri Filho, depois
de receber a publicação de um estudo que comprova
que 87% da vegetação nativa do bioma está
intacta. Esta situação já era de conhecimento
de técnicos e pecuaristas que trabalham e vivem na
região. O que faltava eram informações
técnicas que agora foram levantadas por este trabalho.
Este
estudo foi coordenado pela WWF-Brasil, com a participação
de outras quatro ONGs (Organizações Não-Governamentais):
Ecoa, Avina, SOS Pantanal e Conservação Internacional.
A Embrapa Pantanal (Corumbá/MS), Unidade da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada
ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA), atuou como consultora técnica.
"Este
estudo pode ser considerado um marco zero para efeito de acompanhamento
do desmatamento no Pantanal. Na verdade, houve uma publicação
anterior, de 2002, feita por Miriam Abdón, que apresenta
resultados semelhantes. Mas este novo estudo utilizou outras
metodologias e veio a corroborar os resultados anteriores,
confirmando que a pecuária tradicional contribuiu para
a manutenção da biodiversidade na planície
pantaneira", disse Comastri.
O
pesquisador lembra que a pecuária é praticada
no Pantanal há 270 anos e o bioma é o mais conservado
do país. "O Pantanal deveria servir de exemplo
para outros biomas e até para outras regiões
do mundo. O que outros países estão fazendo
para garantir a conservação da vegetação
nativa de seus biomas? Há poucas informações
neste sentido."
Esse
é um dos diferenciais do Pantanal. Para que a pecuária
seja praticada na planície, o pantaneiro tem a receita,
que se baseia na manutenção das pastagens nativas
de boa qualidade em sua propriedade. O boi se adaptou às
condições da região e se alimenta dessas
pastagens naturais.
"Os
resultados do estudo demonstram que a produção
pode conviver com o meio natural, adaptando-se às suas
condições e gerando menor impacto sobre a biodiversidade
e os demais serviços ecossistêmicos", aponta
o relatório publicado pelas ONGs. O trabalho se chama
Monitoramento das alterações da cobertura vegetal
e uso do solo na Bacia do Alto Paraguai Porção
Brasileira.
Comastri
defende que o Poder Público crie mecanismos de compensação
ambiental para os produtores que ajudaram a conservar o Pantanal.
"Eles precisam ter acesso a algum benefício para
que continuem explorando a região da forma tradicional,
como sempre fizeram. Graças a eles os brasileiros conseguiram
manter praticamente intacto o Patrimônio da Humanidade",
disse.
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