Dessas,
18,5 milhões de sacas foram consumidas por aqui. Projeções
divulgadas pela Assessoria de Gestão Estratégica
(AGE) do Ministério para os próximos dez anos
apontam que o consumo interno deverá crescer muito
acima do crescimento populacional, com taxa prevista de 2,65%
ao ano para o período 2009/10 a 2019/2020. A Organização
Internacional do Café OIT (2009), estimou uma
taxa anual média de crescimento do consumo no mundo
de 1,54% nos últimos 37 anos. A área plantada,
no entanto, pode sofrer uma redução de 2,11
milhões de hectares em 2009/10 para 1,94 milhão
de hectares no período em questão. Mas afinal,
quais regiões produtoras têm oferecido um produto
diferenciado aos consumidores e que devem atender a toda essa
demanda?
Para o segundo semestre de 2010, a Associação
Brasileira da Indústria de Café (ABIC) lançará
a segunda edição do Guia da Qualidade do Café,
publicação que traz o estudo sobre as características
de qualidades dos cafés de diferentes regiões
produtoras no País. Por conta de levantamentos como
esse, o diretor executivo da entidade, Nathan Herszkowicz,
afirma que é possível sim traçar um mapa
das localidades que atualmente oferecem ao mercado um grão
de melhores padrões. Antes, porém, é
importante lembrar que o Brasil, conhecido pelas suas dimensões
continentais, abriga uma impressionante diversidade geográfica
graças à sua particular abrangência de
latitudes. Temos o chamado Cinturão Brasileiro
de Café, por exemplo, que estende-se ao longo da linha
Norte-Sul, desde 12º até mais de 24º de Latitude
Sul, o que representa aproximadamente 1.200 km em linha reta,
mesclando diversas altitudes de produção e suas
topografias características, ora montanhosa, ora um
imenso planalto. Combinando o amplo leque de variedades botânicas
e os distintos manejos que podem ser dispensados durante a
colheita e secagem dos grãos, fica evidente a rica
gama de aromas e sabores que o Brasil pode produzir,
conta.
No mês de junho, foram publicados no Diário Oficial
da União os zoneamentos agrícolas de risco climático
para o café com as condições favoráveis
ao plantio da cultura, safra 2010, para o Distrito Federal
e os Estados de Goiás, Espírito Santo, Mato
Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rondônia
e São Paulo e indicação das as melhores
épocas para a plantação da lavoura, que
variam do início de outubro ao final de dezembro. O
volume de chuvas e a temperatura são os fatores climáticos
que mais impactam no desenvolvimento da planta. O intervalo
entre 19ºC e 21ºC são os ideais para a cultura,
mas o cafeeiro tolera temperaturas de 18ºC a 23ºC.
A planta também necessita de umidade adequada durante
os períodos de vegetação e frutificação.
A falta de chuva pode causar ressecamento dos ramos, morte
das raízes e deficiência de nutrientes no cafeeiro.
O café é um produto terroir, ou seja,
influenciado diretamente pelos aspectos geográficos,
climáticos e culturais. A imensa variedade de aromas
e sabores advém exatamente das características
específicas de cada região ou microrregião
produtora, com suas diversas altitudes e topografias, que
variam de montanhas a largas planícies, lembra
o diretor Natan, ressaltando que as variedades botânicas
influenciam igualmente nesse verdadeiro cardápio de
cafés oferecidos pelo Brasil, assim como os distintos
procedimentos que cada produtor utiliza durante a colheita
e a secagem dos grãos.
Responsabilidade
compartilhada
O Brasil produz cafés para todos os bolsos e
gostos tanto dos brasileiros quanto dos diversos mercados
que abastece. Isso decorre de dois importantes agentes do
agronegócio: do empenho do cafeicultor em investir
na maior qualidade das suas lavouras, e da maior capacitação
profissional e tecnológica das indústrias torrefadoras,
comenta Nathan Herszkowicz. De acordo com ele, os processos
e tecnologias industriais de ponta têm permitido preservar
todos esses aromas e sabores nas etapas de torra, moagem e
embalagem do café, garantindo que a qualidade e peculiaridades
obtidas na lavoura cheguem intactas à xícara
do consumidor.
Para a indústria, ele diz ser essencial conhecer bem
o processo desde a lavoura até a industrialização,
para entender todos os fatores que podem influenciar na qualidade,
desde a seleção de mudas, plantio, colheita,
o pós-colheita, métodos de secagem e preparo
dos cafés, a torração e a moagem, e
que utilize grãos de qualidade boa à excelente.
É imprescindível que a indústria
possua um bem equipado laboratório e uma equipe de
classificadores e profissionais de prova capacitados a avaliar
a qualidade dos grãos. Outra preocupação
da indústria deve ser com os equipamentos de torra
e moagem, que devem estar adequados e regulados para atender
às linhas de produção de cada uma das
marcas. O uso da embalagem correta é outro fator determinante
para se manter a qualidade do café dentro do prazo
de vida útil que a indústria pretende do seu
produto, sinaliza.
Além dos produtores e da indústria, a qualidade
do café é ainda responsabilidade de outros agentes,
como o mercado e o próprio consumidor final. Herszkowicz
atenta o armazenamento correto como um fator determinante
para que a qualidade do café seja preservada no mercado,
independente se em uma pequena mercearia ou em um hipermercado,
que, por conta da absorção de odores jamais
deve ser colocado próximo a produtos de limpeza ou
de higiene.
Para o consumidor, as recomendações para preservar
a qualidade são que se prepare corretamente o café,
que deve ser feito sempre com água filtrada ou mineral,
não fervida, mas em início de ebulição;
se for guardar na garrafa térmica, deve-se preparar
a quantidade que for ser consumida em 1 hora depois
desse tempo, o café oxida e perde o sabor; deve-se
adoçar apenas quando se coloca o café na xícara;
no momento da compra, verificar a data de fabricação,
pois cafés recém torrados têm mais sabor,
e adquirir quantidades adequadas à família,
ou seja, 500 gramas para atender a um maior número
de pessoas e de 250 gramas para casais ou solteiros.
Opções
de boxes:
1-
A ABIC, fundada em 1973, gerencia um programa de certificação
e qualidade que monitora anualmente mais de 1100 marcas quanto
à pureza e quanto à qualidade, sabor, aroma
e consistência do produto. Faz isto por meio de seus
inúmeros programas tais como, o Selo de Pureza; o Programa
de Qualidade do Café - PQC; o Programa Cafés
Sustentáveis do Brasil PCS, e o Programa Circulo
do Café de Qualidade - CCQ, este último destinado
a melhorar continuamente a qualidade do produto e dos serviços
nas cafeteiras. A entidade atua em diversas esferas: junto
aos industriais, aos produtores, ao varejo, aos consumidores
e também junto aos centros de pesquisas, universidades
e órgãos governamentais.
2-
Em junho, o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé),
do Mapa, autorizou a liberação de R$ 345 milhões,
do montante de R$ 2,088 bilhões previstos para a safra
de 2010. Os recursos serão aplicados na contratação
de linhas de crédito, sendo R$ 145 milhões para
colheita, R$ 170 milhões para estocagem e R$ 30 milhões
em Financiamento para Aquisição de Café
(FAC).
O
quadro elaborado por Ensei Neto, da Specilaty Coffee Bureau,
consultoria parceira da ABIC, apresenta as principais regiões
produtoras de café no Brasil, incluindo informações
sobre topografia e perfil da qualidade de cada uma delas:
UF
|
REGIÃO
|
CIDADES-POLO
|
TOPOGRAFIA
SENSORIAL
|
BOCA
|
PR |
Norte
|
Londrina,
Jacarezinho |
Ondulada
Suave, Pouco Montanhosa |
Acidez
delicada, medianamente encorpado, predomínio de
notas de caramelo e nozes. |
SP |
Alta
Paulista |
Garça |
Planalto,
Ondulada Suave |
Acidez
delicada, medianamente encorpado, predomínio de
notas de caramelo e nozes. |
Sorocabana |
Piraju |
Montanhosa
Suave |
Acidez
média, medianamente encorpado, toques de ervas
como capim limão, rapadura e nozes. |
Alta
Mogiana |
Franca |
Planalto,
Ondulada Suave |
Acidez
média, corpo de médio a intenso, caramelo,
eventual frutas amarelas, chocolate e finalização
média a longa. |
Média
Mogiana |
E.
S. do Pinhal |
Ondulada
Suave, Montanhosa |
Acidez
média a alta, corpo de médio a intenso,
floral, frutas como uvas, caramelo, chocolate e amêndoas. |
MG |
Cerrado |
Patrocínio,
Araguari |
Planalto,
Ondulada Suave |
Acidez
média a delicada, encorpado, frutas amarelas como
pêssego, caramelo, dark chocolate, amêndoas
e nozes. Finalização longa. |
Sudoeste |
Guaxupé,
S. S. Paraíso |
Ondulada
Suave, Montanhosa |
Acidez
média a alta, encorpado,floral, frutas como uvas,
caramelo, chocolate e frutas secas. |
Sul
- Planalto |
Varginha,
Três Pontas |
Ondulada
Suave, Pouco Montanhosa |
Acidez
média, corpo de médio a intenso, presença
de caramelo, chocolate e frutas secas. Finalização
de média a longa. |
Sul
- Montanha |
Poços
de Caldas, Carmo de Minas |
Montanhosa |
Acidez
média a alta, corpo de médio a intenso,
floral, frutas como uvas, caramelo, chocolate e amêndoas. |
Matas
de Minas |
Manhuaçu |
Montanhosa |
Acidez
média a alta, corpo médio a intenso, mel,
floral, ervas como capim limão, caramelo e chocolate. |
ES |
Montanhas |
Venda
Nova do Imigrante |
Montanhosa |
Acidez
média a alta, corpo médio a intenso, floral,
frutas a uvas, caramelo e chocolate. |
BA |
Oeste |
Luis
Eduardo Magalhães |
Planalto |
Acidez
delicada, medianamente encorpado, predomínio de
notas de caramelo e nozes. |
Centro-Sul |
Barra
do Choça |
Ondulada
Suave a Montanhosa |
Acidez
média a alta, corpo de médio a intenso,
floral, frutas como uvas, caramelo e amêndoas. |
|