No
ano de 2001, a indústria fabricante de produtos fitossanitários
do Brasil foi uma das principais responsáveis pela
fundação do Instituto Nacional de Processamento
de Embalagens Vazias (InpEV), organização sem
fins lucrativos, que dá o destino final adequado dessas
embalagens e articula toda a cadeia do setor para o cumprimento
da Lei 9.974/00, que regra o recolhimento e rumo final das
embalagens determina a responsabilidade compartilhada para
agricultores, canais de distribuição, indústria
fabricante e poder público. Para que a estrutura funcione,
os associados ao Instituto fazem uma contribuição
anual de acordo com uma divisão que considera o perfil
e volume das embalagens colocadas no mercado e o custo da
sua destinação final. Atualmente, são
membros do InpEV 99% das empresas fabricantes de defensivos
agrícolas do Brasil e sete entidades, incluindo as
de classe representativas da indústria, dos canais
de distribuição e dos agricultores.
João César Rando, presidente do Instituto, considera
a entidade um núcleo de inteligência do sistema
e não tem dúvida de que todos os atores envolvidos
têm executado corretamente suas obrigações.
O Brasil hoje ocupa uma posição de liderança
no mundo, é uma referência em centro de excelência
graças aos esforços de todos. Temos uma lei
inteligente que faz com que haja um compartilhamento e um
comprometimento de cada elo e que trouxe uma solução
para um problema que antes estava no campo: as embalagens
dispostas de maneira irregular causando um problema não
só para o meio ambiente como para a saúde humana,
comemora. Segundo ele, um ponto muito importante no processo
é a conscientização do agricultor quanto
à tríplice lavagem. Temos investido muito
nesse sentido. Tanto que, hoje, as embalagens tecnicamente
lavadas representam 95% do volume total recebido e podem ser
recicladas.
Na opinião de Eduardo Daher, diretor executivo da Associação
Nacional de Defesa Vegetal (Andef), é fato que a indústria
independente do tempo, talento e dinheiro se preocupa em explicar,
treinar e educar seu público usuário. A
dinâmica desse processo é muito rápida
e nos obriga a nos atualizarmos e a reciclar o aplicador.
Evidentemente, é um processo que temos que nos aprimorar
e em algumas novas áreas somos obrigados a ir cada
vez mais longe, conta Daher, ressaltando que para esse
trabalho de orientação em grandes centros é
o menos importante, pois o que interessa mesmo é o
Centro-Oeste, as novas áreas do cerrado, o circuito
MA-PI-TO (Maranhão, Piauí e Tocantins), onde
o agronegócio brasileiro tem tido melhor atuação
e desempenho, mesmo que tenha entraves em logística,
não-reforma tributária e nos problemas de crédito.
Entretanto, o Brasil é líder absoluto
incontestável no recolhimento e reprocessamento de
embalagens usadas de defensivos. Somos copiados pelos Estados
Unidos, Canadá e países da Europa e a soma das
três maiores nações que recolhem depois
do Brasil, não alcança o número nacional.
Isso é feito por meio de dois processos: o da instrução,
desde às crianças da comunidade até o
agricultor, e, é claro, por conta da responsabilidade
compartilhada.
De acordo com o InpEV, nos primeiros quatro meses de 2010,
as unidades de recebimento de todo o País encaminharam
para o destino ambientalmente correto 10 mil toneladas de
embalagens vazias de defensivos agrícolas. Esse volume
representa um crescimento de 23,6% em relação
ao mesmo período de 2009, quando foram processadas
8.098,4 toneladas. Um levantamento apontou que, 93,7% das
mais de 10 mil toneladas de embalagens seguiram para reciclagem.
Os dados revelam ainda que os Estados que mais destinaram
embalagens de janeiro a abril foram: Mato Grosso (com 1.996,8
toneladas), Paraná (com 1.376,6 toneladas), São
Paulo (com 1.267,2 toneladas), Goiás (com 1.259,5 toneladas)
e Minas Gerais (com 884 toneladas). Esses cinco Estados representam
mais de 70% do volume destinado em todo o Brasil. Hoje
no Brasil, temos cerca de 412 unidades de recebimento. São
298 postos e 113 centrais de recebimento que estão
em todos os Estados da federação, evidentemente,
a maior parte onde está a maior produção
agrícola. Toda essa estrutura é compartilhada
e pertencente a todo o sistema que apoiam, apontam metodologias,
processos de trabalho e procedimentos, fazendo com que os
centros e a unidades funcionem da forma mais eficiente possível,
finaliza João Randon.
Atuação
de empresas no campo
No
campo, a Syngenta também promove campanhas de educação
e treinamento junto aos agricultores e distribuidores
destacando seu papel no cumprimento desta legislação. São
ações de stewardship com foco no agricultor,
como por exemplo, o trabalho em dias de campo, palestras educativas
com orientação sobre aquisição
segura dos produtos via o receituário agronômico
e nota fiscal, transporte adequado, armazenagem segura, uso
adequado de EPI, preparo da calda, tecnologias corretas de
aplicação e a destinação
correta das embalagens vazias. Os investimentos são
realizados em educação, treinamento, desenvolvimento
de novos materiais, incineração dos produtos
que têm que ser destruídos, entre outros. Além
disso, a Syngenta também participa ativamente do Dia
Nacional do Campo Limpo, comemorado todo dia 18 de agosto,
afirma Egidio Moniz, gerente de segurança de produtos
da Syngenta Crops.
Ele destaca ainda que o Projeto EPI é muito importante
para a Syngenta, que sempre focou nesta questão e foi
a primeira empresa de agroquímicos do Brasil que ajudou
a fabricar o primeiro EPI Tropical do mundo, o EPI de algodão,
em 1989. Atualmente, todos os que comercializam os conjuntos
de segurança, vendem EPIs desenvolvidos pela Syngenta.
Em 2009 colocamos no campo 65 mil EPIs. Atualmente, nós
temos quatro fornecedores do equipamento: um para São
Paulo, um para Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná,
outro para Minas Gerais e Nordeste e o outro para o resto
do país, aponta ele lembrando que desde 2007,
a equipe de campo da empresa, em parceria com os fabricantes
de EPI, realizou 62 treinamentos destinados a agricultores
e técnicos sobre a importância do uso dos equipamentos.
Para incentivar o uso dos equipamentos, estabelecemos
uma política de distribuição que inclui
a atuação em parceria com as revendas e as cooperativas
que comercializam produtos da Syngenta. Por meio desse projeto
são comercializados, anualmente, sem lucro para a organização,
cerca de 50 mil kits de EPI, o que coloca a companhia como
referência nessa área no Brasil, acrescenta.
Na Monsanto, além de palestras e treinamentos sobre
agroquímicos e orientação sobre o descarte
correto de embalagens, a empresa inclui também nos
rótulos das embalagens de todos os seus produtos a
orientação de como o produtor deve proceder
para fazer essa operação. A indústria
também participa, através do Comitê Andef
para Boas Práticas (COGAP) de ações da
indústria para promover o uso correto e também
a questão do descarte de embalagens. Em 2009, os eventos
relacionados a químicos alcançaram 156 Dias
de Campo, com 13.212 participantes, 73 palestras que contaram
com 3.187 pessoas, 38 treinamentos sobre o uso correto e seguro
de defensivos atingindo 803 envolvidos e a participação
em 37 grandes eventos que alcançaram mais de 292 mil
pessoas.
Já a Basf disponibiliza conhecimento por meio de iniciativas
como o Programa QualificAR, um serviço de consultoria
e treinamento para os canais de distribuição
nas áreas de armazenamento e transporte de produtos
fitossanitários, onde são analisados todos os
aspectos de segurança, saúde e meio ambiente.
Desde que foi iniciado em 2001, ele já percorreu
mais de 321 cidades, em 16 Estados. São mais de 565
clientes, como revendedores, cooperativas, grandes agricultores,
usinas de cana-de-açúcar e sementeiras,
garante Roberto Araújo, gerente de Marketing e Comunicação
da Divisão de Proteção de Cultivos da
Basf América Latina e representante da empresa no InpEV.
A empresa também mantém um programa na área
de EPI, no qual por meio de uma parceria com seus distribuidores
disponibiliza equipamentos nos pontos de venda de seus produtos.
Os EPIs possuem certificação e são os
mesmos utilizados pela equipe de campo da Basf. A companhia
estimula continuamente o uso correto dos EPI no campo através
de ações de assistência técnica,
palestras, dias de campo e treinamentos. A Basf divulga a
legislação e orienta agricultores e trabalhadores
rurais sobre a importância do uso das vestimentas para
proteção da saúde. Em 2010, o Programa
EPI está completando 12 anos e desde que foi criado
já ajudou a comercializar mais de 430 mil kits.
Em relação ao trabalho junto ao InpEV, Roberto
Araújo, fala sobre a importância da economia
gerada por meio do Instituto obtida por meio da otimização
da logística reversa. Ficaria muito mais dispendioso
para os fabricantes, distribuidores e agricultores atender
à legislação se a entidade não
existisse. Vale destacar que o custo médio por quilo
de embalagem recolhida pelo órgão é o
mais baixo do mundo (menos de US$ 0,25/kg). Isto se deve a
excelência operacional do sistema desenvolvido no Brasil,
aponta ele, lembrando que entre 2002 e 2008 foram retiradas
mais de 145 mil toneladas de embalagens vazias da natureza.
Com base num estudo de ecoeficiência realizado pela
Fundação Espaço Eco, o gerente diz que
comprovou-se que nestes sete anos, a destinação
adequada de embalagens vazias pelo InpEV gerou um ganho ambiental
que equivale a 164 mil toneladas de carbono que deixaram de
ser emitidas na atmosfera ou a quantidade de 816 mil árvores
que deixaram de ser cortadas. Isto é, sem dúvida,
o maior benefício para a sociedade e para o ambiente.
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