Mesmo
com toda informação necessária passada
nos dias de campo desenvolvidos pela Embrapa Algodão,
em Campinas (PB), os produtores recebiam também um
passo a passo bem prático para fazer o acompanhamento
da lavoura e assim poder seguir as indicações
apropriadas para cada estágio da lavoura.
Pré-plantio
O trabalho tinha por início com os tratos para o pré-plantio.
Com uma adubação geral no solo, à base
de esterco, em toda a área a ser estabelecida as culturas.
Essa adubação é feita com esterco
curtido ou com biofertilizante, detalha o pesquisador
Fábio Aquino de Albuquerque, especialista em sistemas
de produção de algodão da Embrapa Algodão.
Nos dois casos ela é feita em toda a área
independente da cultura. No entanto, o biofertilizante também
é aplicado em datas específicas, por exemplo,
na floração e quando as plantas sofrem algum
déficit hídrico.
Como o estabelecimento da lavoura tem de ser em nível,
é ideal que o agricultor marque as curvas de nível
para fazer plantio. O plantio em nível se refere
ao fato do plantio não ser realizado no sentido de
corrimento das águas. Por exemplo, em um morro a água
das chuvas descerá livre até a base dele, assim
o plantio deve ser feito de modo a reduzir a velocidade de
decida da água, permitindo uma maior infiltração
e minimizando os problemas de erosão, explica.
É altamente recomendado que se faça a incorporação
de restos culturais como galhos e folhagens ao solo (enleiramento).
E nesse caso, isso deve ser feito nas linhas de plantio, logo
após a colheita, e também sobre as curvas de
nível.
Plantio
Deve ocorrer logo nas primeiras chuvas, e o algodão
é a primeira espécie a ser plantada. Com aproximadamente
20 dias após a emergência dele é que se
plantam as demais espécies. Recomenda-se que o plantio
seja estabelecido em faixas. Em consórcios com o mínimo
de quatro culturas, com faixas de quatro a 10 linhas de cada
cultura.
A inclusão do gergelim é imprescindível,
nesse caso. Especialmente por estabelecê-lo na bordadura,
contornando do a área de plantio. Sendo assim,
essa cultura funcionará como atrativo alimentar para
a formiga, evitando ou reduzindo o ataque sobre o algodoeiro
e as outras culturas do consórcio, esclarece
o pesquisador. Outro destaque do gergelim é o
preço que é bastante atrativo, é uma
cultura de ciclo curto e de fácil manuseio. Além
de produzir bem, pode ser comercializada em forma de semente
(grão) ou pode ser beneficiada na própria comunidade
agregando mais valor.
Manejo de 0 a 30 dias
Com 15 dias de nascimento das plantas, é recomendado
um raleamento delas. É o que se chama o desbaste. É
indicado, nesse caso, duas plantas de algodão por cova.
Faz-se também uma adubação foliar, com
biofertilizante pelo menos duas vezes. A primeira aplicação,
no período do crescimento das plantas (depois do desbaste),
e a segunda, na época de floração do
algodoeiro. Caso ocorra estiagem, também é recomendável
fazer essa adubação. Esse biofertilizante,
normalmente, é feito com esterco fresco, capim, raspas
de rapadura ou melaço, água, urina de vaca e
leite. Estes são os componentes básicos. Há
ainda quem adicione folhas de nim, maniçoba, entre
outras, explica Albuquerque.
Diante desse período também é necessário
capinar a área com enxada ou cultivador na época
do desbaste, para deixar a área sempre limpa, para
assim poder acompanhar melhor o desenvolvimento da lavoura
e até mesmo o aparecimento do bicudo.
Manejo de 31 a 60 dias
Nessa fase começam-se as reais preocupações
do produtor, em especial com o aparecimento do bicudo. Nesse
sentido é importante que se faça a catação
dos botões florais caídos, se possível
diariamente logo no início do ataque do bicudo. Continuar
colhendo duas ou três vezes por semana até a
colheita.
Assim que o nível de controle atinge 10% de botões
atacados e também com a catação de botões
florais, o manejo do bicudo passa a ser feito com aplicação
de caolim, um pó de rocha aceito para o uso em lavouras
orgânicas e que possui uma ação de repelência
ao inseto. Os botões catados são retirados das
áreas de plantio e fornecido aos animais (vacas, caprino
ou ovinos). Caso não haja animais na propriedade, esses
botões devem ser enterrados, e jamais devem ser queimados.
Ainda seguem-se recomendações de adubação
foliar com biofertilizante na floração ou se
houver estiagem, e também a realização
das capinas, na medida que as plantas espontâneas estejam
atrapalhando as culturas.
Colheita
Recomenda-se não colher o algodão com umidade
ou muito sujo e, ao colhê-lo, deve-se fazer de forma
separada, o algodão de primeira com o de segunda. Em
termos gerais essa análise, como se considerar um algodão
de primeira ou de segunda, será um tanto subjetiva,
e portanto o produtor deverá perceber os capulhos que
se apresentarem mais vistosos e cheios. Além
desse aspecto visual, tem-se também a questão
dos capulhos colhidos da parte mediana e inferior da planta,
que são os capulhos maiores e mais bem formados. Ficando,
então, os capulhos da parte superior como de segunda,
por serem menores, acrescenta Albuquerque.
O produtor deverá ir acondicionando as plumas em sacos
de algodão, bem como na hora de armazená-las.
O local ideal para deixar a produção deve ser
bem arejado e sem o contato com chão e paredes.
A codificação dos sacos de armazenamento são
necessárias para indicar dados sobre data de colheita,
área de colheita, nome do agricultor responsável,
qualidade da fibra, além de também identificar
se é de primeira ou segunda o tipo do algodão.
Pós-colheita
Por
fim, a área de lavoura é utilizada para pastejo
animal, com a incorporação dos restos culturais
da própria lavoura, ou mesmo a incorporação
de restos culturais de fora da área.
É recomendada a eliminação dos pés
de algodão antigos, depois da colheita, inclusive os
de algodão mocó próximos às áreas
de plantio.
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