A
detentora deste posto é a Agropecuária Santa
Bárbara que, além dos sete conjuntos de fazendas
no Sul do Pará, possui dois centros de genética,
sendo um em São Paulo e outro em Minas Gerais, além
de um rebanho para terminação em Mato Grosso.
O projeto sempre foi fundamentado em algo extremamente profissional,
desde o seu início em 2004. Os primeiros trabalhos
se basearam em pesquisas de mercado em busca de possíveis
áreas de retorno financeiro e, ao mesmo tempo, pesquisas
de localidade, clima e solo. Identificamos que a região
sul do Pará tem um bom clima e solo, porque chove entre
2.800 milímetros (mm) a 3.000 mm por mês. Além
disso, as condições de crescimento do negócio
na região são favoráveis. Ao final, fizemos
uma pesquisa de mercado e decidimos investir na venda de bezerros,
comenta Lúcio Cornachini, superintendente de agronegócios
da Santa Bárbara.
Segundo ele, o preço da arroba do boi estava em baixa,
e era a época em que os frigoríficos estavam
começando a fechar às portas. Não
queríamos ficar nas mãos de empresas que estavam
falindo e deixando de pagar seus clientes. Achamos arriscado
investir altos valores e não ter a certeza de receber,
conclui Cornachini.
Com isso, a decisão foi comercializar bezerros, um
mercado promissor em uma área forte da pecuária.
A partir daí, o grupo focou no trabalho de criar animais
até a desmama.
Para começar, a Santa Bárbara reuniu diversos
investidores e adquiriu fazendas vizinhas no Pará,
em busca de formar grandes propriedades, e, assim, trabalhar
com grande número de animais. Ao todo, se formaram
sete propriedades, sendo seis localizadas perto das fronteiras
com Tocantins e Mato Grosso, e uma mais próxima da
fronteira com o Amazonas.
A maior parte do rebanho é formado pelo próprio
gado que era criado nessas fazendas antigamente, e o restante
são alguns touros e vacas comprados para aprimorar
o rebanho. Ainda há poucos lotes em que precisamos
incrementar o gado em relação à genética,
mas isso é uma questão de tempo, comenta
Cornachini. Em 2009, por exemplo, foram adquiridos quatro
mil touros, mas em 2010 já se espera vender o excedente
de produção.
Manejo
As 450 mil cabeças de gado estão divididas nos
sete conjuntos em lotes entre 80 e 130 mil animais. Para facilitar
o manejo, divide-se o gado em grupos de cinco mil cabeças,
com quatro funcionários para cuidar de cada lote. A
alimentação do gado é à base de
pasto e sal mineral. Todos os animais são criados
à base de brizantão e mombaça, além
de sal branco. O pasto é rotacionado e são 24
dias de repouso até que a bezerrada volte ao piquete.
E não importa se é fase de crescimento, prenhez,
touro, todos recebem apenas sal e pasto, comenta Carlos
Rodenburg, presidente da empresa.
As fazendas utilizam o sistema de rotação de
piquetes para otimização do espaço, onde
possui média de 2,5 unidades animal por hectare (UA/ha).
A média nacional é de 0,8 UA/ha. Nos planos
de crescimento da empresa, a expectativa é de se chegar
a quatro UA/ha.
A reprodução do gado é feita em parte
com inseminação artificial e o restante com
repasse de touros. Em 2009, foram inseminadas 52 mil vacas,
representando 28% do rebanho, mas a ideia do grupo é
aumentar essa porcentagem. O restante é repassado com
muitos touros provenientes dos próprios centros de
genética do Sudeste.
E é devido à qualidade do rebanho que os bezerros
saem da fazenda com aproximados 210 kg. Para se ter
uma ideia, a média nacional de peso de bezerro desmamado
é de 170 kg. Temos um ágio de 40% e vendemos
por R$ 676,00 a cabeça, comenta o superintendente.
Por maior que seja o projeto, a empresa pretende dobrar de
tamanho em quatro anos, atingindo rebanho de 1,2 milhão
de animais. Para chegar a este número e alcançar
os quatros UA/ha, a empresa pretende trabalhar com adubo.
Vamos realizar estudos para incrementar a produção
de pasto, em busca de maior disponibilidade de alimento para
o gado, comenta Cornachini.
A expectativa em relação a 2014 é que
se insemine artificialmente pelo menos 50% do rebanho, para
que a qualidade dos bezerros se mantenha em alto nível,
já que é isso que garante a boa venda dos animais.
Em 2009, a empresa vendeu a bezerrada para nove diferentes
clientes da região. Já para 2010, apesar do
maior número de animais, a expectativa é que
se venda para apenas quatro compradores. Já estamos
apalavrados com quatro pecuaristas que foram nossos
clientes em 2009, e que já negociaram a compra em 2010,
confirma o superintendente.
Profissionalismo
A Santa Bárbara se caracteriza por ser uma empresa
do campo. O primeiro sinal é a formalização
dos funcionários, registrando-os com carteira assinada.
Até mesmo os tocadores da boiada tiveram que abrir
empresa para ter como receber o pagamento e fornecer nota
fiscal. Os trabalhadores também ganharam casas novas
e escolas para os filhos.
Esse tipo de investimento não é comum na pecuária
e pode surtir a dúvida se é viável gastar
tanto nesta área e ainda ter retorno financeiro. Para
a Santa Bárbara, o investimento é fundamental
para criar vínculo com os funcionários, dando
uma condição de trabalho que nenhum funcionário
quer perder, e por isso, renderão mais no serviço.
Invasão
Em 2009, a empresa sofreu com a invasão promovida por
um movimento de sem-terras em uma das propriedades. Os invasores
destruíram casas de funcionários e durante meses
acabaram atrapalhando o andamento da fazenda. O que
precisamos é de segurança. Fizemos um grande
investimento no negócio, mudamos a realidade dos nossos
trabalhadores construindo casa e escola para a família
deles, algo que eles nunca viram por aqui, aponta Cornachini.
A empresa chegou a repensar o investimento, e quase abandonou
a pecuária na região devido à ausência
de atuação do poder público. Segundo
a Santa Bárbara, o governo demorou a agir e agora trabalha
em conjunto para que isso não volte a acontecer na
região. Tivemos de conversar muito com o poder
público, porque, sem segurança, não teríamos
como continuar investindo milhões de reais ali,
comenta o superintendente.
Atualmente, um pequeno grupo invasor ainda se mantém
em uma área restrita da propriedade.
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