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PNEUS AGRÍCOLA - “Para durar mais”
rev 147 - maio 2010

Tão importante quanto às maquinas, eles também são fundamentais para se produzir bem e economizar muito mais. Saiba entender como funciona e qual a melhor forma de garantir longos anos para os pneus.

Hoje em dia, há grande oferta de tratores no mercado; ao optar por um, o agricultor deve levar em conta se está comprando um produto que mais se adapta às suas necessidades. Mas, quando se fala em pneus será que o agricultor tem também a mesma preocupação? A Revista Rural foi ouvir essa resposta com especialistas e representantes de grandes marcas de pneus, avaliando as diversas aplicações no campo, desde novos aos chamados “reformados”.

Em comum, todos pneus (desde automóveis até tratores) têm a mesma formação, são constituídos por um tubo circular composto basicamente por borracha envolvendo malhas de fibras (de algodão, de aço, entre outros produtos), porém, longe dos asfaltos, os pneus agrícolas desempenham funções bastante “duras”. São eles que participam diretamente dos trabalhos de preparo de solo, plantio, cultivo e colheita de produtos agrícolas. Além de sustentar o peso do trator, eles ainda precisam fazer menor pressão sobre o solo, contribuir para não compactá-lo, além de outras atribuições. “O mercado demanda por pneus que além de fazer com que o trator trabalhe mais, dê tração para a máquina. Além é claro, de favorecer para uma economia de combustível possível”, afirma Leandro Pavarin, marketing de serviços da Goodyear do Brasil Produtos de Borracha.

Diante dessas atribuições, o que não falta são opções para o agricultor. “Os mercados mais exigentes atualmente estão adquirindo pneus agrícolas radiais”, introduz Mauro Oliveira, responsável técnico comercial de pneus agrícolas da Michelan no Brasil. “Esta tendência já é observada em alguns segmentos agrícolas, como setor sucroalcooleiro. O pneu radial, que é uma evolução do pneu diagonal, tem uma elipse de contato com o solo 23% maior em relação ao similar diagonal, proporcionando ao equipamento, maior força de tração e potência na barra, redução do índice de patinagem oferecendo, menor desgaste de pneu, menor consumo de combustível, maior velocidade de deslocamento (melhor produtividade ha/h), maior conforto ao operador devido à maior flexibilidade, melhor distribuição dos esforços do pneu para o solo, possibilidade de montagem sem câmara de ar, menor custo por hora trabalhada”, explica Oliveira.

E é o que o mercado mais disponibiliza hoje. Segundo Mário Barros, gerente nacional de vendas da Bridgestone, com toda essa tecnologia, as características básicas e principais de um pneu sempre se voltam às questões de durabilidade e resistência. “Ele tem de resistir a cortes e perfurações, uma vez que, dependendo da severidade do solo, os pneus ficam mais vulneráveis. Além disso, eles têm de ser resistentes à velocidade. Hoje os tratores estão cada vez mais ágeis”, pontua Barros.

O solicitado

Com o aperfeiçoamento dos processos de obtenção da borracha e combinação de outros elementos utilizados na produção do pneu, ele passou a apresentar vantajosas características de resistência e aderência ao solo. Hoje no mercado existem tipos que apresentam características que possibilitam vantagens em diversas situações de campo. Na verdade, os pneus têm sofrido grandes inovações e incorporações de novas e avançadas tecnologias de fabricação. Uma das evoluções mais importantes dos pneus refere-se ao tipo de trama das fibras que passou de diagonal para radial, permitindo uma pressão de inflação menor e, consequentemente, uma maior área de contato, para uma mesma carga suportada. De acordo com o gerente de marketing Goodyear, Leandro Pavarin, praticamente 90% do mercado, requer pneus radiais, pela durabilidade e economia de combustível. “Ao testar um pneu radial e um diagonal, no mesmo implemento e na mesma área, o consumo de combustível e o tempo são perceptíveis. Há uma economia de combustível em torno de 7% utilizando pneus radiais e o ganho de velocidade em torno de uns 12%”, pontua. “Ao adquirir um pneu radial o agricultor poderá desembolsar um pouco mais, comparando-se aos diagonais, entretanto, o ganho a médio e longo prazo na economia de combustível, em tempo disponível da máquina para trabalhar e durabilidade são maiores em comparação aos diagonais”, conclui.

Durabilidade

Para atender a essas exigências, o pneu tem de apresentar determinadas características de resistência de carcaça, de aderência ao solo e de autolimpeza. Mas para garantir durabilidade é preciso evitar os danos mais frequentes. Segundo o responsável técnico comercial da Michelan, nesses casos, as estatísticas que mostram que os danos estão relacionados com a montagem, desmontagem dos pneus (na região do talão), relacionados com a sub inflação dos pneumáticos (trincas radiais na região do flanco), danos acidentais no flanco e na banda de rodagem, relacionados com a super inflação dos pneumáticos (arrancamentos de tacos na banda de rodagem por excesso de patinagem), são os mais frequentes.

Para evitar prejuízos, em primeiro lugar é necessário um cuidado preventivo com os pneus. “A começar que são de custo alto e precisam ter manutenção preventiva adequada, um fator decisivo é sempre manter as pressões, de utilização sempre dentro de um patamar de frequência de correção razoável para evitar que se perca a pressão e, portanto, as barras dos pneus sejam afetadas por baixa pressão por sobrecarga e tudo isso ele tem de tomar cuidado”, diz Mário Barros, da Brigestone, marca da Firestone.

Recomendações de fabricantes

E para aproveitar de um bom produto, é fundamental que não se chegue a uma loja pedindo pneu para o trator ‘x’, porque o trator admite mais de uma medida de pneu. É necessário dar, pelo menos, as medidas de largura do pneu e de diâmetro do aro para que se compre o pneu adequado. E para se ter uma eficiência de utilização, esses cuidados são fundamentais. Muito da energia produzida pelo trator se perde na interface pneu-solo, o que leva a contínua necessidade de estudos que visam à melhoria de sua construção, utilização e seleção adequada, em função da operação a ser executada, do tipo e condições de solo e das características do trator.

É necessário conhecer bem os pneus, para fazer uso correto da pressão de inflação e ter os cuidados necessários na manutenção. Segundo os fabricantes é necessário que se veja a pressão de inflação antes de iniciar os trabalhos de campo ou movimentar o trator. Pelo menos uma vez por semana é preciso ver a regulagem da pressão dos pneus de trator; Não utilize os pneus radiais com pressões acima do recomendado. Neste caso, o agricultor poderá perder tempo e dinheiro e a vida dos pneus não será maior; Pneus diagonais com baixas pressões poderão sofrer sérios danos e diminuir a sua vida útil; Procurar não utilizar água em pneus radiais, uma vez que este irá modificar a rigidez do pneu e reduzirá a habilidade de controlar as vibrações e “corcoveios” (power hop) do trator; Na hora da armazenagem dos pneus, é necessário que eles não devam ser estocados montados. Todavia, quando isto se fizer necessário, devem ser observadas as orientações seguintes: cuidados especiais devem ser tomados para que os pneus não fiquem em contato com água, óleo ou graxa, nem fiquem perto de motores elétricos, pois estes geram ozônio, danificando a borracha rapidamente. E por último uma mão de obra especializada (para a montagem, desmontagem e reparações pneumáticos).

Custo

Quando se fala em custo, os especialistas são unânimes. Os preços variam de acordo com o tamanho e de carga, dependerá da construção e de sua aplicação. Entre as faixas podem se valer de R$ 200 a R$ 20 mil. Para Michelan, uma maneira de adquirir pneus agrícolas não é levando em conta apenas o custo de aquisição do produto, mas sim analisar o custo-benefício do produto comprado. “O pneu radial agrícola tem um custo inicial maior em relação ao similar diagonal, porém, no decorrer da sua utilização vai proporcionar, entre outras coisas, maior força de tração e potência na barra, e maior vida útil do pneu. A contabilização de todos esses benefícios faz com que o pneu radial tenha um menor custo, por hora trabalhada”, frisa Mauro Oliveira.

Câmaras de Ar

Em geral, os pneus são constituídos por duas partes distintas: o pneu propriamente dito, que forma o invólucro externo e a câmara de ar, localizada no interior do pneu. A câmara de ar é um tubo fechado, constituído de borracha muito fina, elástica e impermeável ao ar (característica que lhe é conferida pela adição de enxofre). O único contato com o exterior é feito por uma válvula que permite a introdução de ar, mantendo-o no seu interior. As câmaras de ar agrícolas foram desenvolvidas para durarem o mesmo tempo dos pneus. Hoje, existem inúmeros tipos de câmeras no mercado, destinadas para caminhões, ônibus, comercial leve, máquinas agrícolas e motos. Só o segmento agrícola existem 23 modelos de câmaras, sendo que as mais utilizadas são as medidas 2024, 2424, 3030 e 3034. “As câmaras de ar agrícolas podem custar para o consumidor de R$ 115,00 a R$ 300,00 dependendo da aplicação e tamanho do pneu”, afirma Rafael Ubiali Bolzan, gerente de marketing da Tortuga Câmaras de ar, que atende 100% do mercado agrícola de câmaras de ar, além do mercado de caminhões e ônibus.

Assim como as máquinas agrícolas, os pneus que tiveram uma baixa nas vendas, voltaram esse ano no mercado surpreendendo com tecnologia. Novidades para o agricultor não falta. Umas delas é que a empresa Tortuga traz são as câmaras de ar “flutuadoras”, que são feitas exclusivamente para os pneus “flutuadores” que não compactam o solo. “Nós somos a única empresa que possui este tipo de câmara de ar, original (OE) para as grandes montadoras de máquinas agrícolas no Brasil, sua fórmula possui mais borracha dando assim mais resistência a cortes e durabilidade aos pneus”, conta.

“A vez dos reformados”

Mas quando o assunto é a reforma de pneus, a Vipal é a referência. A empresa é especializada no mercado brasileiro de produtos para reparo e reforma de pneu e câmaras de ar. Recentemente, ela adquiriu 15% da principal produtora e exportadora de pneus da Argentina, a Fate – que reúne 1.600 colaboradores em sua planta em San Fernando, província de Buenos Aires. A parceria garante a comercialização no País de uma linha completa de pneus para passeio, carga e agrícola. “Com a compra da Fate a Vipal irá disponibilizar uma linha de produtos específicos para este segmento como o Fateagro GR-850. Até então, a empresa contava com o mais completo mix do mercado para reforma e reparos de pneus e câmaras de ar. Agora, passa a oferecer uma linha que cobre toda a vida do pneu, desde novo até á reforma”, diz Eduardo Sacco, gerente de marketing da Vipal.

Segundo Sacco, a reforma de pneus é importante e ainda reduz em até 60% os custos do agricultor. “É preciso destacar ainda a questão ambiental. Pneus reformados utilizam menos petróleo, energia e evitam o descarte prematuro de pneus usados na natureza”, ressalta.

Assim como os novos, os custos para a reforma também variam. Hoje, para garantir mercado e não perder para os novos, empresas como a Vipal garante não somente a reforma, mas também a carcaça. “Graças à condição técnica diferenciada de uma Rede Autorizada, asseguramos a reposição imediata em caso de falha de produto ou de processo, tanto para reformas a frio ou a quente, cobrindo a maioria dos pneus radiais e convencionais disponíveis no mercado”, explica João Carlos Paludo, presidente executivo da Vipal.


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