Edições Anteriores


CRÉDITO RURAL - MECANIZAÇÃO NO CAMINHO DA PRODUÇÃO
rev 128 - outubro 2008

Foi para um catarinense, do município de Passos Maia, o primeiro trator da nova modalidade de crédito do governo federal. Antonio Dacheri, produtor de milho e leite, conseguiu aprovação de crédito para a compra de um trator financiado em oito anos através do incentivo. Em 2009, ele só pagará os juros, e em 2010 começará a pagar a primeira parcela da máquina.

Com o novo trator de 75 cavalos (cv), adquirido da montadora Valtra, o produtor familiar poderá mecanizar melhor a propriedade. Dacheri já tinha um trator mais antigo, um antecessor do modelo que conseguiu agora – um Valmete de 1981, comprado em 2001. “Eu estava pensando em comprar um novo trator, foi quando eu vi a notícia na tevê sobre esse programa do governo federal e foi muito bom, consegui reduzir o preço em R$ 20 mil reais”, conta o produtor.

Há cerca de um mês, quando contratou o financiamento, o preço de mercado do trator de 75 cv era R$ 86 mil, no começo do mês, o mesmo modelo já custava R$ 91,7 mil. Com os descontos, pagou somente R$ 69,4 mil, acrescido de 1%, valor pago à empresa que fez o projeto, no caso, a Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina).

Como primeira montadora a oferecer o primeiro trator nessa linha de crédito, a Valtra trouxe o produtor para São Paulo, na fábrica de Mogi das Cruzes para que Antonio conhecesse de onde saiu a máquina dele, e também para que ele recebesse oficialmente o trator da empresa, personalizado com um adesivo ‘Família Dacheri’.

O diretor de Marketing da Valtra, Leandro Marsili, acredita no crescimento do setor nos próximos quatro anos, impulsionado pela demanda por alimentos. “Com o impulso do Plano Mais Alimentos, trabalhamos com um aumento de 1.500 a 1.900 unidades a mais por ano”, calcula. “O plano vai refletir no aumento do volume de negócios e também na geração de empregos”, acrescenta.

Também participaram da entrega, realizada no dia 9 de setembro, representantes do governo federal, como secretário da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Adoniram Sanches Peraci e o consultor do Programa Mais Alimentos, Francisco Hercilio da Costa Matos, idealizador desse incentivo à produção. Esse projeto de crédito de investimento integra o Plano Safra Mais Alimentos 2008/2009, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Linha de crédito

A linha de crédito é de R$ 100 mil, que podem ser pagos em até dez anos, com até três anos de carência do pagamento e com juro de 2% ao ano. Além da aquisição de máquinas e implementos agrícolas, o recurso pode ser usado em investimentos de formação de pastagens, irrigação, manejo de solo, construção de açudes, implantação de pomares e estufas, armazenagem, entre outros. A linha de crédito contempla projetos associados à produção dos principais produtos alimentares: olerícolas (verduras e folhas), frutas, arroz, feijão, milho, mandioca, trigo e leite.

Esse benefício aos produtores familiares foi possível através de um acordo entre o MDA e os fabricantes de veículos automotores, máquinas e implementos agrícolas. Além de um longo prazo, as montadoras se comprometeram em garantir uma linha de descontos, que pode chegar a 17,5%. Em média, as máquinas e os implementos agrícolas ficam 15% mais baratos.

Como participar

Para fazer o uso desse recurso, antes de mais nada o produtor familiar precisa ter a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) – é este documento que o atesta como beneficiário do programa. Caso não tenha esse documento, é preciso fazer o preenchimento numa empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) do município.

A DAP é gratuita e individual. É preciso o comparecimento do casal, caso o interessado tenha relação conjugal estável, munido de seus CPF e cédulas de identidade.

Também é necessário um documento que comprove a posse da terra que será explorada para o preenchimento da DAP (como escritura, título, contrato de arrendamento, contrato de parceria, contrato de comodato ou outro registro que comprove a propriedade sobre o imóvel). Este documento é dispensado quando a atividade da família interessada não está vinculada a uma unidade fixa de terra, como os pescadores ou extrativistas, ou ainda no caso de “posseiros”.

Cinco passos para conseguir o crédito

Com a DAP em mãos, é preciso:
• avaliar bem o projeto que se quer desenvolver;
• procurar uma empresa de ATER do município para elaborar o projeto técnico de financiamento;
• encaminhar o projeto para análise de crédito e aprovação do banco;
• com o projeto técnico, negociar o financiamento junto ao banco;
• com a aprovação, o agricultor familiar está apto a acessar o recurso.

As propostas são analisadas pelos bancos do Brasil (BB), da Amazônia, do Nordeste (BNB), Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Cooperativo Sicredi (Bansicredi) e Cooperativo do Brasil (Bancoob), cooperativas de crédito rural como Crenor e Cresol e bancos estaduais.


Edicões de 2008
Volta ao Topo
PROIBIDA A PUBLICAÇÃO DESSE ARTIGO SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DOS EDITORES