Edições Anteriores
OVINOCULTURA - GANHOS MAIORES COM CONFINAMENTO
rev 123 - maio 2008

Antecipar os resultados, num mercado que vem apresentando forte pressão de demanda. Essas são as principais vantagens de confinar o rebanho na terminação. O acabamento de cabritos e cordeiros em confinamento é uma tecnologia que consiste na seleção e no confinamento de animais jovens, com vistas a prepará-los para o abate, num período curto de tempo. A tecnologia permite a produção de carcaças de boa qualidade, mesmo na época de maior carência alimentar, razão pela qual o confinamento exerce impacto positivo em toda a cadeia produtiva envolvida. As principais vantagens do acabamento de cabritos e cordeiros em confinamento são:

• Redução da idade de abate de 10 a 12 meses para 5 a 6 meses.
• Disponibilização da forragem das pastagens para as demais categorias animais do rebanho.
• Maior rapidez na recuperação do capital investido, em decorrência da redução do período de acabamento.
• Produção de carne de boa qualidade, inclusive na época de carência alimentar.
• Melhoria na qualidade da pele.
• Mercado assegurado para os produtos carne e pele.
• Aumento da produtividade e da renda da propriedade.
• Planejamento da produção de maneira a oferecer os produtos nas épocas do ano de melhor preço (entressafra).

De maneira geral, o desempenho do cabrito, em confinamento, é inferior ao do cordeiro. Até o momento, porém, a quase totalidade dos resultados sobre desempenho de cabritos em confinamento foi obtida com animais não especializados para produção de carne. Com a recente introdução da raça Boer, no Brasil, esse paradigma pode ser quebrado. Embora as informações disponíveis sobre essa raça e suas cruzas, no Semi-Árido, ainda sejam bastante limitadas, a raça Boer pode ser uma boa alternativa para cruzamento industrial, na Região Nordeste, por ser de origem sul-africana, isto é, de região edafoclimática que apresenta similaridades com o Nordeste brasileiro.

A terminação em confinamento pode ser utilizada em todas as regiões do País. No Nordeste brasileiro, ela é especificamente recomendada para as áreas semi-áridas, em particular durante a época seca, quando se observa grande carência de forragem nas pastagens e a falta de produto no mercado, o que garante melhores preços. Nas outras regiões do País, onde a preocupação com as helmintoses gastrintestinais é muito grande, o confinamento pode ser realizado em qualquer época do ano. A decisão de confinar ou não cabritos e cordeiros também depende da intensidade pretendida na exploração, que é uma função do mercado explorado e da área disponível para exploração (tamanho, condições edafoclimáticas, etc.).

O confinamento exerce influência na qualidade da carne de cabritos e cordeiros.

A maciez, a suculência, a cor, o odor e o sabor da carne de caprinos e ovinos são atributos diretamente relacionados com a satisfação do consumidor. Mas à medida que o animal vai se tornando adulto, essas características vão se modificando. As mudanças mais significativas são a redução gradativa da suculência e da maciez e a acentuação da cor e do odor, cuja conseqüência é uma queda considerável em sua qualidade. No confinamento, essas alterações desagradáveis não têm tempo de se manifestar, porque os animais são abatidos ainda jovens. Além disso, as carnes de cabritos e cordeiros terminados em confinamento apresentam todas as características organolépticas e sensoriais desejáveis na carne de qualidade elevada.

A condição saudável dos animais é o critério básico para o confinamento. Outras características importantes são: • Idade do animal, que deve situar-se entre 70 e 90 dias de idade. • Peso de no mínimo, 15 kg de peso vivo. Animais de elevada precocidade, entretanto, podem entrar ainda mais jovens no confinamento.

Quanto mais pesada for a cria ao nascer, maior será seu peso no desmame e no abate. Esses aspectos são de grande importância para o sucesso do confinamento. Assim, os cuidados devem ser iniciados com a seleção de matrizes e reprodutores. As matrizes devem apresentar bom desenvolvimento corporal e boa habilidade materna, podendo ser do tipo Sem Raça Definida (SRD). Os machos devem ser possuidores de bom potencial para ganho de peso, boa conversão alimentar e capazes de melhorar a qualidade da carcaça. A alimentação das matrizes deve ser melhorada no terço final da prenhez e nos primeiros 30 dias de lactação. No Nordeste, durante a época seca, as crias em amamentação devem ser suplementadas com forragem de boa qualidade nutritiva e com concentrado, para garantir bom peso no desmame, além de facilitar a adaptação dos animais ao confinamento.

Em geral, a castração é feita com a finalidade de evitar a presença de odores e sabores desagradáveis na carne, que aparecem com o início da atividade sexual, no macho. Esses odores têm forte efeito restritivo na aceitação da carne desses animais pelos consumidores. No entanto, se o animal for abatido com até sete meses de idade esse aspecto não é relevante, isto é, o odor e o sabor desagradáveis da carne ainda não se manifestaram porque o animal ainda não atingiu a puberdade. Sabe-se, além disso, que a castração causa estresse, o que provoca redução na taxa de crescimento dos animais, e que animais inteiros têm maior capacidade para ganhar peso que os castrados. Portanto, se os animais forem abatidos em idade precoce, não há necessidade de castração.

Considerando o curto período de tempo do acabamento, especialmente no Semi-Árido do Nordeste brasileiro, onde a umidade do ambiente é muito baixa, somente dois aspectos merecem especial atenção. O primeiro refere-se à higienização das instalações, que deve se restringir à retirada periódica das fezes. Caso se faça uso de cama, recomenda-se substituí-la sempre que se observarem maiores teores de umidade. O segundo diz respeito à vermifugação de todos os animais antes do início do confinamento, no sentido de torná-los “isentos ou limpos” de parasitas gastrintestinais.

A duração do confinamento é um fator de elevação de custo dessa prática. Portanto, quanto maior for o tempo de confinamento, maior será o custo de produção e menor será a rentabilidade do negócio. Assim, o confinamento deve ser de, no máximo, 70 dias.

Geralmente, animais inteiros (não castrados) apresentam ganho de peso superior aos castrados, por duas razões: • Os hormônios produzidos pelos testículos estimulam o aumento da massa muscular, condição desejável em animais para abate.
• Na ausência dos testículos, os animais depositam mais gordura na carcaça. Além disso, há necessidade de maior quantidade de energia ingerida por unidade de gordura depositada na carcaça do que para a deposição da mesma quantidade de músculo na carcaça.


Edicões de 2008
Volta ao Topo
PROIBIDA A PUBLICAÇÃO DESSE ARTIGO SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DOS EDITORES