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CAFÉ IRRIGADO - GARANTIA DE BONS RESULTADOS COM A IRRIGAÇÃO
rev 119 - janeiro 2008

Muitos produtores estão partindo para o plantio de café com sistema de irrigação, motivados pelos resultados satisfatórios já obtidos e em função dos sérios prejuízos causados pela estiagem.

"A procura de informações técnicas, principalmente no que se relaciona à incidência da irrigação nos custos de produção, realmente tem nos surpreendido", informa Arnaldo Martins de Andrade, agrônomo da Cooperativa CAROL. O agronômo entende que o plantio de café na região é um fator positivo no sentido da diversificação de culturas.

"Numa mesma propriedade, é interessante que sejam mantidas diferentes lavouras, como soja, milho, cana-de-açúcar e café". Arnaldo ressalta que, ao contrário do que acontecia antigamente, hoje não é necessário manter uma área extensa para o café, podendo sua exploração ser feita em até pequenas glebas, desde que a lavoura seja conduzida de maneira tecnicamente adequada.

Quanto ao tipo de irrigação adequada, o produtor pode optar por diferentes sistemas. Uma delas é o pivô central, mais indicado para áreas maiores, com declividade até 20%, exigindo menos mão de obra. Já o de gotejamento, que apresenta baixo custo de instalação, serve para lavouras pequenas (até 10 hectares) em qualquer tipo de solo, declives em até 30% e regiões de baixa disponibilidade de água. Já a tripa, de custo inicial inferior, exige mais mão-de-obra, recomendando-se sua utilização em áreas pequenas e médias (até 30 hectares), em qualquer tipo  de solo e boa disponibilidade de água.

Quadros demonstrativos comprovam, para relação custo/benefício, que compensa implantar o sistema de irrigação em lavouras de café.  Em circunstâncias normais, o café sequeiro rende 22 sacas beneficiadas, por hectare, na primeira safra, chegando a 103 sacas no final de três safras, ao passo que o café irrigado rende 37 na primeira e 150 sacas nas três safras.

Já em circunstâncias anormais, como a forte estiagem, a diferença é bem maior em favor da área irrigada. O café sequeiro este ano, na primeira safra, em algumas lavouras ainda atingiu perto de 15 sacas, enquanto em outras não chegou sequer a render seis sacas por hetare.

Um problema: os terreiros lotados

. O agrônomo Arnaldo Martins de Andrade toma o exemplo da Fazenda São José, de propriedade de Fernando Martins de Barros, onde toda lavoura de café é bem conduzida. Na área de sequeiro, a média de produção da lavoura de primeira safra (em 60 hectares) superou 40 sacas/ha.

"O rendimento na área irrigada superou nossa expectativa", confirma Fernando Martins de Barros, revelando que passou a ter um novo problema: a falta de espaço nos terrreiros para secagem do café colhido. A solução pensada foi suspender a colheita por uma semana, mas aí haveria um outro entrave, o de ultrapassar o período normal da safra, que deve terminar em agosto para não prejudicar a florada de setembro.

O cooperado cogita, para o próximo ano, utilizar produtos que possam uniformizar a maturação dos cafeeiros, tal como é feito nos canaviais. "Cada vez mais nos convencemos de que o sucesso na produção do café depende do manejo da lavoura, no sentido de sua condução mais tecnicamente recomendada", conclui.

Custo do projeto

De acordo com os números relativos a cada ano, conclui-se que, ao final de quatro anos e meio, o produtor terá gasto, por hectare, R$ 14.644 em área irrigada. No primeiro caso, estima-se que ele estará colhendo um total de 103 sacas beneficiadas: com irrigação, a colheita será de 150 sacas.

Traduzir essa produção em dinheiro fica difícil, tendo em vista a intensa oscilação nos preços do café, podendo variar de 100 a 200 reais a saca, conforme o ano. Mas, imaginando-se o preço médio de R$ 150,00 durante todo o período, a conclusão é que a receita bruta, por hectare, com o café de sequeiro será de R$ 15.450,00 e com o café irrigado, R$ 22.500,00 dando resultado líquido, respectivamente, de R$ 805,17 e R$ 4.035,19 nos quatro anos e meio.


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