Com
o tratamento de sementes, o produtor tem a garantia de proteger a semente no solo
caso haja falta d´água para que ela germine rapidamente e ao mesmo
tempo ele realiza uma assepsia na semente; e se a semente vier de outra região,
o agricultor terá a certeza de que não introduzirá novas
doenças na lavoura.
Porém, antes mesmo de realizar o tratamento,
o produtor deve tomar outras precauções, já ao comprar as
sementes. A semente é o ponto de partida. Se o produtor começar
errado, adquirindo sementes sem certificação, de fonte desconhecida
e, principalmente contrabandeada de países vizinhos, ele corre um sério
risco. Ele não sabe o que tem dentro do saco, que variedade é aquela,
se é uma variedade adaptada às condições de onde ele
vai plantar, se não tem misturas, se não traz ervas daninhas junto,
enfatiza Henning. O produtor pode encontrar outros problemas ao adquirir sementes
sem certificação. A germinação e o vigor dela pode
ser mais baixo, pode não ter sido produzida com os critérios da
produção de semente, pode vir com fungos como o mofo branco, que
tem se espalhado bastante pelo Brasil e, pior do que isso, as sementes dos estados
que fazem divisa com outros países do cone sul, principalmente as RR têm
sido contrabandeadas; e nestes países as cultivares não tem resistência
ao Cancro-da-haste, à Mancha-olho-de-rã e a pústula bacteriana,
cujos materiais que são produzidos no Brasil possuem bastante tolerância
ou alta resistência.
O tratamento de sementes deve ser realizado
com alguns produtos, cada um com uma finalidade. Primeiramente deve-se aplicar
na semente um fungicida para erradicar os fungos que possam vir de fora para a
lavoura. Em algumas regiões do Brasil adota-se inseticidas para controlar
insetos do solo. Além destes defensivos aplica-se também cobalto
e molibdênio para fornecer micro nutrientes, o que tem dado resposta muito
boa em diversas partes do Brasil. E, por último, deve-se aplicar um inoculante,
fundamental para a fixação do nitrogênio, assim o produtor
não precisa fazer adubação nitrogenada na soja. Um
ponto que deve ser esclarecido é que o inoculante é uma bactéria
e, portanto, deve ser aplicado por último. Nunca deve-se misturar inoculante
junto com os micro nutrientes ou com os defensivos devido a problemas de PH. Isso
vai causar a morte das bactérias., ressalta o Henning.
Outra
questão fundamental no tratamento é que toda e qualquer semente
que for submetida a essa prática deve receber um corante. A maioria destes
produtos que são registrados para o tratamento de semente já tem
em sua formulação um pigmento. Isso é importante para identificar
a semente que já foi tratada com agrotóxico, pois esta não
poderá ser comercializada para uso humano ou animal. Ela é única
e exclusiva para plantio. O produtor deve tomar cuidado, pois ao fazer o tratamento
antecipadamente de grande quantidade de sementes e depois não utilizar
todas, ele terá de arrumar um jeito de se livrar delas, trocando com o
vizinho, por exemplo, mas nunca misturando à sua produção.
Foi o que aconteceu em 2001 quando o Brasil exportou alguns navios de soja para
a China onde foram identificados sementes tratadas. O país asiático,
ao descobrir, mandou devolver todo o carregamento, acarretando milhões
de dólares em prejuízos para o Brasil e principalmente para os produtores.
Por isso o corante é muito importante para identificar as sementes já
tratadas. Além de todos estes produtos, o tratamento requer não
obrigatoriamente- o uso de um polímero, que é um produto que contém
pigmentos orgânicos, mais ecológicos e que são muito importantes
para dar uma melhor cobertura dos demais produtos e ao mesmo tempo proteger os
operadores. Conscientização A
história do tratamento de sementes no Brasil se confunde com a de Ademir
Henning, já que foi ele, há 26 anos atrás, que começou
a difundir no país esta técnica. Em 1991, dez anos após
a primeira recomendação, foi feito um levantamento pelos fungicidas
comercializados através da ANDEF e foi verificado que não se tratava
mais do que 5% da área total de soja no Brasil. Ademir conta que
o tratamento não acontecia porque a soja era mais cultivada no Sul do Brasil.
Nessa região as lavouras não são tão extensas como
no Brasil central, o produtor no Sul tem condições de produzir sementes
de melhor qualidade e armazenar em melhores condições. Ele não
sentia muita diferença em tratar ou não tratar a semente. Tinha
alto vigor, germinava, tinha umidade e ele plantava em áreas pequenas.
A mudança ocorreu quando a soja começou a ocupar grande áreas
de lavouras no Brasil central. A janela de plantio na região Centro-Oeste
passou a ser de quinze de outubro a quinze de janeiro, sendo que o ideal é
de quinze de novembro a quinze de dezembro. A gente fez ensaio de sementes
tratadas em todo o País durante vários anos na década de
noventa mostrando para os produtores que se fosse feito o plantio com sementes
de boa qualidade e ela iniciasse o processo de germinação e não
tivesse sido tratada, no solo a semente seria rapidamente colonizada por fungos
que a deteriorariam, explica Henning. O pesquisador conta também
que além da deterioração fisiológica, o fungo digere
as reservas da semente. Então, muitas vezes o produtor tinha que
replantar a área. E replantando a área o prejuízo era enorme.
Além de perder o herbicida, a semente apodrecia no solo e o produtor perdia
a melhor época para o plantio e não conseguia mais encontrar sementes
boas no mercado.
Todo este trabalho de conscientização
rendeu frutos ao longo destes 26 anos já que, se em 1991, 5% da área
cultivada de soja tinha recebido tratamento de sementes, em 2001 mais de 90% das
lavouras tinham adotado essa prática e hoje, 95% recebem o tratamento das
sementes antes do plantio, o que dá, aproximadamente, 20 milhões
de hectares. Esta técnica não custa mais do que 0,5% do custo
de implantação de uma lavoura. Não tem prática mais
barata do que esta. É um seguro adicional para o produtor afirma
Henning. Precauções
ao realizar o tratamento Existem
cuidados que devem ser tomados, principalmente para aqueles que estão manuseando
os produtos químicos na hora de se tratar as sementes. O operador terá
que utilizar todo o equipamento de segurança, chamado de EPI. Luvas, máscara,
avental, não evitar o contato com a mão ou aspirar os produtos.
Os operadores devem receber um treinamento que deverá abordar alguns itens
como informações sobre a instalação da máquina,
informações sobre riscos ocupacionais, medidas preventivas de segurança,
informações sobre procedimentos de operação e manutenção
e informações sobre procedimentos de emergência.
O
local para a instalação da máquina deve seguir cuidados como
ser isolado das demais instalações evitando a circulação
de pessoas não envolvidas na operação de tratamento de sementes;
ser arejado, com espaço livre ao redor da máquina para circulação
com segurança dos operadores; o piso deve ser plano e livre de irregularidades,
obstáculos ou sujeira de qualquer tipo; o produtor deve dispor o equipamento
de maneira a facilitar o abastecimento da máquina com sementes não
tratadas, assim como o escoamento das sementes tratadas; a operação
de tratamento deve ser separada dos locais de consumo ou armazenamento de alimentos
e distante de coleções d´água.
Antes de instalar
e operar a máquina, leia cuidadosamente o manual de instruções
do fabricante; certifique-se que a máquina esteja bem aprumada e estável,
com os 4 pés apoiando no piso de maneira equilibrada. Para um perfeito
funcionamento do dosador, a máquina deverá estar nivelada com uma
inclinação na boca de saída ligeiramente superior ao da moega;
A máquina deve ser ligada em uma tomada de três pinos. O terceiro
pino (terra) deve estar devidamente aterrado para evitar danos no equipamento
e/ou na rede elétrica; não deve haver água ou umidade nas
proximidades do equipamento, evitando possíveis acidentes elétricos.
O uso dos EPI (equipamentos de proteção individual) são fundamentais
para reduzir o risco de absorção do produto pelo organismo, protegendo
a saúde do trabalhador. No tratamento de sementes deve haver um cuidado
especial porque toda operação é feita com o produto concentrado,
com pouca ou nenhuma diluição.
O EPI básico para
o tratamento de sementes é composto de proteção das mãos:
luvas de borracha nitrílica, neoprene e/ou PVC; proteção
da pele e do corpo: vestimentas de proteção tratadas para se tornarem
hidro-repelentes, composta por jaleco de mangas compridas e calças. O uso
de avental impermeável é importante para aumentar a proteção
da vestimenta; proteção dos olhos: viseira fácil ou óculos
de proteção. Proteção respiratória: Respirador
com filtro para vapores ácidos e orgânicos (P2 ou P3). |