Saída
é transformar criação extensiva sustentável em atributo
e cobrar por isso, afirma economista.
Estudioso de cadeias produtivas,
o economista Antônio Márcio Buainain, da Unicamp, disse que um dos
diferenciais da cadeia da pecuária bovina é que ela tem âmbito
nacional, enquanto as outras tendem a ser regionais. Segundo o pesquisador
Urbano Gomes de Abreu, da Embrapa Pantanal, a pecuária de corte e o cultivo
da mandioca são as duas atividades do agronegócio presentes em todos
os municípios brasileiros. A cadeia é formada por modelos
diversos, desde a pecuária extensiva predatória, passando pela extensiva
sustentável até a ultra-moderna, afirma. |
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Segundo
ele, é cada vez maior o número de produtores que se encaixam nos
setores mais modernos. Mas os problemas que rondam os que investem menos repercutem
em todos, como no caso da descoberta de focos de aftosa em municípios do
Mato Grosso do Sul, em 2005, que impediu a exportação de carne para
vários países por dois anos e afetou preços da carne mesmo
em outros Estados brasileiros. A cadeia bovina é muito desarticulada.
Um fator que teria força para articular é o frigorífico,
mas que não vem desempenhando este papel. Ele é um comprador de
matéria-prima e não se compromete com os pecuaristas, disse.
Para
o economista, a falta de integração entre os atores da cadeia resulta
em fragilidade e elevação de custos. O Pantanal tem que ter
seu diferencial porque o mercado é implacável com os ineficientes,
afirmou. A saída é transformar a criação extensiva
sustentável em atributo e cobrar por isso. Essa é a maior vantagem
competitiva de hoje.
Como cobrar? Segundo Buainain, uma das estratégias
é valorizar o Pantanal como um todo e mostrar que a atividade está
prestando um serviço à sociedade. O ganho real poderia vir por meio
da isenção de impostos, já que a atividade nesta região
conserva o ambiente, a água e a vida selvagem. Ele disse ainda que é
fundamental um trabalho político forte, intenso, sério e não-imediatista.
O que não é fácil. A baixa densidade eleitoral do Pantanal
pode ser um entrave para algumas conquistas políticas. Como sensibilizar
o governo? É um grande desafio, afirmou.
Buainain disse ainda
que o pecuarista ainda tem a visão de feirante e só
procura o mercado às vésperas da comercialização.
Esse produtor precisa se transformar em fornecedor, produzir de acordo com
as necessidades do cliente, vender como empresa para uma outra empresa e organizar
sua produção de acordo com as necessidades dos clientes e do manejo
sustentável dos recursos. Atividade
se adaptou ao ambiente Segundo
o pecuarista e produtor na região do pantanal Roberto Coelho, cabe agora
às entidades de classe, aos órgãos de pesquisas e produtores
em geral convencer a sociedade civil, o mercado nacional e o internacional que
a atividade presta um serviço ambiental em termos de conservação.
Para ele, o maior obstáculo é a organização dos produtores.
Entre eles temos uma gama imensa de níveis culturais e aspirações
econômicas. É um grupo muito heterogêneo e é difícil
uniformizar o pensamento, afirmou Coelho.
Ele disse ainda que os
produtores precisam se firmar como fornecedores de serviços ambientais,
já habilitados pela história pantaneira. Não é
fácil convencer a sociedade do nosso papel de guardiões da natureza.
O governo também tem de reconhecer isso. Já existem no mundo consumidores
que querem um produto que não implique em destruição ambiental |