A
condição ideal para cultivo de mamona inclui altitudes entre 300
e 1.500m, temperatura média entre 20 e 30ºC e chuvas anuais entre
500 e 1.500 mm.
Quando cultivada em baixas altitudes, devido à
temperatura mais alta, a planta tende a perder energia pela respiração
noturna e sofrer redução na produtividade.
Temperaturas
muito altas também podem provocar perda da viabilidade do pólen,
reversão sexual e outras mudanças fisiológicas que prejudicam
a produção, enquanto temperaturas menores que 20ºC podem favorecer
a ocorrência de doenças e até paralisar o crescimento da planta.
Quanto à pluviosidade, a planta pode produzir com quantidade
de chuva inferior a 500mm, devido a sua grande tolerância à seca,
mas a produção pode ser muito baixa para obter viabilidade econômica.
Chuva superior a 1.500mm são consideradas excessivas para essa planta,
podendo provocar diversos problemas como crescimento excessivo, doenças
e encharcamento do solo. Solo O
solo para plantio de mamona deve ser plano ou com declividade de no máximo
12%, pois essa planta tem pouca capacidade de proteção contra a
erosão e crescimento inicial muito lento, demorando a cobrir o solo para
protegê-lo da ação das gotas de chuva.
A acidez prejudica
o crescimento das plantas, devendo-se escolher áreas com pH próximo
a neutralidade (entre 6,0 e 7,0) ou fazer a correção do pH com calagem
e com gessagem se necessário.
O solo para plantio de mamona deve
ser bem drenado, pois a planta é extremamente sensível ao encharcamento,
mesmo que temporário. Cerca de três dias sob encharcamento pode provocar
morte das plantas. Solos com alta salinidade também são pouco recomendados,
pois a presença de alta concentração de sais pode prejudicar
o crescimento da planta.
O preparo do solo é fundamental para
o êxito de uma lavoura de mamona. Essa prática tem dois principais
objetivos: controlar plantas daninhas e aumentar a aeração do solo.
Ambos os fatores são de grande importância, pois a mamoneira é
muito sensível à concorrência com as plantas daninhas e muito
exigente em aeração do solo, pois suas raízes só se
desenvolvem adequadamente em solo com bom suprimento de oxigênio.
A mamoneira é muito exigente em fertilidade do solo, tendo produtividade
muito alta em solos alta fertilidade natural ou que receberam adubação
em quantidade adequada. Deve-se sempre fazer a análise de solo e fornecer
a quantidade de fertilizantes recomendada pelo laudo técnico. Mesmo sob
intenso déficit hídrico a mamoneira é capaz de aproveitar
a adubação, o que diminui o risco dessa prática, principalmente
em zona semi-árida.
A adubação em excesso pode ser
prejudicial à produtividade, principalmente nas cultivares de porte médio
e crescimento indeterminado, pois pode provocar crescimento excessivo e queda
na produtividade. População
de Plantas A
definição da população de plantas é um passo
importante, pois não envolve custos significativos, mas tem grande efeito
sobre a produtividade. A população é definida pelo espaçamento
entre linhas e distância de plantas dentro da linha, também chamada
de densidade.
Em cultivares de porte médio, a distância
entre as plantas geralmente recomendada é de 1m, mas o espaçamento
pode variar entre 2 e 4m entre linhas, dependendo da fertilidade do solo, quantidade
de chuva esperada e intenção de consorciação com outras
culturas.
Um dos principais fatores para essa definição
é a quantidade de água, pois em locais muito secos deve-se permitir
maior distância entre as plantas para diminuir a concorrência, enquanto
em locais mais chuvosos ou sob irrigação o espaçamento pode
ser mais estreito.
Em solos muito férteis ou que receberam adubação,
as plantas tendem a crescer mais e nessa condição o espaçamento
muito estreito pode provocar o estiolamento das plantas.
Para realização
de cultivo consorciado, deve-se permitir espaçamento de pelo menos 3m entre
linhas, para que haja espaço para crescimento da outra cultura, podendo
ser de até 4m caso se deseje priorizar a produção da cultura
consorciada.
No caso de plantio mecanizado, o espaçamento muitas
vezes é definido pela regulagem das máquinas usadas para o plantio
também de outras culturas ou em distância que permita o aproveitamento
da colheitadora.
O desbaste ou raleio consiste na retirada das plantas
em excesso em cada cova. Deve ser feito entre 10 e 20 dias após a emergência.
Deve-se ter cuidado para não danificar o sistema radicular da planta que
permanecerá em campo, o qual é superficial e frágil. O ideal
é cortar a planta a ser eliminada abaixo das folhas cotiledonares, Caso
se opte pelo arranquio, deve-se evitar puxar as plantas para cima, procurando-se
puxar para o lado.
Nunca se deve deixar mais de uma planta na mesma cova,
pois as duas competiriam por espaço, água e nutrientes, resultando
em produção menor que a de uma planta sozinha. No caso de plantio
mecanizado não se faz desbaste, devendo-se obter a população
de plantas desejada apenas pelo ajuste da quantidade de sementes por metro linear,
considerando-se o percentual de germinação da semente. Cultivo
Consorciado O
plantio de mamona pode ser feito em consórcio com outras culturas, principalmente
as alimentares. O consórcio mais comum é com o feijão que
é uma planta de ciclo rápido e que concorre pouco com a mamoneira.
O amendoim também é um consórcio muito promissor, pois contribui
com o enriquecimento do solo com nitrogênio e concorre pouco com a mamoneira.
Alguns cuidados são importantes ao fazer o cultivo consorciado:
o plantio da cultura consorciada deve ser feito pelo menos 15 dias depois da mamona,
pois a germinação e o crescimento inicial da mamoneira são
muito lentos e se forem plantados juntos ela pode ficar muito prejudicada; deve-se
deixar pelo menos 1m de distância entre a linha da mamona e da cultura consorciada
para evitar sombreamento e concorrência excessiva; deve-se evitar o consórcio
com culturas que cresçam mais que a mamona, como o milho ou gergelim, pois
o sombreamento dessas plantas pode prejudicar muito a produção da
mamona. Deve-se dar preferência a culturas rasteiras ou de porte baixo como
feijão e amendoim; o feijão deve ter porte ereto, evitando-se
aqueles com característica de trepadeira, o qual poderia subir pelo tronco
da mamoneira e prejudicar sua produção; a cultura consorciada deve
ter o ciclo o mais curto possível para diminuir a competição
com a mamona. Poda A
poda é uma prática muito utilizada no Brasil que tem o objetivo
de evitar o plantio da lavoura todo ano. Deve ser feita ao final da colheita.
Recomenda-se que a lavoura seja podada no máximo uma vez para evitar aumento
da ocorrência de pragas e doenças.
Não se recomenda
a realização da poda em locais favoráveis à ocorrência
da prodridão-dos-ramos (solos pouco férteis, temperaturas altas
e clima muito seco), pois grande parte das plantas pode morrer dessa doença
durante o período seco, ocasionando baixo estande e produtividade insatisfatória.
Cultivares de porte baixo ou anãs e híbridos não são
apropriadas para cultivo com poda. Plantio A
época de plantio deve ser determinada de forma a aproveitar ao máximo
o período chuvoso, mas sendo a colheita feita em época seca. Para
isso, deve-se observar o ciclo da cultivar a ser plantada e o início e
fim do período chuvoso.
O semeio da mamona pode ser feito de forma
manual ou mecanizada. No plantio manual, devem ser abertas covas com profundidade
de 5 a 10cm e plantadas 3 sementes. A adubação com fertilizantes
químicos pode ser feita na mesma cova, tendo-se o cuidado de deixar a semente
a pelo menos 5cm de distância do adubo para evitar morte da semente. Usando
adubo orgânico esse isolamento não é necessário. Para
plantio mecânico, deve-se observar se o tamanho das sementes é compatível
com as engrenagens internas que podem lhe causar danos. A adubação
pode ser feita concomitantemente ao semeio. Colheita
Para fazer colheita mecanizada, deve-se plantar um cultivar indeiscentes (que
não soltam as sementes quando o fruto seca), o que possibilita que a colheita
seja feita apenas uma vez quando todos os cachos da lavoura estiverem secos.
Não existem máquinas vendidas exclusivamente para colheita de mamona,
devendo-se fazer adaptações na colheitadeira de milho, incluindo-se
proteções laterais, cerdas para retenção dos grãos
e cobertura do cilindro com uma capa de borracha.
A máquina realiza
a colheita e o descascamento ao mesmo tempo e para que o descascamento seja viável,
essa operação só pode ser feita nas horas mais quentes do
dia e em dias secos. Caso as plantas ainda tenham muita folha no momento da colheita,
deve-se fazer aplicação de um desfolhante.
Nas cultivares
de porte médio, que são semi-deiscentes e produzem vários
cachos, a colheita da mamona deve ser feita quando 2/3 dos frutos do cacho estiverem
secos. Isso torna necessário a realização de várias
colheitas, aumentando a necessidade de mão-de-obra. Caso o clima não
esteja muito quente e seco, condição que favorece a abertura dos
frutos e queda das sementes, se as sementes não estão caindo pode-se
adiar um pouco a colheita para diminuir o número de passagens na lavoura
e reduzir os custos com mão-de-obra.
A retirada dos cachos pode
ser feita quebrando o talo ou cortando com auxílio de um alicate de poda
(mais indicado). O transporte dos frutos até o terreiro de secagem pode
ser feito de diversas formas: em sacos, balaios, cestos, carroças etc.
Geralmente, a separação dos talos e frutos, se necessária,
é feita no terreiro. Secagem Os
cachos devem ser espalhados em camadas de no máximo 10cm e revolvidos várias
vezes durante o dia. Se possível, os cachos devem ser amontoados no final
da tarde e cobertos com uma lona plástica para evitar chuvas ou mesmo o
orvalho noturno. Essa amontoa deve ser feita com os frutos ainda quente, ou seja,
antes do solo esfriar para que o calor seja conservado. Da mesma forma, pela manhã
os frutos só devem ser espalhados quando o sol já estiver quente.
O tempo de secagem dependerá do nível de umidade no momento
da colheita e das condições ambientais, principalmente temperatura
e insolação. Geralmente, os frutos estarão prontos para o
descascamento após dois ou três dias secagem.
Há
diversos modelos de máquinas para descascamento da mamona, podendo variar
o princípio de funcionamento, a mobilidade e a necessidade ou não
de retirada dos talos. Algumas máquinas podem ser acopladas ao trator,
sendo levadas para dentro da lavoura e evitando o transporte dos frutos para um
ponto específico. Muitos modelos também dispensam a necessidade
de separação dos talos do cacho, diminuindo a necessidade de mão-de-obra
e reduzindo os custos de produção.
Essa operação
é muito importante para obtenção de um produto de boa qualidade.
Os dois principais aspectos a serem observados são a baixa umidade dos
frutos e a regulagem da máquina. Muitas vezes, além de estar seco,
o fruto precisa ser exposto ao sol antes de ser colocado para descascar. As sementes
de mamona têm tamanhos muito variados entre diferentes cultivares e as máquinas
geralmente são reguladas para um único tamanho. Por isso, é
importante não haver mistura de sementes de diferentes cultivares na hora
de descascar.
Os principais problemas provocados pelo descascamento são
sementes não descascadas (também chamadas de marinheiros) e sementes
quebradas. A indústria aceita no máximo 10% de marinheiros, pois
acima disso a eficiência de extração de óleo é
comprometida. A quebra das sementes são a principal causa da acidificação
do óleo, comprometendo a qualidade desse produto.
O armazenamento
das sementes de mamona pode ser feito em sacos de 60 kg ou em silos. As sementes
armazenadas não são atacadas por pragas que comprometam sua qualidade,
apenas alguns insetos podem se alimentar de uma estrutura externa da semente (carúncula),
mas sem comprometer sua qualidade.
O principal cuidados necessário
ao armazenamento é o cuidado com a umidade do grão no momento do
ensacamento e durante o período em que permanecer armazenado. Para um bom
armazenamento é desejável que se tenha baixa temperatura, baixa
umidade do ar e boa aeração. |