Para
aumentar a preocupação do agricultor, sua evolução
depende de condições climáticas, mais precisamente da freqüência
de chuvas. A presença de água na superfície da folha é
um componente essencial para o início do processo de infecção.
O fungo se desenvolve em ambientes úmidos. Chuvas freqüentes
são ideais para o estabelecimento do parasita. No Rio Grande do Sul, por
exemplo, na safra 2004/05, ocorreu uma grande estiagem e houve poucos focos de
ferrugem, porém muitos produtores perderam a lavoura por falta de chuva,
explica Alexandre Roese, fitopatologista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
R11; Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, em Dourados-MS.
Com essa soma de fatores, o engenheiro
agrônomo, que há três anos pesquisa doenças em soja
e trigo, aponta algumas estratégias de controle: uma curativa, o tratamento
com fungicidas; outras preventivas, o vazio sanitário e o lançamento
de cultivares resistentes. Nesse último item, a Embrapa, a cada ano, aprimora
suas pesquisas em busca desse objetivo. Quanto à pulverização
com fungicidas, ela deve ser feita assim que o primeiro indício de ferrugem
for detectado. Atualmente, o mercado dispõe de produtos com alto potencial
de eficiência e registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento; e os custos de uma aplicação, em relação
ao ano passado, estão 13,2% menores, conforme informações
do socioeconomista da Embrapa em Dourados, Alceu Richetti. A inclusão
de novos produtos tornou o mercado mais competitivo e isso se refletiu na queda
dos preços. O pesquisador relata que o controle químico
corresponde ao valor de 1,1 a 1,9 sacas de soja por hectare. Na safra passada,
as perdas chegaram a 2,17 sacas por hectare, ou seja, a preços de hoje,
R$ 75,95 por hectare. Como o custo de uma aplicação para a próxima
safra está estimado, no máximo, em R$ 49,15, a economia é
de R$ 26,80. Em condições ótimas para o desenvolvimento
da doença, as perdas na produtividade da soja podem chegar a até
80%. É altamente viável ao produtor realizar o controle da ferrugem,
destaca Alceu.
Vazio sanitário - atendendo a demanda do setor
agrícola, estados como Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,
instituíram leis estaduais estabelecendo um período de 90 dias entre
a colheita e o plantio da nova safra em que não se cultiva soja. A medida
retarda a disseminação da ferrugem asiática e de acordo com
a lei, a semeadura obedece ao que está previsto no zoneamento agrícola
dos estados e o desrespeito é passível de multa. Como a soja
é considerada o principal hospedeiro do fungo, a ausência dela é
fundamental no combate à ferrugem, afirma o fitopatologista Roese.
Agora, todas essas técnicas somente terão resultado se
o sojicultor estiver atento à lavoura. O monitoramento das plantas
é o melhor método de controle. Assim que notar o surgimento do fungo,
o produtor deve procurar um laboratório para confirmação
da amostra e efetuar o controle com fungicida, além de avisar a Iagro,
recomenda.
Consórcio Antiferrugem - levar informações
precisas sobre a ferrugem ao produtor, deixando-o apto para o manejo da doença,
esse é o objetivo principal do Consórcio Antiferrugem. Criado em
2004 e coordenado pela Embrapa Soja (Londrina-PR), ele conta com a participação
de representantes de instituições, fundações, universidades,
institutos de pesquisa, cooperativas, empresas de insumos, dentre outras.
Outra missão do Consórcio é o cadastramento de laboratórios
habilitados a identificar a doença e situados em regiões produtoras
de soja no Brasil. Na região Sul de Mato Grosso do Sul, estado onde foi
registrado o primeiro foco, a Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados,
tem à disposição um laboratório com equipamentos e
equipe capacitada. O produtor não precisa marcar hora, basta vir
à Embrapa que o estaremos atendendo. A ferrugem exige uma reação
rápida, enfatiza Roese.
O caso de Aral Moreira apresentou
características básicas para o surgimento da infecção.
Foi em uma lavoura comercial de 70 hectares, propriedade de um grupo de agricultores,
que desde 1996 cultivam no município, que o técnico agropecuário
da Fundação MS, Roberto Presolin, identificou os sintomas da doença
em estádio R3, início de formação de vagem, na última
segunda-feira, dia 10.
Ele conta que há quatro anos a cidade está
entre as primeiras do estado a ter o foco da ferrugem. Esta região
de Aral Moreira possui um microclima peculiar, com manhãs úmidas,
chegando a orvalhar. Essa umidade favorece o aparecimento do fungo além
do plantio super precoce, feito nos primeiros 15 dias do mês de outubro.
Outra informação que merece reflexão é a proximidade
da fronteira com o Paraguai, onde as estratégias de prevenção
e controle são diferentes das brasileiras. |