Assim que foram comunicados sobre a possibilidade de interdição
da comercialização, os presidentes da ABCZ, José Olavo Borges
Mendes, do Sindicato dos Produtores Rurais de Uberaba, Rivaldo Machado Borges
Júnior e da Certrim (Cooperativa dos Empresários Rurais do Triângulo
Mineiro), Luiz Henrique Borges entraram em contato com o deputado federal Marcos
Montes, para tentar reverter a interdição, uma vez que a adulteração
do produto foi constatada apenas no leite UHT produzido pela Coopervale (Cooperativa
dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande), em Uberaba, e a Casmil (Agropecuária
do Sudoeste Mineiro), em Passos.
Com o apoio do deputado Marcos Montes
foi possível cancelar a interdição para a comercialização
do leite cru e do leite tipo C pasteurizado, que foi proposta pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Essa foi uma vitória
que obtivemos com o apoio incondicional do deputado Marcos Montes. É uma
forma de não prejudicar o produtor que entrega nas cooperativas o leite
que produz e que nada tem a ver com a crise das indústrias investigadas,
afirmou o presidente da ABCZ.
Após a operação que
revelou suspeitas de adulterações no leite produzido por duas cooperativas
de Minas Gerais, a Coopervale (Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do
Rio Grande), em Uberaba, e a Casmil (Agropecuária do Sudoeste Mineiro),
em Passos, a qualidade do leite produzido no país passou a ser questionada
por consumidores e pela mídia.
Para o presidente da ABCZ todas
as acusações devem ser rigorosamente investigadas. Apoiamos
totalmente as investigações. Porém, o produtor brasileiro
não pode ser mais uma vez sacrificado pela eventual ingerência de
empresas isoladas. Após a implementação da Instrução
Normativa 51, o produtor foi obrigado a seguir uma série de determinações
para melhorar a qualidade do leite. Não é justo que em um momento
de recuperação de renda, o produtor seja penalizado, avalia
o presidente da ABCZ.
Conforme as investigações, as cooperativas
são suspeitas de acrescentar ao leite substâncias como soda cáustica
(hidróxido de sódio), água oxigenada (peróxido de
hidrogênio), citrato de sódio e ácido cítrico. A
adulteração, se comprovada, é um fato isolado. O leite produzido
nas propriedades brasileiras é de qualidade. Não há dúvidas
de que o produtor é um dos maiores prejudicados com esta fraude,
pontua José Olavo, lembrando que muito já foi feito no campo para
melhorar a produção leiteira, inclusive na área de melhoramento
genético dos animais.
José Olavo lembra que o leite é
a fonte de renda de milhares de pequenos e médios produtores brasileiros,
que ainda acreditam na atividade. Na região de Uberaba, a cooperativa investigada
possui mais de 60 anos de atuação no segmento de produtos lácteos
e tem grande representatividade para a economia local, contando com aproximadamente
1100 cooperados dos municípios de Uberaba, Campo Florido, Água Comprida,
Rufinópolis Ponte Alta, Santa Juliana, Conquista, Sacramento, Veríssimo,
Conceição das Alagoas, Delta e Nova Ponte. A Coopervale é
a terceira empresa de Uberaba que mais arrecada impostos para o município
e onde estão empregados mais de 400 funcionários. De acordo com
a assessoria de imprensa da Coopervale, apesar da crise, o volume de leite coletado
pela cooperativa continua sendo o mesmo, algo em torno de 115 mil litros de leite
por dia.
O Ministério da Agricultura divulgou comunicado para
esclarecer a população sobre o consumo de leite. No documento, o
ministério afirma que nos níveis encontrados, as substâncias
químicas não oferecem riscos iminentes à saúde do
consumidor. Ao afirmar que adulterações e fraudes são inaceitáveis,
principalmente, quando envolvem alimentos, o MAPA reforçou que a forma
de efetuar a inspeção dos fiscais federais agropecuários
foi alterada. Segundo o ministério, desde 2004, já foram efetuados
10 milhões de análises de amostras pelo sistema laboratorial que
avalia a qualidade do leite no Brasil. Diariamente, são realizadas mais
de 10 mil análises. O ministério afirma ainda que a população
pode estar segura de que todas as medidas de inspeção e fiscalização,
visando assegurar a oferta de produtos íntegros e de padrões de
qualidade nutricional e de inocuidade, estão sendo desenvolvidas em ação
conjunta pelo Mapa e Anvisa. |