A
primeira delas é com relação a semente. Para que a semente
de café conserve por muitos meses uma elevada porcentagem de germinação
ela deve ser desidratada após a eliminação da substância
péctica que envolve. Essa desidratação é geralmente
feita por meio de seca à sombra, mas pode também ser feita ao sol
ou em secadores.
O importante no processo de seca de café
para semente é o teor final de umidade que não deve ser inferior
a 8-9%, por isto quando se processa a seca da semente ao sol é necessário
muito cuidado uma vez que sendo muito rápida a seca, facilmente a umidade
da semente atinge valores inferiores aquele limite e então o poder germinativo
fica comprometido. É conveniente que as sementes, após terem sido
desidratadas até um teor de umidade de 10%, sejam guardadas em recipientes
hermeticamente fechados a fim de se evitar a reabsorção de umidade
do ar.
O processo de germinação da semente de café
é mais ou menos lento. Em condições bastante favoráveis
de temperatura e de umidade ela se dá em 3 a 4 semanas. É de grande
interesse para o fisiologista o conhecimento do sistema radicular das plantas.
A extensão e profundidade atingida pelo sistema radicular são de
importância para a absorção eficiente de sais minerais e água.
A melhor distribuição do sistema radicular encontrado
foi no solo terra-roxa misturada. Neste solo as raízes do cafeeiro atingiram
profundidade de mais de 2,50 m sendo que a 2 m a quantidade de radicelas encontrada
foi grande. Em segundo lugar está o solo arenito de Bauru seguido pelos
solos massapé e terra-roxa legitima.
Embora as tentativas de sombreamento
dos cafezais no Brasil datem talvez da introdução dessa planta em
nosso país, essa técnica de cultura não se generalizou. Além
da produção bastante menor, os cafeeiros sob sombra, em nossas condições
são, na grande maioria dos casos, severamente prejudicados pela seca.
Medindo a quantidade de água disponível no solo de cafezais sombreado
e não sombreados durante períodos de seca verificou-se que nos primeiros
a quantidade de água disponível era sempre menor que nos segundo.
O sucesso do sombreamento na América Central, onde o período de
seca é longo, comparável com o que ocorre nas regiões cafeeiras
do Estado de São Paulo, é explicado pela grande quantidade de água
disponível encontrada nos solos daquela região, mesmo após
secas prolongadas.
A concorrência que as arvores de sombra fazem
ao cafeeiro tornou-se mais evidente quando se mediu a quantidade de água
transpirada diariamente pelo cafeeiro sombreado e pelo Ingazeiro durante um ano.
Os ingazeiros são arvores que na ocasião se usavam para o
sombreamento dos cafezais.
Embora o cafeeiro possa vegetar em uma extensa
área geográfica compreendida em sua maior parte pelos trópicos,
abrangendo uma ampla variação de clima e solo, a sua produção
econômica, entretanto, se restringe a uma área bem menor, dentro
daqueles limites, onde os fatores ecológicos são mais favoráveis.
Temperaturas médias anuais situadas entre 18 e 22ºC parecem
ser as mais favoráveis ao cafeeiro. Entretanto, não se deve considerar
apenas a média anual, pois muito importantes são os extremos, especialmente
as temperaturas mínimas que se apresentam na região.
Assim,
sendo o cafeeiro uma planta pouco tolerante ao frio, não deve ser plantado
em regiões sujeitas a geada ainda que ocasionalmente, pois poderá
ser fortemente prejudicado.
Mesmo temperaturas não muito baixas,
de apenas uns poucos graus acima de zero, embora não sejam suficientes
para produzir a geada já causam alguns danos aos cafeeiros, especialmente
às suas partes mais novas.
Por outro lado, em regiões onde
temperaturas acima de 30ºC são freqüentes, durante períodos
longos, a produção do cafeeiro é prejudicada principalmente
porque grande número de botões florais abortam, não produzindo
frutos.
A geada tem se constituído em permanente preocupação
para os agricultores, sobretudo para os cafeicultores do sul de São Paulo
e Paraná. Geada Embora
o Estado de São Paulo não tenha inverno considerado rigoroso, muitos
estragos têm-se verificado nas plantações nesse período
devido às geadas ocorridas. Para evitar esses problemas muitos métodos
têm sido apregoados, mas nem todos são baratos, podendo trazer inconvenientes
econômicos.
Geada é um fenômeno metereológico
ocasionado pelo abaixamento da temperatura em conseqüência da invasão
de massas de ar polar. Aparece em noites frias, calmas, e quando o céu
está completamente limpo e estrelado.
Existem dois tipos de geadas:
a branca e a negra. A geada branca é formada quando o ar está relativamente
úmido, com o ponto de orvalho acima da temperatura de congelamento. Havendo
o abaixamento da temperatura, poderá haver deposição de gelo,
ou as gotículas de orvalho que estão sobre a superfície das
plantas poderão se congelar, dando formação à geada
branca. A geada negra aparece quando há o abaixamento da temperatura, mas
o ar está com pouca umidade, não havendo formação
de gelo.
Primeiramente escolhe-se o local para o plantio das culturas,
lembrando que o ar frio é mais pesado que o ar quente e que os efeitos
da geada nos vegetais dependem da temperatura e do tempo de exposição
a essa temperatura.
As matas funcionam como verdadeiras represas para
o ar frio, dificultando o seu escoamento para áreas mais baixas. Assim
sendo, a abertura de corredores (derrubada de árvores em faixas) dentro
das metas, possibilitará a saída do ar frio, canalizando-o para
as baixadas. Caso isso não seja feito, as culturas que se localizarem a
montante sofrerão os efeitos do ar frio represado, agravando consideravelmente
as conseqüências da geada. Esses corredores deverão ter uma
largura aproximada de 100 metros. No planejamento de uma propriedade
agrícola, se houver possibilidade e interesse em construir uma barragem,
ela deverá ser localizada acima da cultura que se quer proteger das geadas.
Isso porque a água conserva o calor do sol por mais tempo do que o solo.
Assim, o ar frio, em seu caminho descendente, será aquecido na sua passagem
sobre a água da barragem e alcançará e cultura com uma temperatura
mais elevada e mais umedecida. Sempre que possível a vegetação
sem interesse para o lavrador e as coberturas mortas deverão ser retiradas
do solo, pois elas funcionam como uma camada isolante do calor liberado pelo solo
durante a noite. O solo nu absorve o calor do sol durante o dia e devolve-o durante
a noite, reduzindo, dessa forma, o resfriamento. Nebulização É
mais uma opção para proteger a lavoura, fazendo-se à noite
por meio de uma nuvem artificialmente produzida que cobrirá a plantação
funcionando como cobertura, evitando a saída do ar quente, assim evitando
a entra do ar frio e o contato com as plantas.
O material para nebulização
deverá estar preparado durante o período mais provável de
geadas. No Estado de São Paulo esse período vai de maio a setembro. Escolha
do local Na
escolha do local da futura lavoura, devem ser evitadas as seguintes situações:
1. terrenos voltados para faces sujeitas a ação dos ventos frios
que são prejudiciais ao cafeeiro; 2. locais que tenha tido cafezais há
menos de 5 anos, porque essa condição poderá favorecer o
aparecimento de pragas e moléstias no novo cafezal principalmente os nematóides;
3. baixadas úmidas; 4. topografias muito íngremes, solos rasos,
pedregosos ou muito erodidos.
Para a maioria das regiões cafeeiras
de São Paulo, o sistema de plantio de café que pode ser recomendado
de modo geral é o de livre crescimento.
Neste sistema o espaço
básico indicado é o de 4 x 2,5m para as variedades Mundo Novo e
Bourbon Amarelo, podendo entretanto essa distancia sofrer pequenas alterações
para mais ou menos em função de condições locais e
dos tratos a serem dispensados ao cafezal e que poderio influir no seu desenvolvimento.
O número de mudas por cova deverá ser de 2 a 3, sempre
dispostas no sentido das linhas e mantendo entre si uma distancia de 20 a 25 cm.
Para as regiões altas (acima de 650 metros) e menos sujeitas a
períodos de secas prolongadas, especialmente aquelas situadas ao longo
da divisa com o Estado de Minas Gerais, poderá ser recomendada o plantio
no espaçamento de 3 x 2m, com 2 plantas por cova e condicionado ao decote
das plantas a uma altura máxima de 1,5m do solo quando as mesmas apresentarem
tendência para o fechamento nas ruas.
Este decote deverá
ser renovado em ciclos de 3 a 5 anos e sempre após uma safra elevada, ou
na previsão de uma pequena produção no ano seguinte. Essa
operação deverá ser efetuada nos meses de agosto ou setembro
após o término da colheita.
Esse sistema proporciona uma
maior produção por áreas especialmente nos primeiros anos.
Favorece também a operação da colheita quando a mesma é
feita por derriças a mão ou em cereja. Por se tratar de sistema
mais intensivo é indispensável uma assistência mais efetiva
do técnico. Culturas
lntercalares O
cultivo intercalar de outras plantas dentro do cafezal é admissível
somente durante a formação deste, objetivando uma renda compensatória
ao cafeicultor enquanto não tem o café produção. As
culturas intercalares variam bastante quanto ao prejuízo que podem causar
ao cafeeiro. As principais culturas intercalares, na ordem crescente do prejuízo,
que podem causar ao cafeeiro são: feijão, amendoim, soja, arroz,
algodão, milho, girassol e mamona.
Durante o período chuvoso
é admissível o cultivo, por rua do cafezal, de duas linhas de milho
ou três de arroz ou algodão ou quatro de feijão ou outra leguminosa
de baixo porte. No segundo ano poderá ser plantada uma linha de milho ou
de arroz ou três de leguminosa. No terceiro ano apenas 1 ou 2 linhas de
leguminosas, sendo contra-indicado o cultivo intercalar a partir do 4º ano. Capinas As
ervas daninhas podem causar grandes prejuízos ao cafezal se não
forem adequadamente controladas. Contudo, quando o seu crescimento não
for excessivo, o seu efeito na lavoura pode ser benéfico, controlando a
erosão, contribuindo para manter o nível de matéria orgânica
do solo e evitando o aquecimento demasiado deste e sua compactação.
Durante os meses de seca as ervas invasoras concorrem com os cafeeiros
no consumo da água disponível do solo, razão pela qual as
lavouras devem ser mantidas, nessa época, livres de qualquer vegetação
estranha. A eliminação das ervas daninhas é feita pelas capinas,
geralmente em número de 3 a 5 durante o período chuvoso. As capinas
podem ser manuais, mecânicas ou por meio de herbicidas. |