Os
principais destinos do couro brasileiro em receita entre janeiro e maio continuam
sendo a Itália (participação de 29,12 % e crescimento de
47% quando comparado a 2006), China (participação de 22,49% e elevação
de 60%) e Hong Kong (10,96% e decréscimo de 7%).
Estados Unidos,
Vietnã, Indonésia, Coréia do Sul e Tailândia foram
outros mercados importantes para o produto nacional. As vendas externas para o
Vietnã cresceram 76% no período, saindo de US$ 13,12 milhões
para US$ 23,12 milhões.
No primeiro semestre de 2007, as exportações
de couro alcançaram US$ 1,12 bilhão, dos quais 64% foram em couro
de maior valor agregado (semi-acabado e acabado) e 36% foram em couro de menor
valor agregado (salgado e wet blue).
O acumulado até maio também
registrou aumento nas vendas para países que não são importadores
tradicionais do couro brasileiro, como é o caso do México (expansão
de 157%, de US$ 5,61 milhões para US$ 14,42 milhões), República
Dominicana (aumento de 317%, saindo de US$ 674,30 mil para US$ 2,81 milhões),
e Cingapura, que aumentou suas importações em 716%, de US$ 673,45
mil para US$ 5,49 milhões. Para o segundo semestre de 2007, a expectativa
é que as exportações de couro cheguem a US$ 1,2 bilhão,
com uma participação ainda maior dos couros de maior valor agregado,
afirma Luiz Bittencourt.
Dentre outros países não compradores
habituais do produto nacional cabe citar a Romênia, que importou 313% a
mais, saindo de US$ 238 mil para US$ 983,46 mil; a República Tcheca, cujas
compras cresceram 53 vezes, saindo de US$ 14,54 mil para US$ 774,42 mil, e as
Filipinas, que importaram 137 vezes mais, saltando dos US$ 3,4 mil para US$ 466,8
mil. A Arábia Saudita também aumentou em 348% as aquisições
do couro brasileiro no período, de US$ 12,1 mil para US$ 54,3 mil.
Para que o couro seja mais valorizado e tenha um valor maior, são necessários
cuidados que começam ainda na criação dos bois: Diria
que são duas premissas importantes, basicamente: A primeira é a
conscientização do pecuarista sobre os cuidados para a qualidade
do couro que lhe proporcionarão ganhos no couro e na carne; a segunda é
que essa qualidade seja efetivamente reconhecida e remunerada. A equação
parece, mas não é de simples solução. Mas também
não é de solução impossível. Há que
se buscar, diuturnamente, uma solução, explica o diretor executivo
da CICB. Estados
exportadores Segundo
o balanço dos embarques de couros de janeiro a maio de 2007 ante o acumulado
anterior, São Paulo detém a liderança estadual (participação
de 34,49% e elevação de 41%), seguido pelo Rio Grande do Sul (participação
de 24,43% e aumento de 18%), Paraná (6,53% e expansão de 57%) e
Mato Grosso do Sul (6,45% e crescimento de 38%). Os demais estados são
Ceará, Bahia, Goiás e Minas Gerais.
O Brasil possui hoje
o maior rebanho bovino comercial do mundo, com 205 milhões de cabeças,
seguido da China (143 milhões de cabeças) e EUA (99 milhões
de cabeças), segundo a FAO, o órgão da Organização
das Nações Unidas para a agricultura e alimentação.
Bittencourt explica que essa é uma vantagem comparativa que possui potencial
de crescimento, pois temos território superior a 850 milhões de
hectares, proporcionando ao Brasil capacidade para expansão de sua pastagem,
sem comprometimento da preservação ambiental. Portanto, carne e
couro serão, por longo tempo, produtos em que o Brasil terá vantagens
competitivas no mercado internacional. E essas vantagens exigirão
políticas públicas estratégicas com foco nesses setores.
As exportações de couro continuarão a crescer, mesmo porque
o mercado doméstico não absorve, há algum tempo, nem 15%
da produção brasileira de couro, afirma Bittencourt. A
indústria brasileira Mais
de 800 empresas formam o complexo industrial que atua na produção
e no processamento de couros. A atividade movimenta um PIB de US$ 3 bilhões,
emprega 45 mil pessoas e deve fechar o ano com embarques da ordem de US$ 2,3 bilhões.
Esse setor chega a recolher quase US$ 1 bilhão anual em impostos. Estes
dados são todos da Secretaria de Comércio Exterior.
O Brasil
é o maior exportador de couros do mundo, embarcando 35 milhões de
peças por ano, além de ser um dos maiores produtores, com o processamento
ao redor de 45 milhões de unidades. Um fator essencial que proporciona
esses números é o fato de termos o maior rebanho bovino comercial
do mundo, com mais de 200 milhões de cabeças. Além disso,
soma-se um moderno parque industrial que recebeu mais de US$ 300 milhões
de dólares em investimentos nos últimos anos e que conta ainda com
uma mão-de-obra das mais qualificadas do mundo.
A despeito
dos obstáculos representados pelas elevadas taxas de juros, pesada carga
tributária, baixa cotação do dólar e demora pelo repasse
dos créditos fiscais acumulados nas exportações, os embarques
de couros no primeiro semestre do ano cresceram 30% em relação ao
mesmo período de 2006, salienta o presidente do Centro das Indústrias
de Curtumes do Brasil (CICB), Umberto Cilião Sacchelli. Um dos motivos
que explicam esse crescimento, além da capacidade competitiva brasileira,
é o fato de haver um aumento na demanda internacional pelo couro.
Apesar desse cenário otimista, o presidente do CICB alerta para três
problemas que preocupam o setor, como a possibilidade concreta de sua desindustrialização
no País.
O primeiro refere-se à taxa de exportação
sobre o couro wet blue e o CICB defende que os recursos obtidos com atual alíquota
de 9% revertam ao próprio setor para a modernização e ampliação
de plantas industriais. Já o segundo penaliza as empresas da Região
Nordeste e refere-se à necessidade de desonerar a importação
de peles de caprinos e ovinos, pois a produção interna não
atende a demanda dos curtumes. Por último, e não menos importante,
é a desnecessária acumulação de créditos de
ICMS na exportação e urge a implantação de uma reforma
tributária que solucione tais problemas, salienta Sacchelli.
Neste contexto, a indústria curtidora nacional tem potencial para exportar
receita superior a US$ 2,4 bilhões anuais, com o ritmo de embarques ao
redor de 22% ao ano, gerando mais empregos e divisas ao País. Até
porque, o novo perfil do couro foca a agregação do valor e a maior
parte das vendas externas do Brasil (mais de 60%) vai para os três principais
mercados China, Itália e EUA (que absorvem 63% das exportações
do couro nacional) e destinam-se aos setores de estofamento e automotivo.
O desempenho do setor no primeiro semestre de 2007 mostra que o couro já
exporta 12% mais do que o setor calçadista e responde por 50% das exportações
de carnes. |