A
citricultura brasileira possui números de dar inveja em muitos outros países
produtores. Só o estado de São Paulo produziu, na safra 2006/2007,
mais de 348 milhões de caixas, volume muito superior à produção
da Flórida, nos EUA, por exemplo, que foi de 131 milhões de caixas.
Essas informações são do Instituto de Economia Agrícola
de São Paulo (IEA) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
(USDA). Nas últimas quatro safras, a produção de laranja
em São Paulo manteve-se estável. Em 2003/2004, por exemplo, o estado
produziu 327 milhões de caixas. Isso mostra que, apesar da expansão
de outras culturas, em especial a cana, o produtor de citros ainda acredita no
potencial da atividade. E não é para menos.
| |
De
acordo com o Cepea/Esalq USP, a indústria paulista de suco de laranja
fechou a temporada 2006/2007 com a maior receita de toda história, US$
2,017 bilhões. O recorde obtido decorre do maior preço internacional
dos últimos 15 anos e das elevadas exportações. Em outras
palavras, o mundo depende do nosso produto e isso é animador para toda
a cadeia produtiva. Claro que há os desafios de manter esse quadro, mas
pelo que vimos ultimamente, dificilmente o Brasil perderá o posto de maior
produtor e exportador de suco de laranja do mundo.
O avanço das
áreas de cana, a necessidade de adoção de tecnologias que
vão desde o número adotado de plantas por hectare, métodos
e programas de controle de pragas e doenças, adoção de irrigação
e práticas culturais adequadas vêm sendo fatores determinantes para
o êxito dos citricultores. Somente continuarão na atividade os produtores
que realmente saibam administrar o negócio com sustentabilidade, contando
sempre com a assessoria de consultores e especialistas em citros.
Dentro
desse cenário, o maior desafio que a citricultura enfrenta hoje, principalmente
em São Paulo, é o controle de uma doença conhecida por greening,
disseminada por um vetor chamado Psilideo. A doença requer monitoramento
constante e, quando verificada, é necessário a erradicação
das plantas contaminadas. Devido à velocidade de disseminação
da doença, o controle do vetor é indispensável e todos os
produtores devem adotar os programas corretos para prevenir a entrada e disseminação
da doença nas lavouras. É sempre bom lembrar que há outras
doenças que atacam as plantações no estado e, portanto, o
cuidado deve ser sempre muito grande. Apesar desse quadro sobre as doenças,
o esforço coordenado entre pesquisadores e produtores sempre tornarão
a citricultura brasileira entre as mais eficientes do mundo.
A citricultura
abre as portas do mundo por meio da qualidade de um produto admirado e consumido
em diversos mercados, valorizando o que temos de melhor, que é a nossa
agricultura com todos os seus elos que compõem a cadeia produtiva. Isso
tudo, sempre respeitando o meio-ambiente e todas as pessoas envolvidas nesse mercado
fascinante e poderoso para o Brasil. Não é por menos que é
um setor que emprega diretamente 400 mil pessoas e é a atividade econômica
essencial para mais de 300 municípios paulistas. A citricultura é
uma potência para o Brasil. * Marcelo Gardel é Gerente
de Cultivos Citros e Café da BASF |