A expectativa é que os resultados positivos do uso da tecnologia da inoculação
do feijoeiro promovam aumentos no excedente da produção familiar,
os quais impliquem em melhoria da qualidade de vida das comunidades. Na região
SR-8 do INCRA, onde o trabalho foi conduzido, existem 107 assentamentos instalados
com 6.594 famílias, perfazendo uma população estimada de
32.965 pessoas.
No primeiro ano do projeto, em 2005, foram instaladas
14 unidades de observação, em propriedades de referência,
nos assentamentos Jibóia, Santa Clara e Paraíso. Como a safra 2005/2006
foi prejudicada por problemas climáticos (falta de chuva no início
do plantio e excesso no período de colheita), a pesquisa foi concentrada
na safra 2006/2007 em 11 lotes. Os outros resultados apontam que na cultivar Requinte,
a produtividade, com aplicação de adubo nitrogenado, foi de 858
kg por hectare. Quantidade parecida com a produtividade obtida com a inoculação
(875 kg por hectare). Já na cultivar Diamante Negro, a produtividade obtida
com adubação nitrogenada foi maior, de 934 kg por hectare.
A pesquisadora Iêda de Carvalho Mendes explica que em alguns casos, como
o da cultivar Diamante Negro, a produtividade com a inoculação pode
ser menor que a produtividade obtida com o adubo nitrogenado, mas, como o inoculante
custa menos, o risco associado ao seu uso também é menor, principalmente
nos casos em que há chances de ocorrer quebras de produção.
Na safra 2006/2007, o custo da uréia (adubo nitrogenado) foi de R$ 90,00,
enquanto o custo do inoculante foi de R$ 6,00. Muitas vezes usamos menos
de 1 kg de inoculante por hectare. Esse diferencial de preços é
muito importante para o pequeno produtor, ressalta.
A prática
da inoculação das sementes, com rizóbios (bactérias
capazes de realizar a fixação biológica do nitrogênio),
representa uma alternativa de baixo custo para aumentar o rendimento do feijoeiro,
além de evitar a contaminação dos recursos hídricos
pelo adubo nitrogenado e diminuir a emissão de gases de efeito estufa.
È comprovadamente uma tecnologia barata, simples de utilizar e com bom
retorno econômico.
A inoculação é o processo
em que as bactérias fixadoras de nitrogênio do ar, os rizóbios,
são adicionados às sementes de feijão, antes da semeadura,
usando um produto chamado inoculante. O inoculante, que pode ser líquido
ou em pó, contém bactérias selecionadas em laboratório
pelos pesquisadores. Cada planta possui um inoculante específico, isso
quer dizer que o inoculante que é usado na soja não funciona no
feijão e vice-versa.
O agricultor deve utilizar sempre inoculante
de boa qualidade e recomendado por técnicos especializados. Deve verificar
o prazo de validade do inoculante, que deve constar na embalagem, se o produto
apresenta o número de registro do Ministério da Agricultura e certificar-se
de que o produto estava sendo conservado em condições adequadas
de temperatura (no máximo 30º C) e umidade.
A pesquisadora
Iêda Mendes lamenta que a adoção dessa tecnologia, especialmente
entre os agricultores familiares, é ainda muito baixa. Um grande problema
tem sido o fato dos pequenos agricultores estarem abandonando o cultivo do feijão
das águas (semeado em outubro/novembro) por causa da grande incidência
de doenças, principalmente viroses, além dos solos serem de baixa
fertilidade, o que atrapalha a fixação biológica de nitrogênio.
A inoculação do feijoeiro é uma forma de estimular
o agricultor a voltar a plantar feijão. Muitos dos alunos da Escola Agrícola
de Unaí, que compareceram ao Dia de Campo, são filhos de produtores
e vão levar o conhecimento para os seus assentamentos. São eles
a grande esperança para a difusão da tecnologia, destaca.
Além da inoculação do feijoeiro, os participantes
do Dia de Campo receberam informações de pesquisadores da Embrapa
Cerrados e técnicos da Emater sobre sistemas de produção
do feijoeiro, manejo de pragas e doenças na cultura, demonstração
da inoculação e visitaram o projeto Mandala. |