O
milho era uma cultura que não tinha um histórico de controle de
doenças, então, os ganhos que o tratamento de sementes tem proporcionado
para a cultura do milho vem sendo bastante expressivos, conta, lembrando
que, hoje, os principais inimigos das lavouras de milho são justamente
as pragas iniciais, as pragas de solo e principalmente, a lagarta do cartucho,
que é uma praga que causa bastante dano.
Na verdade, vários
insetos atacam as sementes, raízes e plântulas (plantas jovens) do
milho após a semeadura. O tipo de ataque reduz o número de plantas
na área cultivada e o potencial produtivo da lavoura. Esses insetos são
de hábito subterrâneo ou superficiais e a maioria das vezes passam
despercebidos pelo agricultor, dificultando o emprego de medidas para o seu controle.
A importância desses insetos variam de acordo com o local, ano e sistema
de cultivo.
De acordo com Nicésio Filadelfo Janssen de Almeida
Pinto, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, no solo os fungos encontram condições
ideais para atacar as sementes de milho, principalmente, quando a semeadura é
realizada em condições sub-ótimas, isto é, em solo
frio e úmido, onde há impedimento da germinação ou
a velocidade de emergência é reduzida, propiciando uma maior exposição
ao ataque dos fungos. Todos os tratamentos fungicidas em sementes propiciam incremento
significativo na emergência das plântulas de milho. Desta forma, o
tratamento de sementes de milho visa, principalmente, a proteção
contra os fungos do solo.
O êxito de qualquer cultivo depende,
fundamentalmente, da qualidade da implantação da cultura. Medidas
de proteção das sementes e plântulas recém-emergidas
atuam como uma prevenção contra o ataque de pragas iniciais, que
geralmente são de difícil visualização no campo e
comprometem a produtividade final.
A utilização de híbridos
de alto potencial produtivo, juntamente com o plantio de sementes tratadas com
inseticidas, tem se mostrado uma excelente opção adotada pelos produtores
como solução para o controle de insetos, além de reduzir
a necessidade de pulverização nos estádios iniciais da cultura.
Para a cultura do milho existem diversos tipos de inseticidas cada um
com diferentes princípios ativos, têm diferentes indicações
e podem auxiliar no controle das pragas iniciais. Segundo a Engenheira
agrônoma Bréscia Terra, existem dois grupos de inseticidas utilizados
no tratamento de sementes: os neonicotinóides e os carbamatos. Os primeiros
controlam asa pragas sugadoras como o percevejo-barriga-verde e cigarrinhas. Esses
insetos ao sugar as plântulas de milho, injetam toxinas e, dependendo da
quantidade e profundidade das picadas, provocam danos, tornando as plantas deformadas,
pequenas, com perfilhamento excessivo, podendo causar até a morte. Como
resultado pode haver redução de produtividade como conseqüência
da redução da população final e um aumento no número
de plantas sem espigas.
Os carbamatos controlam, principalmente, as lagartas,
como a lagarta-elasmo e lagarta-do-cartucho. Dentre os danos causados por essas
pragas, ressaltam-se os danos provocados às sementes e raízes, que
podem prejudicar a germinação e ocasionar a morte das plantas pela
destruição do ponto de crescimento, causando o chamado coração
morto. A
escolha do inseticida O
principal é a identificação das pragas alvo, principalmente
a freqüência e intensidade. É muito importante que o produtor
conheça o inseto que queira controlar, deve-se levar em consideração
o histórico da área, o tipo de manejo (plantio direto, cultivo mínimo
etc), a pressão de insetos, o histórico da área e a cultura
anterior utilizada na rotação. Algumas coberturas podem multiplicar
e alojar determinados tipos de pragas, como por exemplo, a lagarta-da-aveia, e
percevejos e cigarrinhas na ervilhaca e pastagens. Deve-se levar em consideração
também o espectro de controle, o modo de ação e a margem
de fitossanidade em relação à semente, pois alguns produtos
podem causar diminuição na germinação e vigor quando
as sementes são submetidas a um longo espaço de tempo entre o tratamento
e o plantio. É importante também observar a compatibilidade com
outros produtos utilizados no tratamento.
Sob alta pressão de
insetos, normalmente, apenas o tratamento de sementes não é suficiente
para o controle, necessitando-se de pulverizações complementares
com outros inseticidas de princípios ativos e mecanismos de ação
diferentes para se evitar o aparecimento de resistência. Além disso,
devem ser utilizadas práticas de manejo auxiliares que reduzam a pressão
de insetos, como por exemplo, a rotação de culturas e a dessecação
antecipara da cobertura anterior.
Não podemos esquecer que a semente
é um ser vivo e, que muitas vezes, é a via mais fácil e cômoda
de se aplicar produtos de proteção, fertilizantes, inoculantes,
dentre outros. Problemas de germinação e redução da
população de plantas são, muitas vezes, causadas por excesso
de produtos na semente. Não há uma regra. Deve-se usar o bom senso
e estudar as possibilidades de aplicação alternativa de produtos
através do adubo no plantio, via foliar.
Os inseticidas do grupo
dos carbamatos usados para ao tratamento de sementes podem alterar a qualidade
das sementes em questão de dias. Por isso, recomenda-se o tratamento apenas
na quantidade suficiente para o plantio imediato, ou, no máximo, um ou
dois dias antes da semeadura, uma vez que sempre há o risco de ocorrerem
outros imprevistos, como chuvas constantes e problemas com a plantadeira. Semente
industrial Existem
vários benefícios ao se adquirir as sementes já tratadas
pela empresa produtora de sementes. Um deles é a garantia de qualidade,
já que o tratamento industrial das sementes é feitode forma mais
uniforme, com doses mais precisas do ingrediente ativo por semente e com a redução
dos danos mecânicos da sementes.
Outra vantagem é a eliminação
do custo operacional. O tratamento industrial é realizado com qualidade
e não impõe gastos extras para o produtor. Isso, além da
redução de riscos na propriedade, uma vez que não há
o manuseio do produto e exposição do tratador, além da eliminação
da necessidade de maquinas para ao tratamento, e preocupações com
descarte de embalagens.
Portanto, para as pragas iniciais da cultura
do milho, tem-se buscado alternativas ao uso de inseticidas via pulverização.
Uma dessas alternativas é o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos.
Apesar de ser considerado um método preventivo, ainda assim tem sido mais
eficaz do que as pulverizações convencionais.
O custo do
tratamento de semente equivale aproximadamente a 100 kg de grãos, ou 2%
da produção, para tetos de produtividade ao redor de 5.000 kg/ha,
o que é sem dúvida bem inferior ao custo dos outros insumos como
semente, herbicida e fertilizantes. Em termos percentuais, o custo de controle
equivale a 0,5% de plantas atacadas. A probabilidade de ocorrer danos iguais ou
superiores a esse valor é alta no Brasil, considerando as pragas iniciais
do milho, o que tem sido evidenciado através dos resultados de pesquisa
obtidos como tratamento de sementes ao longo dos anos.
As vantagens do
uso do tratamento de semente são: a eficiência, o baixo custo do
produto e da mão-de-obra para efetuar o tratamento, e a seletividade do
processo, por ser uma aplicação localizada. Além disso, dispensa
o trabalho de monitoramento e não utiliza água, essenciais e imitantes
quando se faz pulverizações. O inseticida tanto atua diretamente
sobre as pragas matando-as por ingestão e contato como também pode
atuar por repelência. |