Eliminar
o excesso de umidade das instalações de cochos e bebedouros ajuda
a preservar a saúde do rebanho. Para manter a saúde do rebanho o
produtor deve se preocupar com detalhes que, muitas vezes, podem passar despercebidos.
Preservar cochos e bebedouros sem umidade excessiva, por exemplo, é uma
medida simples que pode evitar transtornos e prejuízos. O zootecnista Haroldo
Queiroz, da Embrapa Gado de Corte, de Campo Grande, MS, dá as dicas de
como evitar o problema.
O excesso de umidade em torno dos cochos e bebedouros,
a lama e as poças dágua que se formam nesses locais são
indesejáveis porque aumentam o risco de acidentes com animais, levando
a fraturas de membros. O risco se torna maior pela combinação
de terreno escorregadio com o aumento da competição pelas áreas
mais secas nas proximidades do cocho ou bebedouro, afirma o zootecnista
da Embrapa Gado de Corte, Haroldo Queiroz. |
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Outro
problema causado pela umidade é o apodrecimento da madeira das instalações,
afundando as pernas e desnivelando o cocho do telhado de cobertura, o que
pode ocasionar até o seu tombamento. A movimentação e a erosão
do solo também podem provocar rachaduras na alvenaria dos cochos e bebedouros
e inutilizá-los por completo.
A água empoçada próxima
a essas instalações também dificulta o abastecimento manual
ou mecânico dos cochos, além de favorecer a reprodução
e multiplicação de micróbios patogênicos (por exemplo
bactérias causadoras de diarréia nos bezerros) e de parasitas.
A concentração de animais, a proximidade entre eles no momento de
beber a água, lamber o sal e comer os suplementos torna os cochos um local
favorável à transmissão de doenças e parasitas pelo
contato direto entre os animais, pelo contato dos animais saudáveis com
secreções e fezes dos animais contaminados. A umidade do local,
a lama e a água empoçada prolongam a sobrevivência dos parasitas
e microorganismos além de espalhar o inóculo aumentando a probabilidade
de contaminar outros animais. A combinação de fezes e umidade favorece
também multiplicação de moscas parasitárias, como
a mosca-dos-chifres, e de moscas transmissoras de doenças.
As
principais medidas a serem tomadas para evitar a formação de lama
e erosão em torno dos cochos e bebedouros são a escolha do local,
a drenagem da área e o capeamento solo.
Para evitar o acúmulo
de umidade ou empoçamento de água, o local escolhido para a instalação
do cocho ou do bebedouro deve ser convexo e nunca uma baixada ou concavidade do
terreno e para evitar erosões o local deve ser plano e alto. Se não
for possível, deve ter pouca declividade e estar longe de vertentes, aqueles
locais por onde corre a enxurrada. Os locais com solo arenoso, permeável
e bem drenado são preferíveis aos locais de solo argilosos,
ensina Queiroz.
Caso seja necessário fazer essas instalações
em local inclinado, a área de concentração dos animais, o
malhadouro, deve ser drenada com canaletas cavadas no solo com um
V apontando para a parte mais alta do terreno.
Se essas medidas
forem insuficientes, a formação de lama deve ser evitada pelo capeamento
impermeabilizante do local. Neste caso os revestimentos mais indicados são
o cascalho e o concreto. Sob a orientação de um zootecnista, outras
soluções, sozinhas ou combinadas com as anteriores podem ser consideradas,
a depender do custo e das características do local a ser protegido.
O cascalhamento do local é uma solução simples, rápida
e de baixo custo de implantação, embora seja de baixa durabilidade,
exigindo reposições trienais, bienais e, em alguns casos, até
anuais. O cascalho, posto numa camada de 20 a 30 cm, deve recobrir uma largura
equivalente ao comprimento de dois bois e meio a partir das bordas do bebedouro
ou comedouro. Depois de espalhado no local o cascalho deve ser compactado com
a roda do trator ou com socadores manuais. O cascalho utilizado é mesmo
empregado no revestimento de ruas. Deve-se, entretanto, ter o cuidado de remover
ou quebrar as pedras com diâmetro maior que 10 cm.
Outra opção
é o revestimento do local com uma camada de 10 cm de concreto. Esta
solução tem um custo de implantação mais elevado,
porém mais baixo a longo prazo, já que um concreto de traço
adequado tem durabilidade superior aos trinta anos utilizados no cálculo
de sua depreciação, explica o zootecnista. Neste caso
os cochos e bebedouros devem ser calçados numa distância de 2 m de
largura. Para o revestimento de 10 cm o traço, a proporção
dos ingredientes, mais indicado é o 1:2:3 (cimento:areia:pedra) com 25
litros de água para cada saco de cimento. A pedra recomendada é
uma mistura, meio a meio, das britas número 1 e 2.
Esse traço
consome 345 kg de cimento, 487 litros de areia seca, 365 litros de brita 1, 365
litros de brita 2 e 181 litros de água por metro cúbico de concreto,
o suficiente para 10 m² de piso ou 5 m lineares de calçada.
Este concreto deve ser reforçado com uma armação de vegalhões
de aço (6 mm de diâmetro) dispostos a cada 20 cm , demandando 10
m / m², mais 1 m para cada 2 m de borda, e amarrados com 4 m de arame
comum.
Caso os cochos sejam compridos, ou a calçada do bebedouro
do bebedouro circular tenha um perímetro longo, é necessário
deixar, no concreto, vãos de dilatação a cada 2 m de calçada.
Para cada m2 de calçamento serão necessários
35 kg de cimento, 50 litros de areia seca, 40 litros de brita 1, 40 litros de
brita 2, 20 litros de água, 12 m de vergalhão de 6 mm e 4 m de arame.
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