O
primeiro censo agropecuário realizado no Brasil foi o Censo Agrícola
de 1920. A Diretoria Geral de Estatística, responsável pelo Recenseamento
Geral de 1920, enviou uma missão técnica aos Estados Unidos para
obter informações sobre o planejamento do XIV Censo Americano. Parte
integrante do Recenseamento Geral de 1920, os Censos Econômicos investigaram
vários temas e aspectos econômicos, entre eles a produção
agropecuária. Assim, a atividade agrícola brasileira foi objeto
de levantamento censitário pela primeira vez em 1920. Apesar da complexidade
do tema, o primeiro recenseamento da agricultura realizado no Brasil adotou modelos
simples de formulários, inspirando-se tanto em normas já consagradas,
como também no exemplo norte-americano. Funcionários da Diretoria
Geral de Estatística (DGE) foram enviados a vários Estados, com
instruções muito específicas, a fim de organizarem os cadastros
das propriedades rurais e dos estabelecimentos industriais, que serviram de base
à distribuição dos questionários. Foram elaborados
cadastros das fábricas instaladas e em operação, dos estabelecimentos
agrícolas e de criação existentes em cada município,
com base nos assentamentos oficiais do imposto territorial ou do registro geral
de terras.
A data de referência deste Censo foi o dia 1º de
setembro de 1920, para os dados de estoque, pessoal ocupado, maquinaria, e, para
os dados de produção e movimento de animais (compra, venda e abate),
o ano de 1919. Não foram investigadas as propriedades rurais cuja produção
anual estava abaixo de 500$000 (quinhentos mil réis). De lá para
cá outros nove censos agropecuários foram realizados, sendo que
o último foi feito em 1996.
O Censo Agropecuário visitará
até o dia 31 de julho cerca de 6 milhões de estabelecimentos em
todos os 5.564 municípios. O universo a ser pesquisado é composto
por estabelecimentos agropecuários que atuam nos segmentos de agricultura,
aqüicultura, pecuária, avicultura, apicultura, sericicultura, extração
vegetal, silvicultura, beneficiamento e transformação de produtos
agropecuários. Basicamente pergunta-se qual a extensão da
sua propriedade, qual a produção agrícola da propriedade,
quando é feita a colheita, se a produção é vendida.
Na questão pecuária, qual é o seu plantel, especificando
esse plantel quantitativamente, se tem gado leiteiro qual é a quantidade
de leite produzido, se é vendido. Os censos servem para o planejamento,
para conhecer o seu perfil. É importantíssimo conhecer o que nós
produzimos, quantos somos, o que fazemos, explica Luiz Laerte Soares, recenseador
do IBGE na área do Vale do Paraíba, região nordeste do Estado
de São Paulo.
Além do censo agropecuário, o IBGE
realiza também a contagem populacional que será realizada em todos
os municípios com até 170 mil habitantes. No entanto, como em algumas
unidades da federação apenas um ou dois municípios ficariam
de fora por terem mais de 170 mil habitantes, o IBGE decidiu incluí-los
também na pesquisa. Dessa forma, a Contagem da população
será realizada em todos os municípios com até 170 mil habitantes
e em outros 21 com população acima dessa faixa, abrangendo 110 milhões
de pessoas, ou seja, em torno de 60% da população do país;
e vai pesquisar as seguintes variáveis referentes a características
da população: sexo, idade e migração. Os dois recenseamentos
estão sendo feitos em conjunto e a Contagem não será realizada
em todos os municípios por conta de limitações orçamentárias.
Outro motivo que levou o IBGE realizar o censo populacional nos municípios
com até 170 mil habitantes é o fato de que ali se concentram os
efetivos da população que interferem nos valores repassados pelo
Fundo de Participação dos Municípios. O corte em 170 mil
habitantes também foi baseado na estimativa de população
dos municípios calculados pelo IBGE em 2005 e divulgados para o ano de
2006. Dos 5.564 municípios brasileiros, 5.414 possuem menos de 170 mil
habitantes, e somados aos outros 21 que também serão pesquisados,
perfazem 5.435, representando 97% do total. Apenas 129 municípios, ou seja,
3% do total, não serão pesquisados.
Mesmo sofrendo com
falta de verbas, o Censo deste ano traz uma inovação: Ele é
o primeiro da história a ser totalmente informatizado. Os recenseadores
estão munidos de um computador de mão, também chamado de
PDA (Personal Digital Assistence), facilitando o preenchimento, evitando erros
de digitação e impedindo que os recenseadores deixem de contar um
domicílio ou contar mais de uma vez o mesmo estabelecimento, já
que ele é também provido de GPS (Global Position System), o sistema
via satélite que permite localizar com exatidão seu posicionamento
no globo terrestre: O que é importante frisar é que as informações
coletadas a partir desse censo vão ter uma velocidade muito maior porque
utilizando a tecnologia da informática nós vamos ter resultados
finais do censo em tempo recorde e com precisão, nunca visto no Brasil,
explica Laerte Soares.
O IBGE é um órgão governamental
que tem por finalidade retratar o Brasil com informações necessárias
ao conhecimento da sua realidade e ao exercício da cidadania. O importante
na entrevista é saber que o IBGE não é um órgão
fiscalizador, é um órgão que busca informações
estatísticas, então não tem porque ter medo de dar informações
ao IBGE, porque a população vai ter essas informações
em seu benefício próprio, e o Brasil vai conhecer a complexidade
e o perfil do segmento agropecuário no país, afirma Luiz Laerte
Soares. O coordenador de área do IBGE no Vale do Paraíba e do litoral
norte, Dagnaldo Alcântara Rios afirma que é conveniente receber os
recenseadores e não ter receio de responder às suas questões:
A gente gostaria de frisar que, quando o recenseador chegar nas propriedades
rurais, por causa da violência que hoje está assolando inclusive
as zonas rurais, que ele [recenseador] se identifique e que o proprietário
veja que ele está com uma vestimenta caracterizada, com uma jaqueta com
toda a identificação do IBGE, e que tem o telefone, 0800-21-81-81,
que vai identificar prontamente o recenseador para ele.
Esse Censo
é de suma importância para o Brasil e principalmente para quem vive
do campo, como esclarece Soares: Todos os trabalhos do IBGE são importantes
para a população. Ela mesma que subsidia os trabalhos do IBGE. No
caso dos censos é importante que os entrevistados dêem as informações
corretamente para o IBGE, para que ele tenha em seu benefício próprio
as informações corretas, para que a gente tenha as questões
de políticas públicas bem adequadas para o cidadão e para
o país. |